Suiryu: A ERA DOS DRAGÕES {taekook}

reflection

O mês passou tão rápido que Jeongguk nem mesmo o percebeu.

Preso em aulas extras de esgrima, línguas e geografia, o príncipe do Inverno mal tinha tempo de responder as cartas dos amigos, que chegavam a cada semana de algum lugar do continente dos quatro países. Além disso, ainda havia os encontros em segredo com o mestre de armas Sungdo, que havia descoberto uma forma de enganar o ritual de forma que ainda funcionasse perfeitamente. E, claro, Jeongguk já havia colocado o plano de Sungdo em ação.

"Jeongguk, o mensageiro trouxe algo para você." Sua mãe disse certa tarde, uma semana antes da cerimônia de Junghyun.

Como todos os dias nos últimos tempos, seu pai e irmão estavam ausentes das refeições na sala de jantar. Sua mãe havia lhe dito que era porque Jungsik estava treinando o filho mais velho em algumas coisas antes do esperado dia, mas Jeongguk tinha suas dúvidas. Sungdo havia lhe dito que Jungsik estava preocupado com a segurança no Templo do Sul, onde aconteceria o ritual, e andava mais paranoico do que nunca. Jeongguk não sabia em quem acreditar, mas sua mãe parecia terrivelmente infeliz, então ele julgava que Sungdo estava certo.

"Ele disse de quem é, mamãe?" O menino perguntou, dando uma garfada no filé macio de peixe que comia hoje. As águas frias do Sul eram maravilhosas para certas espécies, portanto mariscos era algo que o Inverno tinha em abundância.

Ele já imaginava de quem era, mas precisava fingir que não. Felizmente sua mãe não parecia estar prestando muita atenção no filho, revirando a comida no prato com o garfo. Hyerin não tocava nem no copo cheio. Jeongguk queria abraçar a mãe, mas não tinha certeza de que isso seria bem visto por ela. Jeon Hyerin nunca havia sido a mulher mais afetuosa do mundo, apesar de nunca ter sido descuidada com os filhos também.

"Dos príncipes." Ela respondeu.

"Ah."

Jeongguk terminou de jantar silenciosamente, se recusando a erguer os olhos. Sabia que a mãe perceberia o brilho nas órbitas azuis assim que o olhasse de verdade. Ele imaginava qual seria a reação dela ao saber dos planos do filho. Será que ficaria com muita raiva? Orgulhosa? Ele esperava que ela ficasse feliz. Não sabia se suportaria o contrário.

"Terminei o jantar, mãe." Jeongguk já estava saindo da mesa quando a mãe pigarreou.

"O que é que você tanto conversa com os príncipes? Seu pai não está contente com a sua proximidade com eles." Hyerin disse, obrigando o filho a olhar para ela.

"Perdão mãe. Só conversamos sobre o que estamos fazendo durante o mês. Eles são legais." Jeongguk murmurou, querendo fugir da sala de jantar. Sabia onde essas conversas estavam indo. Sabia muito bem a direção que sua mãe estava levando. Já podia ver o jeito que ela lhe diria que seu pai não gostava da amizade dos seis e que ele estava proibido de enviar e receber cartas dos amigos. Seu coração começou a acelerar no peito.

"Bem, já que é só isso, você não vai se importar se eu der uma olhada na sua correspondência, vai?"

Ele sentiu alívio varrer o corpo todo antes de perceber que se importava. Se importava demais. Esta provavelmente era a correspondência com o pedido de Sungdo, a correspondência que o ajudaria a completar o ritual. Isso estava indo de mal a pior. Precisava dar um jeito nessa confusão, chamar Sungdo, qualquer um. Sua mãe não podia saber o que ele estava pretendendo.

"Tudo bem, mãe."

Jeongguk odiou cada segundo em que andou até o próprio quarto, onde as servas haviam colocado sua correspondência. Cada vento gelado que batia em seu corpo o fazia tremer, mas não de frio. Tremia de medo. Não devia ter feito isso, nada disso. Sungdo não parecia estar em lugar nenhum e sua mãe nem parecia perceber o nervosismo do filho, apesar de ele não estar escondendo muito bem, já que cada passo criava-se uma pegada de geada no piso de pedra dos corredores do castelo. Ele podia ver os vitrais das inúmeras janelas congelarem, mas sua mãe não via. Talvez ele pudesse usar a desatenção de Hyerin em seu bem.