O seu plano não envolvia aquela situação, mas lá estava James entre dois encontros, sendo um deles de sua própria namorada. E não era nem esse o encontro que o incomodava, já que ele mesmo tinha planejado a noite de Polly com outra pessoa. Não, o casal que lhe dava gasturas era o de uma mesa na direção oposta da que ele reservou naquela noite. A culpa não era dele. Ele escolheu o lugar menos frequentado por alunos de Hogwarts, em dias da semana pelo menos, e pagou por três mesas do lado mais discreto do salão - uma para o casal e as duas ao redor para dar-lhes privacidade. Ele ficaria por perto para o caso de alguém ser reconhecido mas não o bastante para prejudicar a noite. Suspirou ao tentar desviar o olhar mais uma vez de Rose, mas ela estava bem em sua direção. Talvez o rapaz estivesse secretamente desejando que ela o notasse ali.
Não seria difícil, a ruiva olhava de tempos em tempos ao redor, quase como se esperasse alguém.
O que era irônico considerando que ela estava sentada com o seu acompanhante, não tinha por quem esperar,a menos que…
James se levantou num pulo para mudar de mesa segundos antes de ouvir o barulho do "flash".
— Mas que por-
— Repórteres — Ele calou Dominique antes que ela chamasse atenção. — Não sei o que estão fazendo aqui, mas é melhor não-
— É melhor não arriscar. — A Weasley completou a fala do primo com um riso sem emoção antes de se virar para a terceira pessoa da mesa. — Se você pedir pra eu ir embora agora, eu vou. Ninguém nunca vai saber que eu estive aqui. Mas você também nunca mais vai me ver. Nem mesmo num corredor escuro ou dormitório vazio. Nunca mais. — Respirou fundo, ignorando a forma protetora que James inclinava sobre a mesa para escondê-la. — Seu tempo tá acabando, Polly
— É melhor você ir, Domi.
Dominique esperou alguns segundos, com falsas esperanças de que a outra garota mudaria de ideia, mas logo engoliu em seco e desligou para fora da mesa tal qual como havia prometido, sem ser vista por ninguém.
James puxou a namorada contra o seu corpo a tempo de ouvir o segundo flash.***
Eles estavam no Bruxo Semanal do dia seguinte.
Bom, ele apenas teria que aguentar Teddy falando como já saiu no Profeta Diário por beijar Vic enquanto James tinha que dividir a capa Bruxo Semanal com Rose e um dos Scamanders.
— Poderia ser pior. — Polly chamou sua atenção. — Mata a primeira aula comigo?
Ele respondeu com um sorriso silencioso, não seria de todo mal fugir dos comentários e olhares dos outros alunos, pelo menos por quarenta minutos.Rose teve a mesma ideia que o casal de apaixonados.
Scorpius tinha lhe ignorado desde o Salão Comunal, Elena estava outra vez perdida em seus próprios pensamentos, e Albus estava no ápice de sua ansiedade, incapaz de prestar atenção mesmo se alguém aparecer com uma melancia na cabeça. Ela fez o que tinha que fazer: tomou café da manhã lentamente, ainda com sono, recebeu o correio diário e fingiu surpresa ao receber a edição semanal da revista de fofocas do mundo bruxo. Esta última parte foi mais natural do que planejado, já que ela não esperava que fosse dividir a capa com o primo. Pensou que algum de seus amigos possa ter feito algum comentário e até que tivesse respondido alguma coisa automática, mas seus olhos não desgrudaram das imagens em sua mão pelo resto da refeição.
Não foi difícil de se esgueirar por uma passagem secreta enquanto os demais alunos seguiram para a aula de transfiguração. Tinha certeza de que Albus a cobriria se necessário, ele sempre o fazia. A passagem que conseguiu desembocava em um dos últimos becos do Vilarejo, que apesar de vazio naquele horário, não era perigoso e ainda lhe proporcionava uma boa caminhada até o destino final. Se pudesse, demoraria mais nos passos apenas para sentir a brisa leve sob a pele, mas não queria correr o risco de ser vista, ainda mais com a sua imagem estando tão fresca na mente bruxa.
A Casa dos Gritos estava vazia ainda quando ela chegou, como sempre estava. Os primos Weasley tinham tomado o lugar como seu de maneira não oficial porém respeitada por todos os outros alunos. Ninguém ousava entrar ali sem um convite formal de um deles. Por isso, Rose segurou a varinha com força quando ouviu uma risada feminina segundos depois de se ajeitar em um dos quartos. O aperto vacilou quando ouviu a segunda risada, uma que ela reconheceu muito bem.
— Esse já tá ocupado. — Rose se ouviu dizer sem identificar o barulho da própria voz assim que a porta se abriu.
James abriu a boca e continuou em silêncio.
— Desculpa. — Polly tomou a maçaneta da mão do namorado e tornou a encostar a porta. — Você não vai nem lembrar que a gente tá aqui.
A ruiva continuou sentada no chão, ouvindo os passos se afastarem em direção ao outro cômodo, considerando alguma resposta que deveria ter dado.
Ela não se esqueceu de que eles estavam a algumas paredes de distância nem mesmo quando adormeceu. Não que os dois fizessem barulho, não era esse o problema, seja lá o que o casal estivesse fazendo, fazia em silêncio. O problema na verdade estava dentro da sua cabeça. A sua maldita cabeça que resolveu imaginar como seriam as manchetes daquela manhã sem Lorcan ou Polly, apenas Rose e James. Rose e James em um jantar romântico. Em um encontro. Como um casal. Talvez tivesse até uma imagem de um beijo. Um beijo dos dois. Isso seria impossível de acontecer pois a última vez que se beijaram foi na cozinha dos Potters quando tinham apenas doze anos e ela estava certa de que não tinha nenhuma câmera por perto, só os seus pais. Fechou os olhos se permitindo voltar aquele final de tarde quatro anos antes em uma realidade em que não foram pegos e puderam continuar se beijando por muito tempo… Se beijariam até hoje.
Acordou com um feixe de luz incomodando seu rosto passando por uma das madeiras quebradas da janela. Pensou que ainda estivesse dormindo quando notou James sentado há alguns metros lendo o livro que ela trouxera para passar o tempo.
— Bom dia. — Ele saudou ao perceber que ela o observava. — Não quis te deixar sozinha aqui, mas você tava dormindo tão tranquila que eu não quis atrapalhar.
— A Polly…?
— Voltou pra segunda aula. Acho que dá tempo de correr e inventar uma desculpa se você quiser.
— Se eu quiser…?
— Pegar a segunda aula. Eu confesso que não to nem um pouco afim. Vou ficar por aqui mesmo.
— Eu também.
— Vamos faltar juntos então?
— Uma simples coincidência. — A ruiva deu os ombros, se virando de barriga para cima para fitar o teto. — Assim como a edição do Bruxo Semanal que saiu hoje.
— Coincidência. — O mais velho repetiu com descrença. — Eu tinha armado pra Domi e pra Polly terem uma noite romântica ontem. Sorte que entendi o que tava acontecendo a tempo de avisar.
— Sorte — Suspirou. — que deu tudo certo.
— Não tudo. A Domi não tá a fim de ficar fugindo e a Polly não consegue nem imaginar outra realidade para ela.
— Eu entendo a angústia das duas.
— Eu também. Só tentei ajudar dentro do possível. Acho que acabei piorando e adiantando o término delas.
— A culpa foi minha, você sabe. Eu avisei a revista que ia ter um furo da família Weasley no restaurante.
— Bom, teve dois. — Eles não conseguiram evitar as risadas, mesmo sabendo que a situação não era muito cômica. — Talvez um pouco mais de comunicação ajude da próxima vez.
— Próxima vez?
— Quando a candidatura da sua mãe for oficializada as coisas vão ficar mais intensas, não vão? Eu andei lendo algumas colunas.
— Provável que sim, — ela se virou outra vez no colchão improvisado até poder olhar outra vez para o primo. — a oposição e os indefinidos têm ideias parecidas sobre o que caracteriza um "escândalo" e isso com certeza vai ser uma das estratégias para roubar votos da minha mãe.
— E o que caracteriza um escândalo pra eles?
— Divórcio, assassinato, sei lá, esses fascistas distorcem tudo a favor deles e contra os inimigos.
— Primos?
— O que? — Rose se sentou, arrependendo-se em seguida, pois agora era obrigada a olhar diretamente para o rapaz.
— Primos. Seria considerado um escândalo contra a sua mãe?
— Provavelmente não é um tema que tá na pauta da equipe de imagem dela. — O peito da garota pesou, tornando impossível de respirar e trazendo as imagens do sonho de minutos atrás de volta a sua mente.
— Deveria. Quer dizer, nós somos muitos. O Hugo e a Lily estão sempre dando umas bitocas na frente de todo mundo quando bebem, a Molly era apaixonada pela Vic, o Fred e a Lucy com certeza já ficaram por mais que eles neguem e-
— James, — Rose achou melhor cortá-lo antes que o rapaz fosse longe demais. — por que você não vai trabalhar na campanha com a minha mãe? Ela com certeza vai achar alguma coisa pra você fazer já que tá tão interessado na candidatura dela.
— Foi mal, — Ele fechou os olhos constrangido. — só queria ser útil, parece que tem uma barra de cinquenta quilos nas suas costas.
Rose também fechou os olhos e massageou as têmporas, não queria ser grossa contra a boa vontade do primo, apenas não poderia ficar sentada ouvindo sobre como todos em sua família tinha tido o direito de viver um o seu romance entre si. Agora que ele falou aquelas palavras, ela podia de fato sentir o peso sobre os ombros a puxando para baixo, e parecia muito maior do que apenas cinquenta quilos.
— Uma massagem seria útil. — Ela comentou em voz baixa. — Sabe, pra aliviar essa barra das minhas costas.
Ele não respondeu (e ela agradeceu mentalmente por isso), apenas se levantou deixando o livro de lado e correu até o monte de espumas que ela se aninhara e se sentou em uma distância respeitosa de suas costas. Ao menos até a mão chegar ao pescoço da garota.
Se não estivesse de olhos fechados quando a tocou, James poderia afirmar com toda certeza que fagulhas saíram da pele dela em direção aos seus dedos. Isso já tinha acontecido antes, a irmã adorava dar-lhe choques quando ficava estática desse jeito, foi por isso que ele sentiu um arrepio na espinha quando começou a massageá-la. Os músculos da ruiva se aliviaram quase instantâneamente. Ainda podia sentir vários nós, mas o corpo dela se movia com leveza sob suas mãos como um imã. Ousou deslizar os dedos pela gola da camisa dela até que suas peles se encontrassem, causando outro choque, ou qualquer que fosse aquela coisa que fez ambos suspirarem.
— Se você deitar, vai ser melhor. — Somente quando a sugestão saiu dos lábios dele, eles perceberam que a distância entre eles se resumia a um fino fio de ar que impedia apenas que eles se tocassem por outras superfícies senão aquelas por onde a mão dele passeava.
Se Rose estava disposta a se deitar ou não, nenhum dos dois chegou a descobrir, pois um pio na janela os fez se afastarem por instinto junto com um grito de susto da garota até ela reconhecer o barulho usual de uma coruja (não uma câmera fotográfica ou o berro de um pai). O alívio não durou meio segundo, pois ela se deu conta que qualquer correspondência comum dos pais deveria ter chego, no mínimo, uma hora e meia antes, junto com o resto do correio.
James pareceu ler a preocupação em seu rosto e se esticou para desenroscar a carta da pata da coruja e abri-la logo em seguida após uma tentativa falha dos dedos trêmulos da prima.
Rose leu a carta em silêncio, não parecia muito longa. Quando terminou, amassou-a entre os dedos e desabou entre os braços de James, deixando com que a única distância entre eles fosse a fina camada de lágrimas vindas dela.
Ele não precisou ler para entender."Filha, o hospital acabou de ligar. O seu avô faleceu. Vamos buscar vocês dois na hora do almoço, até lá o corpo vai ser liberado. Sua mãe está triste, mas está fazendo companhia para sua avó, seu tio Harry vai me ajudar com os documentos trouxas para não incomodar as duas.
Ele vai finalmente descansar e vai cuidar do nosso bebezinho lá do outro lado.
Te amo muito.
Papai."
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Gossip Wiz // hp nova geração
FanfictionSua maior e melhor fonte sobre a vida escandalosa da Elite Bruxa. O último ano de James Sirius chega com uma mistura de abalos políticos e sociais nas sociedades trouxa e bruxa e nem ele, nem seus primos, estão a salvo dos ataques da mídia, mesmo at...