Capítulo 12 - A história

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  Após me recuperar, limpei as lágrimas e olhei nos olhos de Mason.

— Me desculpe por isso. Surto de adolescente... — falei e soltei uma risada sem humor.

  Ele balançou a cabeça negativamente e segurou meu rosto.

  Estava tão inerte com minha dor, que não me preocupava por estar sozinha com um menino em um lugar escuro. Minhas paranoias de estupradores e psicopatas haviam passado por um momento.

— Você está melhor? — ele perguntou, com uma voz carinhosa.

  De todas as vozes que havia ouvido de Mason aquela noite, essa foi a primeira vez que ela saia com um toque de carinho.

— Vou ficar... — respondi apenas e dei um sorriso fraco.

— Quer falar sobre?

— Não quero...

  Ele assentiu.

— Mas, eu acho que preciso...

  Ele assentiu novamente e soltou meu rosto. Acabou me abraçando de lado, o que me deu forças para começar.

— A desgraça começou há uns meses atrás. Eu conheci o Daniel em um encontro de amigos em uma pizzaria. Ele foi super gente boa e acabamos trocando nossos números.

  Mason ouvia atentamente, ainda me segurando em um abraço protetor, como se quisesse me proteger de algum mal.

— Depois de uns dias que ficamos conversando por mensagem e ligação, ele me chamou para tomar um sorvete. Encontro vai, encontro vem, acabamos ficando. Eu, trouxa como sou, já gostava dele e achava que ele pretendia me pedir em namoro. Em um dia ele foi me buscar na escola e foi super carinhoso. Segurou minha mão... — suspirei desanimada — enfim, todas essas baboseiras.

  Mason apertou mais o abraço e quando percebi já estava chorando de novo.

— Eu tinha apresentando ele para minha amiga Caroline. A menina que estava do lado dele lá. — expliquei a Mason quando ele franziu o cenho — Eu boba não percebi os olhares que rolou, mas a Jenny sim. Ela pediu para eu ficar atenta e como uma boa menina apaixonada, disse que ela estava delirando. No dia seguinte, ele estava lá na frente da escola de novo. Mas não para ir me buscar. Ele tinha ido ver Caroline. — ri sem nenhum vestígio de humor.

  Sai do abraço de Mason e encarei-o.

— Eles ficaram andando de mãos dadas, dando beijinhos um no outro e eu lá apenas olhava. Quando cheguei em casa, fui direto para meu quarto. Chorei muito, mas não coloquei tudo para fora. Karen e Jenny perguntavam se eu estava bem em questão daquilo e eu sempre mentia, dizendo que tinha superado e etc. Mas eu só escondia o que realmente sentia de todo mundo.

— E por que você não falou para elas a verdade? Por que não disse o que realmente sentia? — Mason indagou.

— Eu só não queria que elas se preocupassem comigo, mas acho que não adiantou muito... Talvez elas tenham percebido que eu estava triste e por isso ficam me levando em festa. Bom, quando eu aceito.

— Acho que não adiantou muito guardar o sofrimento só para si... — observou Mason.

  Balancei a cabeça negativamente e suspirei, recostando minha cabeça sobre a parede fria que se encontrava atrás de mim.

  Mason se levantou, sacudiu a poeira de sua calça jeans preta e me estendeu a mão.

— Não, valeu. Vou ficar aqui! — recusei a oferta de voltar a festa.

  Mason se ajoelhou a minha frente e disse:

— Você não vai deixar que aquele idiota acabe com sua noite, certo?

— É... meio que ele já acabou...

  Mason revirou os olhos.

— Por favor, não deixe um idiota te privar de curtir uma festa. Levanta daí, sacode a poeira e mostra para ele que você nunca precisou de ninguém para ser uma menina incrível!

  Sem graça, corei, e agradeci a Deus pelo local não ter luminosidade, a não ser pela fresta de luz que vinha por debaixo da porta.

  Enxuguei minhas bochechas molhadas, e tentei acalmar o ardido que queimava elas. Segurei na mão de Mason, que ainda estava estendida para mim e me levantei.

  Não seria Daniel que iria acabar com minha felicidade!

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