final

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Era uma tarde de quarta-feira, e Richie acabara de escrever mais uma de suas cantadas em seu caderno. Contudo, o boca suja pensava: "até onde isso vai? Vou ficar aqui, escrevendo essas cantadas, e nunca vou usá-las? Tá na hora". Richie respirou fundo, fechou o caderno, colocando-o debaixo do braço, foi até sua bicicleta e pedalou até a casa de um certo garoto.

Nervoso, porém confiante, Tozier tocou a campainha. Na verdade, teve que tocar duas vezes até que uma voz feminina gritou um "já vai!" e, minutos depois, Sonia Kaspbrak atendeu a porta.

─ Oi, tia Sonia. O Eddie está?

─ Richard! Quanto tempo! Ele está sim, querido. Vou chamar ele agora mesmo. ─ a mulher se aproximou da escada. ─ Eddie, querido! Você tem visita!

Em alguns segundos, Eddie apareceu descendo a escada sem pressa, mas quando viu a figura de Richie parada na porta, foi correndo até o mesmo - quase tropeçando no último degrau, o que fez o boca suja soltar um riso anasalado - e o abraçou fortemente. Richie ficou sem reação.

─ Eu senti saudade. ─ Eddie disse baixinho, encostando sua bochecha no peito de Tozier, que retribuiu o abraço. Mas Eddie se afastou do mais alto logo em seguida. ─ O que te traz aqui?

Richie não sabia o que dizer. Ele realmente havia criado coragem para finalmente cantar Eddie e confessar o que sentia pelo garoto. Mas naquele momento, na frente de Kaspbrak, nada saia da boca de Richie se não fosse alguns murmúrios. O menor percebeu o caderno debaixo do braço de Richie. ─ O que é isso aí?

─ Quê? ─ as bochechas de Tozier ganharam um tom rubro vivo ao perceber que Kaspbrak se referia ao seu caderno, e tratou de levá-lo para trás de seu corpo. ─ Nad-da.

─ Fala sério, deixa eu ver! ─ Kaspbrak se aproximou de Richie, que tentou á todo custo não deixar que o pequeno pegasse o caderno, mas Eddie foi mais rápido e em alguns segundos já folheava o caderno.

─ Eddie, por favor, devolve... ─ Richie pediu, manhoso, mas Eddie não prestou atenção no que o garoto disse. Seu foco agora eram as frases escritas no caderno, fora os rabiscos e desenhos nas folhas do mesmo. Eddie deduziu que eram desenhos dele mesmo por conta dos traços, que eram super parecidos com os seus, incluindo o desenho de uma bunda que havia em uma das páginas - Richie vivia dizendo que Kaspbrak tem uma bunda e tanto - com vários "brilhos" ao redor.

Eddie sentiu todo seu sangue subir para suas bochechas, e Richie estava completamente envergonhado, tinha certeza de que Eddie o odiaria pra sempre. Tozier resolveu tomar o caderno das mãos de Kaspbrak num ato rápido, murmurou um singelo "me desculpa" e saiu correndo até sua bicicleta, suas mãos tremiam de nervoso. Mas o rapaz escutou pequenos passos vindo em sua direção, o que o fez apertar os olhos, segurando as lágrimas que insistiam em escapar de seus olhos.

─ Espera, Richie! ─ o menor disse enquanto ainda corria, parando próximo á Tozier, que se virou em sua direção.

─ Me desculpa, Eddie. É sério, me desculpa. Eu não deveria ter escrito nada disso, isso acabou com tudo. Eu só... ─ Richie puxou o ar com força pelas narinas. ─ Me desculpa. Se você não quiser nunca mais falar comigo, eu vou enten- ─ o garoto foi interrompido por Eddie, que rapidamente ficou na pontinha dos pés e esmagou seus lábios nos de Tozier.

Richie arregalou levemente os olhos, estava realmente surpreso. Não esperava essa reação de Eddie, na verdade pensou que o menor o odiaria por desenhar sua bunda secretamente.

Os dois garotos permaneceram apenas com os lábios colados por alguns segundos, antes de Eddie se afastar e olhar nos olhos de Richie, que possuíam um brilho inexplicável, tanto pelo fato de que ele podia apreciar a beleza do pequeno mais de perto, quanto pelo fato de que ele finalmente beijou o garoto que gostava.

E, sem hesitar, Eddie novamente juntou seus lábios aos de Tozier, mas dessa vez o menor pediu passagem para a língua, o que surpreendeu Richie; o menor realmente beijava muito bem, considerando que era o seu primeiro beijo. Richie deslizou suas mãos na silhueta de Kaspbrak e as pairou em sua cintura , depositando leves apertos na mesma, enquanto Eddie pousou suas pequenas mãos na nuca de Richie.

Os garotos continuaram trocando carícias por mais alguns segundos, até que a maldita necessidade de oxigênio em seus pulmões os obrigou a quebrar o beijo. Ambos estavam ofegantes, e Richie encostou sua testa na de Eddie, que fechou os olhos, dando á Tozier a oportunidade de admirar seus detalhes por alguns segundos; suas sardas espalhadas pelas suas cheias e macias bochechas, seu nariz arrebitado e sua boca entreaberta que estava ainda mais carnuda e vermelha por conta do beijo. Eddie sorriu. Richie sentiu seu coração, acelerado, se aquecer com a cena.

─ Posso te pedir uma coisa...? ─ Eddie murmurou.

─ Qualquer coisa, pequeno. ─ Richie respondeu.

─ Me dá uma daquelas cantadas do seu caderno. ─ Eddie permaneceu de olhos fechados e corou levemente, com vergonha de seu próprio pedido. Richie engoliu seco.

─ Tá bem... ─ o maior pensou. ─ Você por acaso se chama fertilizante? Porque você fez o pepino da minha horta crescer... ─ o mesmo disse, rindo e levando um tapa forte no braço. ─ Ai, agressivo!

─ Uma cantada bonitinha, Richie! ─ Eddie disse, manhoso.

─ Eds, você deve estar bem cansado, né? Porque passeou na minha cabeça o dia inteiro. ─ Richie disse e sorriu contra os fios de Eddie, depositando um beijo demorado no topo da cabeça do mesmo, que se arrepiou tanto com a cantada quanto com o carinho.

─ Não me chama de Eds. ─ o pequeno resmungou. ─ E... essa cantada até que me convenceu. ─ Eddie fingiu que não se derreteu pelas palavras de Richie.

─ Vai dizer, Eds, eu sou um verdadeiro galanteador gostoso, não sou? ─ Richie disse e arqueou uma sobrancelha, convencido.

─ O gostoso aqui sou eu. ─ Richie arregalou os olhos ao ouvir a frase de Eddie, afinal ele não estava acostumado á ouvir algo assim sair da boca de Kaspbrak. ─ Aparentemente! Porque você não parava de desenhar e de falar do meu corpo e da minha bunda.

─ A culpa é sua por ter um bundão do cacete desses. ─ Richie desceu suas mãos até a bunda de Eddie e depositou um apertão seguido de um tapa na mesma.

Beep-beep, Richie! ─ Eddie deu um peteleco no nariz do maior. Ambos continuaram trocando carícias, Richie continuou cantando Eddie e o mesmo seguia dizendo o quanto suas cantadas eram ruins.

Valeu a pena ficar anotando cantadas que Richie achava péssimas, mas que ainda assim, conseguiram conquistar o coração de Kaspbrak, que batia mais forte por Tozier desde o momento em que o mesmo bateu os olhos no boca suja.

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cabô.

o diário de cantadas (ruins) de richie tozier.Onde histórias criam vida. Descubra agora