POV Lenora
Depois que eu neguei o beijo, Marie ficou nitidamente desconcertada. Tive que conter o riso que teimava em sair de minha boca para não denunciar minhas reais intenções. Vê-la de olhos arregalados, provavelmente questionando internamente os motivos de meu ato, era, no mínimo, estimulante. Eu havia dado a minha cartada naquele jogo e não me arrependia nem um pouco, pois a partida estava ganha. Aquela loira pagaria muito caro por ter me deixado sozinha à mercê de meus instintos, ardendo em desejo por ela.
"Ai, como eu queria arrancar esse robe e te foder bem aqui, Knabben!", pensei.
Mas eu tinha que me controlar, eu tinha que continuar me mantendo no controle da situação, ou meus planos iriam por água abaixo.
– Lenora... Eu...
– Não devia ter feito isso, Marie! - Vociferei, levantando-me do sofá e indo até onde estava a minha bolsa.
– Espera. Aonde vai?
Ela pegou em meu braço impedindo-me os movimentos. Depois de fixar o olhar em sua mão, ergui a cabeça, mirando bem dentro daquelas lindas orbes esverdeadas. Era um esforço sobrenatural estar próxima de uma mulher tão bonita e não poder investir contra seu corpo quente e voluptuoso.
"Lenora, concentre-se". Aquela frase ecoava como um mantra em minha cabeça, como se meu subconsciente estivesse tentando me convencer de que eu não poderia fraquejar naquele momento, ou melhor, em momento algum.
– Vou embora. - Eu disse pausadamente, carregando o meu tom de voz com veemência. Isso acabou por desconcertar Marie de tal forma, que a coitada afastou-se alguns centímetros imediatamente.
– Mas, por quê? Não terminamos de tomar o café.
– Não, não terminamos, mas creio que não seja conveniente prosseguirmos, tendo em vista que está claro que foi um erro ter vindo aqui.
– Porra, Lenora! O que há com você? Vem até minha casa logo cedo, cheia de sorrisos, me trazendo agradinhos, se insinuando, e quando eu me aproximo, me trata com frieza e diz que vai embora? Está brincando comigo, não está? Isso é por conta daquela noite? Isso é uma espécie de vingança? O que quer? Quer que eu lhe peça desculpas? É isso? Desculpe-me, Senhorita Suarez, por ter ido embora de sua casa. - Marie falava alto, debochada, demonstrando claros sinais de descontrole emocional; eu poderia dizer até mesmo de um "quê" de raiva.
– Está confundindo as coisas, Senhorita Knabben. - Enfatizei seu nome, como ela fez com o meu - Eu não vim aqui cheia de sorrisos e muito menos me insinuei. Quis fazer um agrado a uma cliente fiel do meu bistrô, pelo fato dela não aparecer há alguns dias. Tentei ser atenciosa e gentil, como uma forma de agradecimento pela preferência ao meu estabelecimento. Nada mais do que isso. Agora, se a senhorita pensa que, porque transamos uma vez, eu não posso lhe tratar com cordialidade, sem segundas intenções, ou que pode ir me beijando a hora que bem entender, está completamente enganada. Não funciona dessa forma. Me perdoe por ter lhe passado uma impressão errada, mas eu não sou esse tipo de mulher. Passar bem. - Virei-me, seguindo até a porta.
– Lenora, espera. Vamos conversar. Eu posso ter me precipitado e...
– Podia ser diferente, no entanto, é melhor que fiquemos assim. Tenha um bom dia.
– Nã...
Não ouvi o término de sua reclamação. Bati a porta atrás de mim e segui imediatamente para o elevador. Agradeci por ele estar parado no andar, não permitindo que algo desse errado nessa minha saída "dramática" da casa da loira. Um sorriso sarcástico formou-se em meus lábios enquanto o elevador descia silencioso. Toquei-os levemente, lembrando-me do quase beijo de poucos minutos atrás.
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O Doce Sabor da Rotina (Degustação)
RomanceMarie era uma moça comum que, mês após mês, seguia a sua rotina diária: sentar-se todas as manhãs em um café, apreciar a bebida enquanto lia obras de seus autores favoritos. No entanto, mal sabia ela que por conta de um descuido essa rotina seria qu...