ALICE
Acordo com o barulho estridente do despertador, são 6:00 da manhã e me preparo pra ir ao trabalho. Lembro da minha chefe, uma renomada jornalista, dona de uma das opiniões mais influentes do país, e por quem eu tenho a maior admiração do mundo, porém ela suga até a ultima gota das minhas energias, pedindo que eu chegasse mais uma vez antes dela no trabalho, mas ela não me avisou que horas chegaria. Fico nervosa só de imaginar. Me preparo e saio de casa. Passo numa cafeteria e pego dois cafés, um pra mim com açúcar e leite, e um para ela puro, só de imaginar faço careta. Chego as 7:20, a única alma viva na editora, trabalho como sua assistente, e sei tudo o que acontece na revista, todos os seus compromissos e obrigações, ou seja, eu vivo pro trabalho. Acabei de concluir o curso de jornalismo e esse foi um dos motivos que me fez querer tanto esse emprego, trabalhar pra alguém que me inspira.
As 8:20 o ambiente já está lotado, aqui o clima é ótimo e eu me sinto bem, mesmo sendo a ultima a sair e a primeira a chegar. Separo sua agenda e organizo todos os futuros compromissos e reuniões. 9:00 ela chega e todo mundo finge que está trabalhando em algo, mesmo que a poucos segundos haviam rodas de conversas e gargalhadas. Dá pra ouvir os passos firmes nos saltos finos e agora sim, o meu dia realmente começa.
- Bom dia! – digo mesmo não esperando resposta
- O que temos para hoje? – Questiona Melissa Sprouse enquanto caminha em direção a sua sala. A sigo explicando todo o cronograma.
- As 10:20 temos uma reunião a respeito da nova edição de abril, as 13:00 a entrevista com as candidatas as novas colunistas, as 14:40 reunião com o ceo da construtora do mais novo maior edifício da cidade. E suas amigas, July e Sara pediram pra confirmar a presença no chá de bebê da Ana. O casamento da sua amiga Isabella também será nesse fim de semana e ela pediu pra confirmar sua presença. – Falo tudo em menos de 1 minuto e puxo o ar no fim.
- As reuniões estão confirmadas, quanto aos eventos pessoais desmarque tudo e mande um presente de 100 dolares pra cada.
Assinto e volto para minha mesa ao lado de sua sala.
HENRY
Meu dia começa cedo, me exercito e tomo um belo café da manhã antes de chegar na empresa. Sou dono de uma das maiores construtoras do país e isso toma muito do meu tempo e pensamentos. O dia vai se passando entre reuniões e diversas questões a serem resolvidas. Estou me sentindo muito entediado nessa monotonia, sou um homem que sempre procuro novas aventuras, e a mesmice definitivamente não é o meu lugar mais confortável. Ultimamente estou pensando seriamente em ampliar minhas empresas e até me aventurar em outras áreas. Mas pra isso preciso conversar com alguns dos meus consultores. No mundo dos negócios um passo em falso pode ser catastrófico, porém eu já tenho algo em mente, e acredito que será muito interessante.
As 14:40 minha secretária me informa a presença de uma importante jornalista a respeito de uma das nossas mais recentes construções, o prédio mais alto de Manhattan, aceitei falar com ela primeiramente pois sei de sua influência e responsabilidade nesse meio de cobras. Autorizo sua entrada e a recebo. Uma mulher de aparentemente 45 anos e muito elegante, com um vestido bege de corte fino e saltos altos. Ao seu lado aparece uma bela jovem, não mais que 22 anos, observo seu corpo e é muito bonito, curvilinio porem escondido por baixo de um jeans apertado e um suéter verde sem botões. Está com o cabelo preso num coque solto, o que ao menos nela, vejo que cai bem, algumas mechas ruivas se soltam na frente do seu rosto por cima dos óculos pretos, e quando presto melhor atenção a menina é linda. Os olhos castanhos médios, os lábios avermelhados ao natural, e percebo que ela não faz esforço algum pra ser bonita, simplesmente é. Enquanto se aproximam percebo que ela usa um tênis all star branco, uma roupa completa de uma universitária, minha maior indagação é o que essa moça faz ao lado de Melissa Sprouse, ela no mínimo deve ser impecável no que faz. Minha curiosidade nesse momento se aguça, por um motivo que eu desconheço.
Melissa se aproxima e aperta minha mão, num aperto firme.
- Senhor Henry, obrigada por nos receber – Fala com um sorriso simpático. – Esta é minha assistente Alice e irá me auxiliar nessa entrevista.
Alice... penso comigo, um belo nome. A menina se aproxima e me estende a mão pálida e gelada, parece estar muito nervosa, mas isso não me surpreende. Seu aperto não é tão confiante mas isso é compreensível.
- Sentem-se por favor .
Mostro as duas cadeiras a frente da minha mesa. Enquanto Melissa agradece novamente por recebe-las, a menina prepara o que penso ser um gravador e passa um tablete já com as questões para a Jornalista. A entrevista ocorre tranquilamente e logo após as duas se despedem formalmente. Melissa informa que dois fotógrafos entrariam para tirar algumas fotos para a matéria e por sorte eles não levam muito tempo.
O dia segue como o planejado e quando estou prestes a sair do escritório recebo a ligação de Daniel, um grande amigo.
- Ei, Henry. Como está?
- Cansado pra caralho, e você?
- Estou bem, faz tempo que não nos vemos, cara. Que tal sairmos na sexta? Tem um bar que eu acho que você vai gostar!
Penso em negar já que estou bastante ocupado com as questões da empresa, mas lembro que Daniel acabou de se divorciar e ele com certeza está querendo curtir um pouco a vida.
- Claro! Depois me manda a localização.
- Beleza, cara. Até mais.
Desligo e sigo até a minha casa.
ALICE
Melissa sai da sua sala e eu a sigo com tudo pronto para a entrevista, ela não costuma sair assim mas esse caso foi bem específico, eu com certeza não reclamo por que acompanha-la é sempre uma experiência maravilhosa pra mim como recém formada. Por mais que esse emprego e tome todo o meu tempo, e desde que eu entrei aqui não tive tempo para produzir nada, eu ainda estou adquirindo experiência, e isso é uma sorte no nosso meio.
O motorista dela nos leva até a empresa e durante todo o percurso ela checa todas as questões e eu termino de organizar as próximas tarefas no meu celular. Chegando no edifício seguimos pelo elevador para a cobertura, é um prédio comercial extremamente luxuoso, mas essa gente trabalha com muito dinheiro e isso não é uma surpresa pra mim.
A secretária informa nossa presença e nos leva até a porta imensa da entrada de sua sala, calculo na minha mente quantas portas poderiam ser feitas a partir daquela e depois de alguns segundos confirmo que quatro, no mínimo. Quando entro me deparo com o que no mínimo deveria ser uma escultura divina toda feita a mão pelo próprio criador, anjos cantam e harpas tocam por que eu sinceramente me sinto no céu, nem em mil anos eu estaria preparada pra tamanha beleza. Nenhum filme ou personagem de livro se comparava aquilo, e a única coisa que eu poderia sentir era raiva pois um único homem tinha roubado toda a beleza de nós meros humanos. 1,85 metros, pele clara, cabelo castanho, olhos azuis, músculos, memorizo cada detalhe do rosto, ao menos pra ter o que sonhar, por que é apenas isso que me resta.
Durante toda a entrevista ele se mostra extremamente educado e profissional, e apesar de ter passado uns 40 minutos em sua presença eu realmente não me habituei com sua beleza. Ele não me deu bola alguma, o que me é totalmente compreensível, porem vez ou outra eu percebi ele olhando pra mim, mas logo tiro isso da cabeça, pois não é nada além do habitual de seres humanos no mesmo ambiente. Eu não esperaria o contrário do que foi. Depois de terminarmos seguimos de volta a revista e as 18h saio do prédio e sigo pro meu apartamento, que divido com a minha melhor amiga, April. Quando entro em casa ela já está na cozinha preparando um sanduiche, afinal nem todos as pessoas trabalham como loucas.
- Uau, chegou cedo hoje. – April ironiza por eu sempre chegar tarde do trabalho.
- Sou quase uma mulher livre!
Ela me passa o sanduiche que estava preparando e eu me sento em frente a ela em um dos banquinhos da bancada.
- E aí como foi o dia?
- O de sempre, exceto por eu ter auxiliado Melissa na entrevista de um Deus grego.
- Sério? Quem é o cara?
- Henry Carter.
Digo e jogo seu nome no google e a apresento uma sequencia de imagens .
- Meu Deus, esse homem é um deus
Aceno com a cabeça enquanto mastigo um pedaço do meu sanduiche de frango.
- Você pelo menos deu o seu número pra ele?
- Claro por que isso seria super profissional e eu teria toda a chance do mundo com ele.
- Você se acha menos bonita do que realmente é.
Ela pisca e segue em direção ao seu quarto com o seu sanduiche na mão. Termino de comer e todo um banho quente pra conseguir relaxar diante de todas as emoções, emoções chamadas Henry Carter. Me amaldiçoou e trato de tira-lo da cabeça, sempre me coloquei no meu lugar e hoje não será diferente. Depois do meu banho sento na mesinha em meu quarto e ligo o notebook afim de terminar um artigo sobre as geriolimpiadas, uma olímpiadas de idosos que um amigo de 61 anos me apresentou. Esportes sempre me chamaram atenção e escrever sobre isso me traz uma satisfação imensa, mas já faz 6 meses e eu ainda não consegui concluir, e tudo que eu escrevo acho péssimo, então depois de algumas horas em frente ao computador sem nada de produtivo pra fazer decido me deitar e dormir, afinal amanhã será mais um longo dia no meu “quase” emprego dos sonhos.
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Vermelho Púrpura
RomancePROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS Alice Amundsem, uma jovem jornalista recém formada, vive exclusivamente para seu trabalho, e durante os longos dias de esforços conhece um empresário fora do comum, Henry Carter. Eles não entendem mas parece que a t...