Meu Erro

Capítulo 1

Meus olhos se fixam nele, um sorriso se desenha em seus lábios, cativado pela presença da mulher ao seu lado. Parecem estar em um mundo só deles, alheios ao cenário que os cerca. A mulher, com gestos suaves, acaricia seus cabelos, inclinando-se para um beijo. Meu coração parece parar por um instante, e uma dor aguda toma conta de mim ao testemunhar o amor da minha vida entregando-se a outra pessoa. Ele envolve sua cintura com ternura, enquanto seus dedos delicadamente brincam nos fios dela. Lágrimas ameaçam escapar, meu peito se contrai em uma mistura de angústia e desespero. Tento acalmar meu coração acelerado com a palma da mão, mas é como tentar conter um furacão com os dedos.

Desde sempre, desde que entendi o significado do amor, ele tem sido o epicentro do meu mundo. Não há memória em que esse sentimento não tenha pulsado em minhas veias, moldando cada batida do meu coração. Tentei sufocá-lo, enterrá-lo fundo dentro de mim na esperança de evitar a dor, mas apenas o alimentei, e ele cresceu como uma erva daninha incontrolável, suas raízes se entrelaçando em cada fibra do meu ser.

E ali, observando-os pelo que parece durar uma eternidade, eles se afastam, sorrindo um para o outro, imersos em sua própria bolha de felicidade. Então, seus olhos encontram os meus, e por um instante, o tempo parece congelar. Esqueço-me do mundo ao redor, da presença de estranhos, até mesmo da mulher ao seu lado. Em um transe momentâneo, ele desperta, acenando para mim com um sorriso triste, como se reconhecesse a ferida que abriu em meu peito. O encanto é quebrado quando ele volta sua atenção para ela, aproximando-se e sussurrando palavras que não posso ouvir. Juntos, eles se levantam e vão em direção à saída. Cada passo que dão parece ecoar como um martelo batendo em minha alma. Tento recuar para a segurança do meu próprio mundo, para o refúgio solitário que construí ao redor do meu coração ferido. Mas mesmo lá, a dor da traição se infiltra, transformando meu santuário em ruínas. Deixando para trás o eco do meu coração partido mais uma vez.

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A casa do Gustavo vibra com música, risadas e conversas animadas, enquanto eu permaneço ali, perdida na multidão, com meu olhar fixo na porta, ansiando por sua volta. Cada minuto parece uma eternidade, e o tempo se arrasta com uma lentidão torturante. A música e as vozes se tornam um pano de fundo abafado, enquanto o desespero e a frustração se acumulam dentro de mim.

Com as mãos trêmulas, decido agir, faço um esforço consciente para me acalmar e retiro o celular do bolso. O som dos acordes da música se mistura com o zumbido do meu telefone quando digito a mensagem, cada palavra carregada de urgência.

"Preciso de você!"

Envio a mensagem, e um nó se forma em minha garganta. Espero com o coração na boca, a respiração presa, temendo que tenha sido tarde demais. Mas, quase imediatamente, meu telefone vibra com a resposta, um raio de esperança em meio ao desespero.

"Estou indo."

O alívio é quase físico, um peso que se dissolve de meus ombros. Consegui interromper a noite a tempo, e a sensação é de uma pequena vitória em meio à tempestade de emoções.

Meus olhos permanecem fixos na porta, aguardando sua chegada, enquanto minha mente trabalha freneticamente em uma desculpa plausível para justificar meu chamado.

Cada ruído que sugere a chegada de Rafael faz meu coração bater mais rápido. Finalmente, ele passa pela porta, e seus olhos encontram os meus imediatamente. Ele avança em minha direção com uma urgência que me faz prender a respiração. Cada passo é carregado de uma preocupação evidente, e quando suas mãos finalmente encontram meu rosto, é como se todo o caos ao meu redor fosse silenciado. Há uma segurança, uma proteção que ele oferece sem palavras, apenas pelo toque. Seus dedos, fortes e ao mesmo tempo gentis, seguram meu rosto com uma firmeza que contrasta com a suavidade de seus gestos.