- [🦋] Single chapter

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Hello, darlings!

Bom, essa não é minha primeira obra, mas é a primeira que eu me senti bem em trazer para o whatppad. Espero que goste e não esqueça de deixar um voto para me encorajar a trazer mais de minhas obras para o app!♥️

 Espero que goste e não esqueça de deixar um voto para me encorajar a trazer mais de minhas obras para o app!♥️

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   Eu via as gotas da chuva caindo durante todo aquele dia. Eram fracas, mas caiam incessavelmente, dando a entender que aquele tempo nublado com a chuva fraca que ia e vinha prevaleceria por longos dias. E durante aquela manhã, eu me pegava observando a cidade por debaixo daquele guarda-chuva, caminhando a passos demorados e estratégicos diante das poças d'água que surgiam ao longo do caminho. Sobre meus ouvidos tocava a melodia de if i ain't got you, o que era estranho pois nem eu mesmo sabia que admirava tal canção, na verdade eu não sabia de muitas coisas desde que o vento que trazia a chuva me trouxe um furacão de confusões; e ele vinha sobre pares de íris azuladas e madeixas escuras como a noite.

   Seria uma cena muito clichê: um parisiense, andando sobre as calçadas com um de seus grandes casacos e um guarda-chuva, criando aquela tela que podemos ver, ouvir e sentir. Caminhar pelas ruas frias e sem vida que eram durante o inverno me era comum, por mais entediante que fosse me trazia uma sensação boa. Mesmo que não fosse tudo da maneira como eu costumava descrever. Talvez eu estivesse exagerando, mas o que é um artista sem seu leve e doce de drama, não é mesmo? Afinal a arte tem uma manifestação crítica em determinados aspectos, mas as minhas telas não tem a essência do que eu procuro; elas não tem o seu brilho, brilho este que tinta ou pincel nenhum pode registrar.

   Não era como se eu já não tivesse percebido a confusão que você me causa, mas o que mais poderia fazer? Não cometia infantilidades como anotar seu nome nas folhas de meus cadernos ou me imaginar em um futuro distante onde estaríamos juntos em uma família feliz e padrão, ambos sabemos que não nascemos para isso. Pois sempre em dias ensolarados, você me dizia como seria bom ter a liberdade de voar sobre todos os padrões e imagens perfeitas que te cercam; e eu vivo tudo isso em minha mente, desde o momento em que você abre suas asas, desliza sobre o vento e pousa sobre os meus braços para, mais uma vez, contar sobre as aventuras. Bem, é como eu disse, o que é um artista sem exagero? Talvez eu tenha sonhado acordado durante a noite serena em que aquela ligação se estendeu para que você me viesse sobre suas asas narrar como fora aquele dia no qual ganhará mais um de seus preciosos prêmios de competições de dança que lhe enchiam todo o ego, eu sempre soube que você gostava de ter todo prestígio, por mais humilde que fosse nesse momento. E cá estou, novamente, me perdendo em detalhes do teu ser tão avulso, mas eu gostaria imensamente de não lhe reparar tanto.

   Mesmo distraído com minha própria mente me levando a ti, não me deixei perder o foco na caminhada que fazia até aquele pequeno apartamento que morava a três pequenos meses, lembro-me de que você viera apenas para falar do quão independente eu estava me tornando e caçoar de mim como sempre fazia, mesmo deixando brechas para que eu ganhasse a pequena discussão irônica que se formava entre nós. Lembro bem de que dormira sobre o sofá largo que, a muito custo, colocamos naquela sala pequena e aconchegante, que agora mais está como um ateliê repleto de tintas espalhadas pelo local, mas quer saber? Valia cada mísera gota usada durante aqueles dias, pois enquanto eu me livrava do casaco e dos fones para então colocar aquela tela sobre o cavalo e a apreciar, eu não esperava que a reviravolta batesse a porta, ou melhor, já tivesse entrado sem que eu notasse:

— Está explicado o motivo de eu me ver em cada canto dessa sala! – você disse, fazendo com que eu caísse a beira de um colapso devido ao susto, apenas para rir logo depois. – Antes que pergunte, sim, eu estou aqui a bastante tempo e, por céus, você demora muito indo comprar seus pincéis.

— Onde eu estava com a cabeça quando te dei essa maldita cópia da chave. – você riu, rodando-a sobre o indicador presa a um chaveiro de um tomate. – e eu p-posso explicar a pint-

— A quanto tempo você tem me pintado? – aquela pergunta acelerou meu coração, devo confessar, o longo suspiro que dei foi tempo o suficiente para que você se sentasse a minha frente no chão de madeira escura e bem cuidada daquele local, só então, vi o quão bela estava a sua imagem.

   Os cabelos negros soltos e insolitamente mais longos sobre o rosto, a calça de moletom cinza e a blusa larga azul, tão parecida com os diamantes de suas iris, os pés descalços e os braceletes. Juraria ter visto as asas longas e libertas, como se descansassem após um vôo longo e bem-afortunado; e eu sabia que estaria diante de mais uma história.

— Venho fazendo essa pintura desde o começo do inverno, três longas semanas, mas essa é minha melhor criação.

— Realmente... eu me vejo bem melhor do que em um espelho. – comentou enquanto olhava para a pintura, seguindo seu ato, eu lhe admirava mais uma vez.

   Ali você voava, ao fundo, distante de ti que alcançava as nuvens, paris nunca esteve tão colorida, suas asas se abriam em meio ao por do sol já enfeitado com a luz de poucas estrelas e, sobre as diversas aves espalhadas a sua volta, o vermelho vibrante cercava toda e qualquer cor que havia usado naquele quadro, como se eu estivesse ali, fazendo parte do seu ser. Você nunca esteve tão livre e eu nunca me senti tão cheio de sensações, é o que eu diria se me perguntassem o sentido daquilo.

— Você sabe que não precisamos de todo aquele discurso. Sabemos o que acontece, eu sei das tuas inseguranças e os olhares felizes de quando eu aparecia aqui pra te perturbar. – eu ri, junto da sua risada fraca, mesmo que o coração transbordasse ansiedade diante do que eu sabia estar por vir. – Mas você pode voar comigo se não estiver com medo.

   E então, enquanto você passava as mãos pelos meus cabelos e olhava profundamente em meus olhos, eu suspirava, finalmente estava diante de meus sonhos; afinal, talvez eu ainda carregasse o ato infantil de me imaginar ao seu lado, não em uma casa com filhos e uma vida normal, mas diante de tuas asas voando sobre todos, alcançando nuvens e vivendo suas aventuras, marcando cada segundo como nosso.

— Como ter medo? Basta uma tela e os seus olhos que eu me sinto disposto a tudo, Noah. – eu sorrio, vendo o seu sorriso que logo após foi se aproximando devagar e as mãos nervosas ansiavam por contato aos fios negros.

   E enquanto a chuva fina e o vento gélido lá fora prevaleciam, eu me sentia quente, coberto por suas asas que me levavam para uma aventura.

   Daquele dia em diante, nós viviamos as aventuras juntos. E ao voltar, as tintas iriam marcar mais uma vez aquele sonho que, agora, se moldava real.

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É isso! foi pequena, mas com muito carinho. Adios!

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