- eu fiz uma coisa muito, muito, muito errada - jotappe disse assim que eu atendi a porta ainda coçando os olhos por estar dormindo - eu trai a Ana Paula
- Deus pai amado - comentei perdendo de vez o sono e me interessando mais pelas fofocas
- e ela terminou comigo - ele fechou a porta e se encostou nela enquanto eu voltava a me sentar na cama
- tá certinha, tinha que ter te dado uma bela bofetada de mão fechada pra todo mundo ver isso estampado na sua cara - comentei
- eu não queria, foi coisa de momento eu amo ela - ele disse secando as lágrimas que escorriam por seu rosto - mas a pressão tem sido tanta, a gente estava meio afastado e ja havíamos até falado em terminar
- mas não terminaram - o lembrei - se ia ficar com outras garotas deveria ter respeitado a que por tanto tempo foi a sua garota
- agora todo mundo me acha um mal caráter adúltero, o garoto que traiu a namorada de anos por um flerte sem escrúpulos - ele disse desabafando
- esse trem vai prejudicar a sua carreira, será que seria mais melhor mudar a data de alguma entrevistas?- eu perguntei
- acho que talvez seja "mais melhor" - zombou de mim
- sabe que nunca vai ter uma namorada que confie 100% em você certo?- o lembrei e coloquei o travesseiro sobre meu colo dando alguns tapinhas indicando que o garoto poderia se deitar ali e assim ele fez após tirar os sapatos
- acha que um dia ela vai me perdoar?- perguntou enquanto eu afogava minhas mãos em meio aos seus cabelos fazendo um delicado cafuné
- perdoar talvez, mas esquecer nunca e isso vai fazer que ela se sinta mal em tudo que diz respeito a você - expliquei
- mal como?- perguntou
- muitas das vezes insuficiente, ela não vai se sentir suficiente para ser amada talvez por longos anos e vai carregar com si as lembranças de uma coisa que ela acreditava ser amor - eu contei olhando pra ele que agora já não chorava mais
- era amor - ele disse
- no início podia ser, mas agora é apenas dor - lhe disse por fim
- posso dormir aqui hoje?- ele perguntou já de olhos fechados apenas sentindo o toque de minhas mãos
- só hoje - me dei por vencida, até porque não é certo deixar alguém andar por aí no meio da noite tendo consigo pensamentos ruins e dores emocionais