old days

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A sensação de estar sozinho o invadia.

Draco andava pelos corredores do trem atrás de uma cabine vazia. Ele não podia evitar de pensar em como as coisas eram diferentes da última vez que esteve ali.

Finalmente encontrou uma sem ninguém e logo se ajeitou. Ouvia os primeiristas gritando pelo trem, alegres e ansiosos, tentava não lembrar da sua primeira vez ali mas as memórias chegavam mesmo sem permissão.

Em seu primeiro ano ele não estava sozinho. Havia Goyle, Crabbe, Pansy e Zabini. Agora, um estava morto e o resto o odiava. Draco queria sair do trem e voltar para casa, estava cogitando a ideia quando a porta da cabine abriu.

Como se o universo estivesse ouvindo seus pensamentos, Pansy Parkinson entrou na cabine.

A garota encarou Malfoy e ele sabia que ela estava pensando em como prosseguir, conseguia ver a confusão em seus olhos.

Para surpresa de Draco, Parkinson fez a única coisa que ele não esperava: ela o abraçou.

- Eu senti sua falta. - Draco demorou para reagir mas logo a abraçou de volta.

- Eu também. - E não estava mentindo, ele realmente sentiu saudades da menina.

Pansy estava em sua vida desde sempre. Havia sido sua primeira namorada, sua melhor amiga e uma das poucas pessoas em quem Draco realmente confiava.

Quando finalmente se soltaram do abraço, Parkinson o encarou.

- Ouvi sobre o julgamento da sua família.

- Eu também ouvi sobre a sua. Sinto muito por seus pais.

- Sinto por seu pai. - A garota fez uma pausa antes de continuar. - Ouvi que Potter testemunhou a seu favor...

Ela o encarava como se esperasse uma resposta para algo que não era uma pergunta.

- Sim.

- Por que?

Draco estava pronto para responder que não fazia ideia da razão de Potter ter interferido em seu nome quando a porta do compartimento foi aberta.

Blásio Zabini entrou na cabine e sentou de frente para os dois já lá dentro. Malfoy não sabia qual era a posição do garoto em relação a si.

Diferente de Draco e Pansy, Zabini não escolheu um lado na guerra, seus pais não eram comensais.

- Eu juro que não entendo a necessidade de todos os primeiristas terem bombas de fumaça. O trem parece uma zona. - Blásio disse, olhando para Draco.

- Invenções Weasley's, aparentemente eles voltaram ao mercado. - Pansy deu de ombros. - Onde você estava durante a guerra?

Draco a olhou, surpreso. Não era do feitio de um sonserino ser tão direto.

- Onde eu falei que ficaria, com a minha mãe, longe de tudo isso. Eu disse que não lutaria uma guerra na qual eu não acreditava. - Ele respondeu no mesmo tom, sem parecer se abalar. - Sinto muito pelos pais de vocês, eu li as notícias.

- Por que está aqui, Blásio? Nós lutamos do lado errado. Você ainda pode ficar com os vencedores. - Perguntei. Se Pansy iria ser direta eu também seria.

- Não há ganhadores, Draco. Apenas sobreviventes. Eu virei as costas para uma disputa de ideologias nas quais não acreditava. Não virei as costas para minhas amizades.

Draco pôde sentir todo o seu corpo relaxar. Ele não estava sozinho. Ele tinha seus amigos e isso era o suficiente por agora.

- Quem vocês acham que vai assumir a direção da Sonserina? - Parkinson perguntou enquanto se deitava no banco, apoiando sua cabeça no colo de Draco, como nos velhos tempos.

- Talvez Slughorn. - Zabini respondeu.

Engataram uma conversa descontraída enquanto Draco mexia nos cabelos de Pansy e olhava a paisagem pela janela.

Uma pergunta não saia de sua cabeça.

Por que Harry Potter testemunhou a seu favor?

Harry sorria enquanto ouvia Rony reclamar.

- Por que não podíamos simplesmente aparatar? De todas as barreiras que eles reergueram,
McGonagall tinha que proibir aparataçao no território de Hogwarts?

- Tecnicamente Rony, você não poderia aparatar de qualquer jeito. Não tirou a autorização pra isso. - Hermione, que andava de mãos dadas com o ruivo, respondeu.

- Por Merlin, eu lutei uma guerra, não preciso de autorização pra aparatar. O que eu preciso é não ter que aguentar todo mundo no trem nos olhando. Por que voltamos mesmo?

- Porque estudos são importantes, Rony! Precisamos nos formar.

- E seria bom ter um ano letivo onde nada tenta nos matar. - Harry disse enquanto o trio adentrava o Grande Salão.

Tudo parecia igual. As quatro mesas, uma de cada Casa, estavam lá. Alunos corriam de um lado paro o outro e McGonagall sentava no centro da mesa dos professores, onde Dumbledore costumava estar. O Chapéu Seletor estava ao seu lado.

O Trio de Ouro sentou na mesa da Grifinória e enquanto todos ali que já os conheciam apenas os cumprimentaram, muitos os encaravam.

Era disso que Rony reclamava antes. Eles não podiam ir em lugar algum agora sem serem reconhecidos, os heróis da guerra, como eram chamados.

McGonagall levantou e todos se calaram. Harry tinha certeza que ela estava fazendo um discurso sobre o ano que se seguiria e sobre como as coisas mudaram mas o garoto não conseguia prestar atenção.

Sua cabeça só conseguia lembrar da última vez que estivera ali. Os mortos no chão, as ruínas e os gritos.

Sua cabeça começou a girar e ele estava ficando sem ar quando Hermione colocou a mão em seu ombro, o trazendo de volta a realidade.

- Você está bem? - A garota o olhava, preocupada.

- Estou, não é nada. - Harry tentou disfarçar.

Hermione o olhou desconfiada mas apenas assentiu.

Os primeiristas foram sorteados e o jantar havia começado. Harry parou para olhar em volta. As mesas estavam lotadas, afinal era como se houvesse um ano a mais em todas; todos pareciam felizes em estarem ali. Então Harry olhou para a Sonserina.

Era a mesa menos cheia. Muitos decidiram não voltar enquanto outros foram mandados para outras escolas. A Casa verde não era vista com bons olhos, nunca fora mas agora era pior.

Harry estava distraído encarando a mesa quando sentiu alguém o observando.

Malfoy o encarava. Não do jeito como costumava fazer quando eram crianças. O garoto o encarava como se o desafiasse a continuar olhando para sua mesa.

Harry encarou o loiro, se perdendo na intensidade do momento. Pode ver quando Malfoy mexeu os lábios e entendeu quando o menino falou Perdido, Potter?

Harry desviou o olhar, pensando na pergunta.

Sim, Malfoy. Eu estou perdido.


.soturnoOnde histórias criam vida. Descubra agora