Irmãos

Eu só queria ir pra casa

Se tinha algo que Shoto odiava era, sem sombra de dúvidas, seu pai.

Não era fácil ser filho único de um pai tão rigoroso, ainda mais depois que o mesmo ficara viúvo; as coisas só pioraram, seu pai era horrível cozinhando ou fazendo com qualquer tipo de coisa doméstica. Logo, tudo sobrava para si. E claro, tudo pode melhorar, mas não consigo. Tudo sempre piorava, já que era de sua vida que estamos falando.

O seu pai era musculuso e intimidador; se já não bastasse isso, havia arrumado um namorado e... era passivo. Aquilo havia sido demais para seu coração, virara quase um trauma para si. Ainda mais pelo namorado ser tão forte quanto o próprio pai, aquilo era muito bara para si. Não tinha problema nenhum em ver o pai como passivo, mas seu pai era tão insuportável que bem... ele não conseguia imaginar ele por baixo.

Tinha pesadelos as vezes, ficava distante nas aulas. Odiava ser gay e saber o que significava bara.

Bara: Homens fortes e grandes. Usado para a categoria yaoi. Não que seu significado seja correto, mas por algum motivo, todas as coisas relacionadas a bara, são de homens fortes e grandes.

Enfim, Shoto não entendia, mas também associava a caras grandes e músculos.

O namorado de seu pai também possuía um filho e era viúvo. Talvez havia algum tipo de poder cósmico, onde pais solteiros e viúvos tivessem filhos ─ provavelmente gays? ─ tinha conhecido Izuku nessa aproximação entre os pais; era um rapaz legal e mais velho que Shoto. Enquanto estava no último ano do ensino médio, seu novo ''irmão'' estava no 3º ano da faculdade de medicina.

Não sabiam qual sobrenome iam manter, isso se fossem mudar alguma coisa. Izuku tinha o sobrenome da mãe, não o de seu pai. Enquanto Shoto era ao contrário, então discutir com qual nome eles ficariam no final, deixaria tudo mais complicado. Então, resolveram entre si adicionar o sobrenome "Midoriya" no final dos Todoroki, mas Shoto ainda preferia ser chamado pelo seu sobrenome antigo, para não se confundir em casa ou na escola.

Mas no momento, esse não era um dos maiores problemas do caro aluno do 3º, e sim o fato que seu pai mandara uma linda mensagem para seu celular: "Não volte para casa, estou namorando". Shoto quis vomitar ao ler aquilo, tentou muito não pensar em seu pai... aquilo era péssimo. Tinha até batido sua cabeça algumas vezes na mesa, fazendo com que alguns alunos o encarassem estranho.

Sua reputação já não importava mais, sempre fora o garoto frio sem expressões, que por algum motivo, fazia um enorme sucesso com as garotas. Não entendi as mulheres, afinal, como poderia ser bom ser ignorada por um homem? Então, tentava, e muito, conseguir manter seu jeito frio e indiferente, mas desde o namoro de seu pai e a amizade que tivera com Izuku, as coisas na vida do rapaz tinham mudado muito.

Para começar, ficara sabendo que alguns anos atrás, Izuku era um rebelde sem causa, praticamente dono do bairro e podia ser considerado um Yakuza, pelo seu poder. Entretanto, pela morte da mãe por um erro médico, ele mudara completamente. Se dedicou aos estudos afins de virar um ótimo médico, assim nenhuma outra pessoa passaria pelo o que ele passou. Uma atitude bem diferente do que todos esperavam de si. Seu pai, nunca julgou suas ações anteriores como um rebelde, ele não ligava de o filho colocar alguns delinquentes em seu devido lugar. Só não tolerava nenhum tipo de agressão a inocentes ou algo muito mais sério, como armas e drogas.

Shoto tinha que concordar que Izuku era completamente gostoso naquela época, não que ele ainda não fosse. Só que Shoto não conseguia ter nenhum tipo de tesão ou excitação com o mais velho, o laço que tinham criado fazia com que fosse impossível tal sentimento. Já se consideravam irmãos e possuíam um ótimo relacionamento.