Até onde você iria para descobrir um assassinato?
Após o assassinato de seus pais, Helena busca provas para descobrir quem matou sua família, já que a polícia não sabia por onde começar. Ela descobriu, só não sabia que essa investigação custaria su...
— Você bem que poderia arrumar um namorado. — Luana.
— Eu? — ri com deboche — Pra que estragar uma das melhores fases da minha vida.
— Helena você só estuda, trabalha vinte quatro por quarenta e oito do seu dia, explica pra mim, que melhor fase?
— Olha tudo o que eu já construi, tenho meu próprio carro, estou no meu último semestre da faculdade e estou quase virando editora chefe da Cailux.
— Mas ainda não tem um namorado!
— E porque a vida gira em torno disso pra você? — sorri.
Eu amava Luana, mas ela sempre me empurrava um namorado. Eu ainda não estava preparada para isso.
— Tá agora preciso desligar, te encontro na estação, não atrasa dessa vez!
— Tá bom motorista, qual o aplicativo que eu uso para saber que está chagando, Uber?
Gargalhei.
— Anda logo, estou saindo daqui cinco minutos.
Meu dia começava cedo, na verdade eu não sabia separar entre dia, tarde, noite e madrugada, pra quem dorme de três a quatro horas por dia e menos que trinta horas por semana, não faz muita diferença.
Eram cinco e quatro quando fechei a porta do quarto.
— Bom dia Helen!
— Meu Deus que susto! — me assustei derrubando minha bolsa no meio do corredor — O que está fazendo acordada?
— Precisei arrumar algumas coisas da empresa do seu pai, cheguei a poucos minutos.
— Empresa? — joguei de canto os olhos.
— Filha — deu ela um sorriso frouxo — É isso que vem sustentando a gente, você vive em um palácio na favela, não sei porque reclama.
— Que vem sustentando vocês na verdade, logo o palácio vai ficar mais espaçoso. Acho melhor colocar algo nesse forninho, meu quarto vai ficar vazio.
— Sobre isso...— ela colocou a mão sobre a barriga e deu um largo sorriso.
— V-você...vamos ter um..?
Ela riu — Sim, você vai ter um irmão, desculpa não dar isso pra você antes, talvez seja melhor você não sair de casa agora, talvez seja um sinal.
— Quem sabe essa criança não complete essa família, infelizmente ainda existem pontas extremamente soltas.
— Você soltou.
— Nunca foram alinhadas mãe, eu não aceito e nunca vou aceitar. Você tem uma faculdade, você é contadora, que dinheiro vale mais do que sua integridade? Tenho certeza que uma madeira com seu nome talhado não é tão perigoso do que ser a Dama do crime. Acorda mãe, isso um dia acaba, na cadeia ou no caixão, e em um deles eu não vou te visitar. Preciso ir, fiquei feliz pela notícia — peguei a minha bolsa e caminhei até o final do corredor até a sala, ela veio atrás — O Romero já sabe? — disse olhando para sua barriga.
— Sim, o seu pai! — ela insistia em dizer isso — já sabe, toma — ela me ofereceu algumas notas de dinheiro — Não vi você tomando café, come alguma coisa.
— Não valeu, vou tomar café com uma amiga na empresa, fica com Deus — dei um beijo em sua testa e então sai.
Meu coração apertou quando fechei a porta, talvez receber uma notícia dessas não era tão legal quando se está de barriga vazia.
Cresci com os melhores professores, as melhores roupas e sim, meu primeiro celular foi um IPhone. Minha família nunca me deixou faltar nada, absolutamente nada, porém, o estilo de vida deles me assustava.
Meu pai era um dos maiores traficantes do meu bairro e de longe eu não aprovava isso. Ele sempre dizia que um dia todo aquele império seria meu e que eu deveria me preparar mas, eu não sonhava com o crime.
Vi inúmeros amigos da minha infância entrar nesta vida e nunca mais sair, ou saíram sim, mortos. Desde sempre corria atrás das minhas coisas e do meu alicerce, não queria depender do crime.
Todos os dias eu fazia o mesmo percurso, da minha casa até a estação no centro da cidade para pegar Luana e depois íamos para a empresa.
— Falei para estar aqui no horário! — Disse ajudando Luana a colocar as coisas no banco de trás do carro.
— Bom dia Helena! — debochou ela — Você demorou então fui comprar um cigarro.
— Me salvou, já ascende um pra gente, minha manhã está sendo mais estranha do que eu imaginei.
— Seu pai de novo? O que foi dessa vez, a polícia batendo na sua porta pra pegar dinheiro, uma das festas semanais que ele faz ou eles foram assassinados?
— Luana!
— O que foi? A gente espera esse tipo de coisa quando se vive nessa vida, fala ai — ela deu uma pausa para ascender o cigarro — O que foi dessa vez?
— Primeiro já conversamos sobre esse adjetivo, sabe que não sou filha dele.
— É sim, só não admite, desembucha logo.
— Minha mãe — traguei o fumo — Ela tá grávida.
— Grávida? Tá de sacanagem, é do seu pai?
— Romero Luana, Romero! E sim, que pergunta é essa?
— E porque isso seria ruim? Não é aquilo que você queria?
— Sim, mas não agora, vou sair de casa daqui cinco messes.
— Vai deixar uma criança crescer na mão deles?
— Olha, eu fui criada muito bem, não tenho o que reclamar, na verdade nunca me faltou nada, mas, fico triste em saber que um dos meus maiores sonhos de infância vai acontecer agora, logo agora que vou sair de casa.
— Ainda vai ver eles, não vai se mudar de país.
— Na verdade esse não era bem meu foco.
Eu não odeio minha família, talvez o Romero, mas a minha mãe não. Minha família nunca me teve e eu também nunca os tive, a cinco messes eu estaria livre daquele lugar, daquele cheiro de droga, daquela vida, daquela família. Um passo da vida que eu sempre quis, um passo para minha própria casa.
Eu costumava listar meus desejos quando pequena, ainda tenho a lista atrás da porta do meu quarto. Primeiramente arrumar um excelente emprego, comprar um carro para ir para faculdade e ter a minha própria casa, eu já tinha tudo isso, faltava só um pouco para eu estar no meu tão sonhado apartamento.
Eu tinha a sorte/azar de trabalhar colada mesa a mesa com Luana, na verdade ela era minha parceira para tudo, nossa amizade só não superava a de Márcia, minha melhor amiga de infância.
Nosso shop está confirmado pra essa noite não é? Tenha um ótimo dia amiga, te amo. — Márcia.
O que eu não tive em casa, achei na rua com Luana e Márcia.
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Pessoal o que acharam do primeiro capítulo? Espero que gostem desse novo livro, minha primeira obra no quesito Suspense, sim estou ansiosa pelos comentários de vocês, então já sabem né?
