ㅡ mamãe por favor não me deixa! ㅡ eu gritava incessante vezes por minha mãe, que por sua vez, permanecia parada, abraçando meu pai fortemente. ㅡ quem são essas pessoas?! Por que você está parada?!Eu gritava relutante contra esses homens de terno que tentavam me levar para um carro, mas meus braços que eram tão fracos e meu pequeno corpo não ajudavam. Minha visão estava turva, tudo o que eu ainda tentava ousar enxergar eram lágrimas.
Acordei com o rosto encharcado outra vez, mesmo depois de 11 anos eu ainda lembro desse dia conturbado, lembro das sensações de estar sendo sequestrado para ser estudado e treinado, lembro do trauma que me causou e ainda me causa todos os dias, mas entendo.
Sim, eu entendo.
Não existem escrituras na biblia falando sobre isso ou qualquer vestígios de desconfiança dos humanos sobre nós, mesmo que não temos muitas diferenças visíveis, nosso sangue tem um composto especial, apenas uma gotícula do mesmo pode trazer um humano a imortalidade. Somos como um antídoto para as impurezas que o mundo traz para a carne humana.
Eu penso que por esse e outros motivos, nossa raça é super religiosa. Prezam o casal escolhido para ser apenas um e contribuem para relações machistas ou femistas, visto que é desnecessário tais atos de imprudências, e que, ao meu ver, somos apenas humanos com um tipo sanguíneo diferente.
Eu nasci diferente deles, com uma deficiência, meu sangue é 67 porcentos mais potente que o normal, isso me levou a ser estudado e como foi comprovado, eu devo doar menos sangue que o comum que seria 4 vezes semanalmente por pessoa. Óbvio que não será doado para um ser humano, mas sim para o governo, muitos remédios são industrializados assim.
ㅡ Podemos falar com você? ㅡ o pesquisador chama abrindo a porta da cela em que eu durmo.
Levanto um pouco o rosto olhando no fundo dos olhos desse cara, eu não gosto dele, eu sei que ele tem inveja de mim, está estampado na cara desse otário quando ele faz questão de me xingar ou enfiar a porra da agulha forte demais no meu pescoço.
Não entendo o motivo disso, é uma deficiência, certo? Na minha opinião não faz sentido toda essa raiva que alguns de minha espécie tem por mim, eles são imundos, sabem o que acontece com pessoas assim. Me trouxeram aqui quando eu tinha 6 anos, me torturaram e aprisionaram, eu daria tudo para no final do dia ver meus pais, poder abraçar eles e crescer sabendo que sou amado por alguém.
Mas infelizmente eu devo sempre obedecer às ordens de todos aqui e respeita-los.
ㅡ estou indo. ㅡ afirmo me levantando e indo para o banheiro, tentando ficar aceitável no mínimo.
Me tiraram dos braços da minha mãe quando eu era muito novo, então tiveram a obrigação de me criar, tenho regras para tudo, horário de dormir e de acordar, sempre me manter limpo e arrumado, estudar todo o tempo disponível, que no caso é muito, já que eu não posso ir a escola ou simplismente sair desse laboratório, mas isso não é um problema, tenho ótimos professores daqui mesmo, e muitas pessoas trabalham aqui.
Passei pela porta da cela que no momento está aberta e sem o senhor lee *pesquisador*, me senti um pouco desconfortável ao perceber que todos estavam me olhando, digo, todos estão sempre me olhando, eu sou como um objeto de estudos aqui, mas especialmente hoje o olhar dessas pessoas estão diferentes, não sei falar o que estão sentido, nunca fui um perito nessas coisas, mas posso dizer que está diferente.
ㅡ Vejo que você já está alto e muito bonito. Sonhou com alguma pessoa nesses últimos meses? ㅡ estranhei a pergunta e a pessoa que me dirigia a palavra, só vi essa mulher uma vez, se não me engano é a responsavel por deixar as coisas aqui em ordem. Essa velha deve ter 150 anos no mínimo, olha esse rosto todo enrugado.
ㅡ Muito obrigado, não me recordo de nenhum sonho, desculpe. ㅡ tentei parecer gentil e educado mesmo achando a pergunta dela invasiva demais.
ㅡ Está tudo bem. Siga-me. ㅡ ordenou desapontada.
A segui até uma sala no final do corredor principal em silêncio, todas as pessoas ainda estavam me encarando estranho, o que me deu certa curiosidade sobre oque se tratava. Entrei na sala atrás da velha e fechei a porta, logo sentando numa poltrona estofada.
ㅡ Você está tenso? ㅡ concordei com a cabeça, mesmo sendo só curiosidade. ㅡ se soubesse sobre o que se trata o assunto de hoje ficaria muito mais que "tenso" ㅡ ouvir aquilo me fez sentir uma coisa inexplicável no meu peito, podia até jurar que ela pode escutar o barulho que meu coração está fazendo agora.
ㅡ Acredito que você já saiba que nossa espécie nasce com nosso proprio par especial que são apropriados para nós, certo? ㅡ concordei já sabendo aonde ela quer tentar chegar. ㅡ sua hora de conhecer a sua futura esposa chegou. ㅡ abri um pouco a boca para relutar sobre esse assunto, mas fui cortado no mesmo instante. ㅡ Não quero escutar mais nada vindo de você, você já tem 17 anos e no seu próximo aniversário quero te ver casado e concebendo crianças para a nossa espécie.
A velha espalmou as mãos sobre a mobília do escritório e saiu me deixando lá plantado sem nenhum tipo de reação.
Mas que merda, eu não quero sair daqui apenas para ser mais um homem casado, eu quero ter uma vida de adolescente, poder ser como aquelas pessoas de filmes.
Levantei apressado, queria mandar essa velha rabugenta ir se foder, mas a essa altura todos devem estar preparando tudo para meu casório e toda a papelada para eu sair. Senti meus olhos arderem quando cruzei a porta, todos os pesquisadores e professores estavam lá me olhando, estava estampada a felicidade em seus rostos, sabiam que eu iria sair e queriam isso, era óbvio, porque o nosso dever é se reproduzir e aumentar a população.
ㅡ Ei, você vem comigo. ㅡ olhei para meu lado esquerdo, avistando um garoto. Demorei alguns segundos tentando recordar-me dele.
"Você deve confiar nele, serão como irmãos apartir de agora." Lembrei das palavras de mamãe quando ela levou um garotinho para morar comigo quando eu era pequeno. Parecia ele, mas estava muito diferente.
ㅡ está surdo? ㅡ realmente está diferente.
ㅡ estou indo.

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The blessed blood 》kth《
FanfictionUma espécie de anjos que foram deixados por Deus na terra tinham a missão de buscar a cura para os humanos. Sendo atormentados por anos, com medo da extinção, as criaturas juntavam-se com sua destinada da terra, em busca da procriação, sendo prometi...