OS SÓIS DE AURORA

PRÓLOGO

Os termos combinados no fim da primeira grande guerra, pelos lideres maiores, havia muito tempo, foram três. O Primeiro foi que, daquele dia em diante, todos deveriam chamar o mundo em qual viviam pelo mesmo nome, Hund'okrell. Um termo em Norteano antigo que significa: luz que anuncia o nascer do sol, ou, para os dias mais atuais, Aurora. Porque disseram "Será um novo começo para todas as raças".

O segundo termo foi: conhecer que todos os seres nascidos em Aurora teriam a dignidade de serem chamados: Aurorianos.

O terceiro, último e talvez mais importante termo dizia: De todas as raças existentes, seis seriam reconhecidas como racionais e, portanto, aptas para participarem das tomadas de decisões sobre o futuro controlável de Aurora e suas criaturas. As seis raças foram: áurios, acquanos, felianos, hollques, sardos e hiclans. Embora essa última parecesse não querer fazer parte de grupo ou decisão conjunta alguma.

Lideres se cumprimentaram, baseando o acordo feito na honra e na dignidade de cada raça. Então intitularam esse novo começo de Sh'tand Osi, "ano um". Apenas dezenove anos depois, a segunda grande guerra.

Esta outra durou somente dezesseis anos. Seis a menos que a primeira, porém todos concordavam que a violência e a quantidade de mortos excederam, e muito, a da guerra anterior. Clãs inteiros foram dizimados e uma das seis raças elegidas, os sardos, foi dada como extinta. Os hiclans, seres alados que participavam da guerra principalmente por serem aliados dos sardos, foram embora. Simp­­lesmente desapareceram.

Nenhum dos lados estava disposto a lutar mais. Então os áurios, esbeltos e quase despelados bípedes, observando o fracasso da convivência pacífica entre as raças e sabendo do credito que possuíam por terem desenvolvido o que seria a primeira escrita funcional, o Norteano antigo, e facilitando dessa maneira a comunicação entre as raças, utilizaram bem este credito propondo que fosse documentado um novo tratado o qual dividiria todo o mapa conhecido de uma maneira justa entre as quatro espécies racionais que sobraram. Tal tratado reservaria a cada uma das espécies um território com uma maior quantidade do que seria essencial ao seu povo. Talvez pelo medo de experimentarem o mesmo fim dos sardos a ideia foi bem aceita e acordada.

Levou-se quatro anos para planejar, organizar e executar o acordo. Os hollques, grandalhões de três a quatro metros de altura e pele tão grossa e dura que poderiam ser confundidos com gorilas feitos pedra, ficaram com a maior parte do sul, berço montanhoso do rio Ofah'Sho que corta grande parte da região do deserto rochoso. Os hollques deram um nome ao lugar, mas tinham uma linguagem tão peculiar quanto sua dicção os permitia expressar, pelo que o território ficou conhecido como HollqueTan, terra dos hollques. Os felianos, felinos bípedes e caçadores natos, ficaram mais a oeste onde havia grandes Florestas e densas selvas. Eles chamaram de Felron. Os acquanos, criaturas marinhas de dois a três metros e que respiravam tanto fora quanto dentro d'agua, foram para o leste, no golfo de Bisman, onde o grande rio Sun'sho desagua no mar Hardel. Deram o nome de Bisman ga'Sho. Os áurios continuaram ao norte onde havia as maiores planícies, portanto mantiveram o nome. LiniTan.

Não que todos esperassem por isso, mas a terceira grande guerra só veio estourar duzentos e quarenta e três anos depois. Não mais por territórios, intolerância racial e/ou estética apenas. Agora estavam lutando por poder.

Aparentemente o final da primeira grande guerra trouxe às raças a lição de que era melhor estarem preparadas umas para as outras, e o final da segunda os deu condições para isso. Então o que deveria ter sido mais de duzentos e quarenta anos de descanso e paz foi quase todo de tensão, invenção, preparação. Foi também a época em que suas tecnologias deram passos largos. Não só acresceram áreas de estudos em seus conhecimentos, mas também desenvolveram diversas utilidades para alguns elementos encontrados em seu mundo, como os minérios Tallgs, diferenciados dos outros não somente pela sua relativa escassez, mas também por suas, já imprescindíveis, utilidades. Meio a esses eventos e pormenores, a sede dos líderes maiores por superioridade foi alimentando a sede por informação, tecnologia, minérios, etc. O início da nova guerra foi marcada pela desconfiança entre as raças, catalisada pela busca da supremacia, supondo-se que o contrario disso fosse uma nova extinção.