Existem poucos focos de felicidade durante a vida de certas pessoas, que só não tiveram a sorte de nascer em um meio provido de amor, sempre me perguntei o por que de o mundo ser tão rígido, o por que de existirem realidades tão diferentes entre nós, enquanto um sonha em ter o amor de um pai por exemplo, inúmeras pessoas que o tem ignoram esse amor, realidades... é realmente muito louco pararmos para pensar que vivemos todos em um mesmo mundo, mas que na verdade cada um vive no seu, por sorte minha eu me encontrei no dela, desde criança já tinha meus "devaneios" até hoje não sei ao certo se sou louco ou apenas diferente, mas graças a isso eu à conheci, 7 anos de idade eu tinha quando fui até aquele jardim, a grama era lisa e macia, e o lugar era vasto cheio de flores amarelas e rosadas, ao longe uma silhueta sentava sob uma toalha azul na grama, me aproximei e foi a primeira vez que eu a vi, ela tinha um cabelo negro era tão lindo e liso que refletia a luz do sol, uma mecha dourada descia por seu rosto, seus olhos castanhos me fitavam tão intensamente que acabei ficando sem jeito, uma coisa na qual é importante dizer, quando entro em uma "jornada" minha mente não parece ter as limitações nas quais tenho aqui, eu me entendia fisicamente como um garoto de 7 anos, porém minha inteligência e entendimento eram superiores naquele momento.
- Sente-se o sol já vai se por!
Ela me disse virando os olhos na direção do horizonte.
Me sentei ao lado dela, nunca me esqueço a primeira vez que senti aquele cheiro, não tenho explicação para isso mas era um cheiro "rosa".
- Você me conhece ? Perguntei
- William , um dia você entenderá, que as interrogações São barreiras que criamos em nossas mentes, e que "comos" e "por quês" são mais sem sentido do que usá-los para querer ter sentido. Agora sinta!
Definitivamente não tenho descrição para o que senti, só quis me sentar e olhar na direção do horizonte, enquanto fitava o sol descendo do céu uma euforia me tomava por dentro a paz sondava minha mente.
Horas se passaram em segundos e a paz dominava meu coração, porém o sol tocou o fundo do horizonte e eu acordei.
Pessoas me rodeavam parece que eu havia caído e batido a cabeça, ainda me sentia tonto e desnorteado, porém não liguei para isso, afinal minha infantilidade deve ter me feito esquecer, mas hoje me lembro, e me lembro detalhadamente, ainda bem.
A segunda vez que eu a vi foi aos 19 anos, até ali tive várias "jornadas" malucas e estranhas, algumas até traumáticas, mas queria encontrá-la novamente, comecei a tomar remédios para me ajudar a perder a consciência e voltar para aquele "lugar" onde quer que fosse.
Enfim cheguei, desta vez foi diferente, eu tinha 7 anos novamente eu andava por uma estrada de terra que serpenteava em meio à uma mata densa, conforme eu andava sentia meu corpo crescer, até que em uma encruzilhada eu a avistei, ela estava diferente, mais alta, mais sorridente, usava um vestido amarelo e um colar com um coração, ela me estendeu a mão e seguimos em frente, enquanto caminhávamos ela encontrou a cabeça em meus ombros e cantarolou durante um longo caminho, e... sim isso é loucura, mas se você leu até aqui é por que assim como eu quer encontrar um sentido em tudo isso...
então nós envelhecemos e morremos enquanto caminhávamos, ao redor várias pessoas passavam por nós e a paisagem mudava de forma, porém eu nada percebia, minha atenção era inteiramente nela, foi então que percebi que tudo estava acabando, de repente perdemos o ritmo e estávamos enrugados e os olhos iam fechando.
Enquanto perdíamos a consciência e nosso corpo se degradava com a falta de energia eu tentava balbuciar algo:
-no... no... nom... nome...
Ela então abriu minha mão e despejou sobre ela uma flor, uma flor de calmaria que me deixou leve e sem dor uma flor de Jasmin, e sem nenhuma palavra ela me disse ao desaparecer o nome da única mulher que amei, e assim finalmente eu também parti. acordei estarrecido ao lado da cama, minha mente ainda tentava se encontrar entre a realidade e a lembrança, olhei para a pilha de remédios que meus pais me obrigavam a tomar caída por cima do tapete, recobrei a consciência sobre onde estava respirei fundo buscando um alívio igual ao que havia sentido à pouco, porém nada conseguia me saciar, desde então me foquei em conseguir me conectar novamente com aquele "além" onde eu conhecia o medo e a dor, mas também conhecia a alegria e o amor.
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journey
Mystery / Thrilleruma jornada envolta em trevas e luz onde o descrente encontra-se diante de suas lamentações, e seus medos, qual o caminho correto para se percorrer? o que é o bem? o que são as trevas? quem realmente está do lado certo?