O Mustang 69 era um carro antigo e bem conservado. Além do motor possante, tinha radio toca fita algo bastante velho para os dias de hoje, mas ele era um homem bem velho. Tinha fitas antigas e qualquer coisa era só conectar seu Ipod ( coisa que ninguém usa hoje dia) no radio.
Dirigiu por 9 horas pela BR 101. Já estava anoitecendo quando entrava Curitiba, deixando São Paulo para trás. Colocou a fita pra tocar e enquanto dirigia acendeu um cigarro, deu uma longa tragada e soltou a fumaça.
"Estou deixando o céu. Rumo ao inferno..." Cantava Celso Blues Boys com sua voz rouca de fumante, a guitarra chorava num solo que só um bluesman sabe fazer. Sorriu triste enquanto acelerava.
"Estou mesmo num inferno. Não encontrarei o céu. Mas que se dane, eu não posso ir a onde os anjos vão" pensou.
Fez a segunda parada. Encheu o tanque, pediu um café com leite quente e um pão na chapa. Se alimentou. Foi ao banheiro e olhou a barba grande, as olheiras e o osso que apontava na maçã do rosto. Suspirou. Talvez devesse dormir um pouco e seguir viagem depois de umas horas. Santa Helena ainda estava bem longe.
6 horas e 5 maços de cigarros depois.
Parou o mustang no alto da serra. De lá via uma cidade no litoral. Pela sua visão era uma cidade pequena e pesqueira. Sorriu, depois de mais de 15 horas na estrada, seria bom um descanso por ali. Ligou o carro e desceu a serra. De repente seus instintos animais gritaram e ele girou o volante pro acostamento. O carro acelerou, deslizou no chão de terra e derrapou no acostamento ao mesmo tempo em que um motoqueiro passava a 200 km\hr numa moto ninja verde. O que notou foi um brilho azulado na mochila dele, algo que só alguém que enxergava o mundo espiritual enxergaria a aura mágica do objeto. Passou a marcha, o Mustang cantou pneu e ele ganhou a estrada atrás do motoqueiro.
"Tudo o que eu não queria era me meter em problemas dos outros" pensou.
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O Andarilho. A Jornada Do Anti Herói
Aktuelle Literatur" Hey baby, quando eu escrevo eu sou herói da minha merda" - Bukowski
