Mil conversas naquele hospital

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Dia 9

Josh e Any entraram no ambiente e logo sentiram a tristeza pairando por ele. Passaram pelos procedimentos de sempre das recepções de hospitais e receberam o número do quarto de Linsey. Andando pelos inúmeros corredores de piso e paredes brancas, perceberam muitas pessoas carregando sorrisos nos rostos. Josh pensou na vida de cada um ali, nos problemas e motivos para estarem naquele lugar e também imaginou quais seriam as razões para os sorrisos. Talvez apenas um braço quebrado após um acidente, ou a cura de um câncer maligno, ou até mesmo a saída de um coma. Diferentemente de Any, que via os sorrisos e só conseguia pensar que Linsey, e talvez até Noah, nunca mais sorririam daquele jeito.

- Até o cheiro desse lugar exala doença e tristeza. - fui tudo que a cacheada disse.

Josh não pensava o mesmo, mas sabia, e entendia, que a amiga estava chateada, então apenas mexeu a cabeça sem emoção. Andaram até o elevador, onde apertou o botão do terceiro andar.

- Ei... - Any mexia nas mangas da blusa, nervosa. - Provavelmente o Noah vai estranhar você.

- Quê?

- É que eu não avisei ele que você ia me trazer. E tipo, você conheceu ele, sabe como ele é instável dependendo da situação. Então não fica chateado se ele te olhar meio torto.

Agora entendia o motivo pelas palavras frias de Any em relação a Noah e, depois de tudo que ela contou, não estava muito animado por ficar perto dele. Então, se necessário, voltaria para o carro para esperar por ela.

As portas metálicas do elevador se abriram e eles saíram. Andando em passos lentos, por nervosismo, Any finalmente parou em frente a porta quase inteiramente branca, exceto pelos números 329 em preto e a pequena janelinha de vidro. Ficou um tempo encarando aqueles números, não estava pronta para ver Linsey naquela cama e, mesmo que odiasse admitir, também não estava pronta para ver Noah mal outra vez.

- Eu não consigo, Josh... - Se afastou com as mãos suadas e tremendo.

- Ei, eu sei que é difícil, mas eu to aqui com você. O tempo todo. - Kyle se pocisionou em frente a ela e colocou as mãos em seus ombros, numa tentativa de acalmá-la.

Ela balançou a cabeça em concordância enquanto respirou fundo. Voltou para perto da porta e bateu logo, antes que desistisse e pedisse para que Josh a levasse de volta para casa. A resposta veio rápida, em seguida, eles tiveram o vislumbre de um Noah Urrea com os cabelos bagunçados, os olhos avermelhados e o rosto inchado.

Any e Noah apenas se encaravam, o peito de ambos subindo e descendo acelerado, sem dizer nada. Até que ele a envolveu num abraço.

- Obrigado por ter vindo - sussurrou e ela fechou os olhos, se arrepiando com a voz embargada pelo choro.

Any nada disse em resposta, apenas apertou o moletom do garoto nas mãos, aprofundando o contato. Noah enrolou um de seus cachos no dedo e ficou brincando com ele, demorando a soltá-la. Ficaram assim por, na cabeça de Josh, muitos minutos. Então, só quando quebraram o abraço, Noah percebeu a presença dele.

E como a brasileira havia comentado, Urrea franziu o cenho para ele, numa expressão de estranhamento. Não entendeu porque ele estava ali também.

- Ele veio comigo. - Any disse antes que Noah pudesse dizer algo. - Ou melhor, ele me trouxe. Eu não estava em condições de dirigir.

O americano tombou a cabeça pro lado, na dúvida do que pensar e do que fazer. Josh já estava preparado para dar meia volta quando sentiu alguém puxar sua mão. Se surpreendeu quando Noah o abraçou.

Mil Luas Ao Seu Lado | NoshOnde histórias criam vida. Descubra agora