7- Chloe

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"O professor de educação física continua sendo um babaca — Josh"

"Nunca gostei de filmes de ação, mas aquele que você me recomendou foi legal — Josh"

"Hoje não tá muito calor, posso ser sombrio sem suar — Josh"

"Fiz uma pintura com seus olhos ontem, tô doido pra te mostrar — Josh"

"Louise e Charlie saíram pela terceira vez essa semana, acho que estamos à deriva agora — Josh"

"Vamos num show de folk na sexta? — Josh"

"Ansioso pra te ver — Josh"

Joshua e eu nós falamos todos os dias daquela semana que se sucedeu depois de ficarmos na festa do pessoal da banda. Ele era tão legal, me fazia rir com seus comentários sobre a galera da escola, ou sobre qualquer coisa. Eu estava muito afim dele, essa era a verdade. Nem pensei em Dan e na menina que miava quando estava falando com o Josh por mensagens, ou quando ele ligava durante a noite para ouvir minha voz, porque dizia inspirar ele a pintar.

A última mensagem ele me mandou hoje de tarde, horas antes do show de folk que iríamos essa noite. Com ele, eu me sentia jovem e até impulsiva às vezes. O que destoava completamente da Chloe que eu era há uma semana atrás. Eu gostava dessa pessoa, era vibrante e animada. Me fazia bem.

— Que sorrisinho é esse? — indagou Summer, enquanto almoçamos no refeitório.

— Ah! Um amigo meu, ele é bem engraçado quando quer — contei, e bloquei o celular guardando no bolso da jaqueta. Setembro dava lugar a outubro, o calor do verão estava nos deixando.

Summer ficou falando sobre um concerto musical que a família dela adorava ir, que ela por outro lado odiava. Ela odiava muitas coisas, isso me deixava irritada às vezes. A gente não combinava como amigas, mas era a única que tinha na escola nova e sempre me passava cola nas aulas de álgebra.

O dia se arrastou, talvez porque eu estivesse ansiosa para ir ao show. Quando finalmente cheguei em casa, fui direto tomar banho e me aprontar. Josh me pegaria as sete e iríamos de metrô até o outro lado da cidade. Mia estava no trabalho. Falando em Mia, eu ainda não tinha avisado que ia sair, fiz uma nota mental para mandar uma mensagem. Eu não queria preocupa-la.

Vesti uma saia jeans, e camiseta preta justa que tinha o símbolo do pac man. Penteei os cabelos e os prendi em um coque alto, fiz maquiagem esfumando os olhos com sombra preta, e passei um batom clarinho, para o caso de rolar muitos beijos não acabar com a boca borrada. Calcei as minhas botas de cano alto, que iam até o joelhos, e esperei Josh chegar.

O sr. Ramirez me avisou assim que ele chegou, peguei meu celular, identidade e dinheiro e enfiei nos bolsos de trás da minha saia jeans. Ele estava parado na portaria, com as pernas cruzadas e o braço apoiado no balcão. Seus cabelos estavam soltos e lisos, vestia uma camiseta preta simples, calça jeans e botas também, a jaqueta de couro estava pendurada no braço. Ele sorriu quando me viu e seus olhos azuis brilharam.

— Oi — cumprimentei e ele me deu um selinho antes de pegar minha mão.

Saímos para a noite fria, eu quase me arrependi por não ter pego um agasalho, mas conforme caminhamos até a estação eu fui me aquecendo. A melhor parte era o ritmo da conversa, queríamos contar tudo e mais um pouco, apenas porque estávamos nos conhecendo.

— Eu nunca ouvi nada dessa banda — confessou quando nos acomodamos nos bancos do vagão do metrô — Meu irmão trabalha com eventos e me deu esses ingressos há algumas semanas, eu nem iria, pra falar a verdade.

— Escuto The Lumineers e Damien Rice, eu gosto — contei, me referindo a algumas referências de folk.

—Fico mais no rock clássico. Led Zeppelin, Aerosmith e Pink Floyd é claro — ele riu.

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