BRÁS CUBAS
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O galo parecia ser seu fã número um. Sempre. SEMPRE. Brás Cubas jurava, o animal escolhia sua janela para anunciar o começo do dia. Isso se alguém considerasse cinco da manhã dia. Resmungou amaldiçoando o penudo e cobriu sua cabeça com o travesseiro em vão; Helena já cantarolava pela escada, o que era praticamente um aviso: acorde por conta ou vou te acordar. CHATA. Passou as mãos pelos cabelos recém raspados enquanto sentava na beira da cama ouvindo o chão de madeira ranger ao seu peso.
Nunca abria a janela ou arrumava a cama, era de praxe acordar no seu pior humor, a luz do sol entrando pelas frestas deixava tudo pior de alguma forma. Cheirou a camiseta preta pousada em cima da cadeira. limpa. vestiu-a.
— Esse é o problema de ter poucos dias de folga. Não consigo manter meus contatinhos. — Bufou Borba irrompendo no quarto com o celular em mãos. Para um rapaz atraente em seus trinta e tantos anos, parecia agir como um adolescente.
— O problema maior é a chefe descobrir que você tá com esse celular. A gente não deveria ter entregado todos os aparelhos eletrônicos? — Cubas cruzou os braços em frente ao peito, considerando que vestia apenas a camiseta preta e uma boxer de mesma cor, tratou de puxar o moreno pela gola da polo branca e expulsá-lo sem nenhuma cerimônia de seu quarto. — Da próxima vez faça o favor de bater. — Repetiu, talvez, pela décima vez só naquele mês; as coisas não iriam mudar.
Brás Cubas era um rapaz um tanto urbano, a decisão de mudar a sede para o interior, longe da vista de curiosos não lhe agradou em nada no começo e continuava não agradando. O porão da casa era todo equipado, aliás, porão é pouco; havia ali uma rede de operações gigante no subsolo, mas fora isso viviam na velha casa de madeira. Claro que Machado não estava ali com eles, podia afirmar que uma mulher daqueles pertencia a uma cobertura de vidro em São Paulo. Ao menos era o que gostava de imaginar, certeza de sua localização ninguém tinha.
Saiu do quarto e desceu as escadas que assim como o chão de ser quarto, rangia. Todos já estavam na mesa do café, o pote de margarina rolava de um lado para o outro e por um minuto imaginou um daqueles comerciais em que a família feliz reunia-se em torno da mesa, o problema vinha depois que as câmeras eram desligadas. Cumprimentou-os com um aceno de cabeça simplesmente.
— Bom dia pra você também. — Capitu levantou os olhos escuros por trás do livro que Cubas não conseguia identificar por estar em francês, na falta de resposta a morena arqueou a sobrancelha de maneira acusatória. — Já sabemos quem será a pessoa mais difícil de lidar aqui. — Não que a mulher precisasse de validação, a simples presença dela mostrava sua confiança e a dava um ar de poder absoluto. Ela era quem mais lembrava a chefia, não só pela aparência, mas pelo modo de agir, se a idade fosse menor, Brás Cubas suspeitaria que a mesma era filha de Machado.
— Se esperarem que todo dia eu desça as escadas dando bom-dia, cantarolando e brincando com os animais... vamos ter muitas discussões.
— Isso é uma referência à Branca de Neve? — Esaú jogou no ar para o contentamento dos outros que não o dono do mau humor. — Ela faz... Ela faz bem isso... ela canta e os animais vem, mas não acho que funcione na vida real.
Brás Cubas até abriu a boca para responder, porém acabou desistindo. O garoto magrelo parecia meio fora do ar, não adiantava argumentar.
— O que temos que fazer hoje? Impedir que alguém assassine o presidente? Destruir a máfia italiana?
— Tratar as galinhas. — Helena respondeu com calma e sorriu. — Nem todo dia você vai invocar o 007.
Por mais que não gostasse da ambientação, Cubas saiu para conferir o local. Apesar da casa que ficava visível ser simples, a fazenda era grande, conseguiu avistar outras duas construções que julgava ser o celeiro e o aviário. Vacas em um cercado, cavalos em outro. Balançou a cabeça negativamente. Não era nada do que imaginava para a vida de um espião. Muito Chico Bento e pouco glamour.
— Ei! — Franziu o cenho para o cachorro que se aproximou repentinamente e começou a morder a barra de sua calça, quando puxava a perna para o lado o cachorro firme em sua missão de atrapalhar vinha junto. — Vai com os outros, não vamos ser amigos. — Segurou o pequeno pela nuca trazendo-o à altura dos olhos, parecia um labrador ou um golden, não saberia diferenciar e certamente era um macho. — Vou te chamar de Chato. — Colocou o animal no chão outra vez que logo voltou para sua atividade de mastigar jeans.
— Cubas? — Quincas Borba apareceu ali e o arregalar de olhos na direção do filhote foi imediato, demorou um segundo para sentar no chão e puxar o cachorro para o seu colo falando em uma língua de bebê incompreensível. Demorou-se nisso, em palavras infantilizadas ou inaudíveis. Brás quis sair de perto, como aquele cara estava em todos os lugares ao mesmo tempo? Paz não parecia ser uma opção. Quando ameaçou sair de perto, o babão levantou de imediato. — Espera, vim avisar que temos uma missão.
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CONSIDERAÇÕES
✧ Eu sei que está curto, mas ainda estou em fase de testes. Desisti por um tempo, agora resolvi continuar pra ver no que dá.
✧ Tem algum personagem que gostariam de ver sendo explorado depois?
✧ E como sempre, aceito sugestões, reclamações e tudo mais.
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𝗠𝗔𝗖𝗛𝗔𝗗𝗢: serviço secreto
Diversos"Personagens de Machado?" "E por que não?" Indagou Capitu com um sorriso impossível de contrariar. A fama da agência KINGSMAN entre os serviços secretos lhe persegue, nada mais justo considerando que salvaram o mundo. Mas a onda de mortes estranhas...