ready to run [l.s]

➟ one.

Era apenas o primeiro dia de Harry em Berkeley e ele já estava enfiado em um pub qualquer da cidade. Era uma noite quente e, por ser novo na cidade, ele estava sozinho e, bem, Harry nunca soube lidar direito com a solidão. Ele havia feito, naquela manhã, sua matricula no curso de Arquitetura na Universidade da Califórnia e por isso se sentia mais ansioso do que o normal naquela noite e isso se dava porque o garoto ainda não sabia se havia tomado a decisão correta. Tudo havia sido decidido as pressas, a carta de aprovação havia sido esquecida em uma gaveta qualquer até o fatídico dia – o dia em que tudo desmoronaria e ele fugiria de Holmes Chapel as pressas, se hospedaria em um hotel qualquer e acabaria ali, matriculado em um curso que não tinha certeza se queria em uma cidade estranha em um país que não era dele. Então, sim, ele estava nervoso e morrendo de medo de falhar. E Harry estava, sinceramente, cansado de falhar.

Então ele apenas respirou fundo, uma música do Two Feet vibrava pelo local e o garçom havia acabado de depositar um drink que ele não havia pedido em sua frente, indicando com o olhar um outro rapaz, sentado à alguma distancia. Styles forçou o olhar na penumbra do bar, analisando o estranho que lhe dirigira um sorriso tímido. Ele era moreno, seus cabelos eram espetados para os lados de um jeito terrivelmente charmoso, havia uma barba fechada em seu rosto e tatuagens das mais variadas formas e tamanhos espalhadas pelos seus braços e – céus – ele era terrivelmente bonito.

E Harry se sentia preparado. Ele se sentia absurdamente preparado para aquilo. Ele só queria deixar Aiden e toda aquela merda para trás. Ele precisava deixar tudo aquilo para trás, então, porque não? Não era como se ele nunca tivesse se relacionado casualmente com ninguém, pelo contrário, apesar dos seis anos em que esteve se relacionando com outra pessoa, exclusividade e fidelidade nunca foi o forte de seu ex namorado e o garoto já perdeu as contas de quantas vezes acordou na cama de desconhecidos apenas para se vingar de algo. Era triste e vazio, ele sabia disso, mas não era como se conseguisse evitar quando havia mais álcool do que sangue correndo suas veias. E Aiden merecia aquilo, merecia muito mais.

Apenas tentando tirar o passado de sua cabeça, ele levantou o copo elaborado na direção do desconhecido e deu um sorriso sacana, lascivo, como já era de seu costume, e o levou aos lábios, tomando um longo gole. A bebida desceu raspando e ele gostou da sensação. Outra musica tocava agora e nada aconteceu por algum tempo, ele apenas ficou ali, trocando alguns olhares com o rapaz charmoso e avaliando o ambiente no geral, que enchia cada vez mais. Ele sabia que a maioria daquelas pessoas eram da Universidade, já que faltavam poucos dias para que o semestre começasse e era perto demais do campus. Provavelmente um ponto de encontro entre os estudantes. Seria uma boa tentar socializar e conhecer pessoas novas, já que ele ainda estava hospedado naquele genérico quarto de hotel e não poderia ficar lá pra sempre, mas, por ora, ele só queria curtir um rock alternativo e terminar aquela bebida. A socialização, como sempre, ficaria pra mais tarde, quando a bebida já tivesse cumprido o papel em seu organismo.

Foi depois de uns quatro ou cinco shots que ele finalmente se levantou, indo até a pista de dança com um copo de cerveja na mão e já se sentindo mais alegre do que em algum tempo. O desconhecido ainda o fitava mas não fez menção de se aproximar, mas se ele se demorasse mais, Harry com certeza o faria. Mas não naquele momento, porque tocava Social Cues e ele amava demais aquela musica, ela merecia uma dança. Styles tomava longos tragos de sua cerveja gelada e se balançava no ritmo da musica quando um outro rapaz de aproximou dele por trás, praticamente gritando em seu ouvido para se sobrepor a musica alta.

— Hey, você! – E Harry se virou rapidamente, dando de cara com grandes olhos azuis, um cabelo platinado e um sorriso divertido. – Hey, hey! – Ele parecia alegre demais e agitava a cabeça no ritmo da musica, fazendo Harry sorrir porque ele tinha uma energia boa por si só.