Malfoy não sabia o que estava sentindo.
Sua cabeça estava confusa e ele culpava o soro da verdade.
Entrou na Sala Comunal e se jogou em um dos sofás onde Pansy estava.
- Merlin, que bicho te mordeu?
- Eu conversei com Potter sob o efeito de veritaserum.
- Você o que?! Perdeu o juízo, Malfoy?! - A garota parecia extremamente brava com a burrice de Draco. - Conseguiu repostas pelo menos?
- Acho que sim. Ele disse que testemunhou em nome da minha mãe porque ela salvou ele na guerra. E em meu nome porque ele sabia o que era ter um destino imposto, que sabia que eu não era um comensal, não de verdade. Que eu era o Garoto-que-não-teve-escolha e merecia viver.
- Potter sentiu pena de você?!
- Não. Ele sentiu...solidariedade? Acho que ele se identificou comigo, o que é ainda mais assustador. - Draco falou sem pensar.
- Draco... O que Potter perguntou em troca?
- Porque eu deixei ele ir, na mansão; porque lancei minha varinha pra ele na guerra; e...se poderíamos ter sido amigos...
- O que você respondeu?
- A verdade, óbvio. Eu queria que acabasse, eu precisava que acabasse e ele era a única solução.
- E sobre a amizade? - Pansy parecia no mínimo preocupada.
- Não respondi. - Draco mentiu percebendo que o efeito da poção havia passado.
- Mas qual seria a resposta?
- Eu? Amigo do Santo Potter? Pansy, por favor.
- Só conferindo. - A garota disse sabendo que Malfoy estava apenas tentando manter o personagem que havia criado em todos aqueles anos em Hogwarts.
Malfoy nunca se sentirá tão confuso.
Semanas haviam passado desde a conversa com Malfoy.
Harry se sentia confuso desde então.
Não sabia porque tinha perguntado sobre amizade ao garoto.
E muito menos o que fazer com a resposta que obtivera.
Tinha contado tudo, exceto essa parte, a Rony e Hermione. A garota, como sempre, ajudou a esclarecer seus pensamentos.
Fazia sentido Malfoy querer o fim da guerra se nunca havia realmente se tornado um comensal.
As repostas eram até óbvias, sob esse ponto de vista.
Então por que Potter se sentia mais confuso?
Nós dias que se seguiram Harry só conseguia encarar Malfoy em todos os lugares que se encontravam.
E Malfoy o encarava de volta.
O Halloween chegou e com ele todas as coisas que tentavam esquecer.
Estavam no meio do jantar quando sentiram. Algo estava errado.
Todos os alunos sabiam que algo estava acontecendo.
- A escola está sob ataque. Não passarão da primeira barreira, não há motivos para se preocupar. Apenas por precaução, monitores, levem suas Casas para os dormitórios. - McGonagall falou.
- Quem está atacando? - Ron perguntou, sua voz sobressaindo os primeiristas assustados.
McGonagall olhou para a mesa da Sonserina, depois para Harry e então para Ron.
- Comensais.
Você tem que estar brincando, Harry pensou, irritado. Essa merda nunca vai acabar?!
- Onde pensa que vai, Sr. Potter?
- Lutar, de novo. Acabar com isso. - Harry disse, já de pé.
- Não. - McGonagall disse, firme. Para qualquer outro aluno aquilo seria decisivo. Não para Harry.
- Me desculpe, professora, mas eu não estava pedindo permissão. Sou de maior, não estou sob a tutela da escola e estou aqui como convidado, assim como todos do oitavo ano. Isso precisa acabar, os que sobraram precisam ser pegos.
Rony e Hermione se levantaram. Depois Neville, Simas, e todos que já tinham lutado. De todas as Casas.
- Estão atacando a escola porque sabem que estamos aqui. Nos deixe revidar. - Rony pediu.
McGonagall suspirou. Quando pararia de ver crianças lutando?
- Tudo bem. Mas apenas o oitavo ano.
Harry pode ver Gina ficar vermelha de raiva mas aquela não era a hora.
- Professora, abaixe a barreira de aparataçao. Nos deixe ir até eles. - Hermione pediu.
- Se eu descer, eles poderão entrar.
- Eles não terão tempo. - Rony respondeu, com a varinha em mãos.
- Tomem cuidado. - Minerva pediu antes de começar a desencantar a barreira.
Foi quando Malfoy se levantou.
- O que está fazendo? - Pansy perguntou.
- Escolhendo quando lutar. Estou cansado de não ter um lugar seguro. - Draco respondeu. - Cansado de me esconder.
Harry assistia a cena e algo dentro dele queimava ao ouvir aquelas palavras.
Pansy e Zabini levantaram junto a Draco.
- Você não vai sozinho dessa vez. - Zabini se pronunciou.
- Está baixa. - McGonagall falou.
Todos que estavam de pé aparataram de uma vez, deixando o Salão em um silêncio mortal.
Minerva só pedia que suas crianças não morressem, não dessa vez.
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.soturno
FanfictionOnde Harry e Draco tentam encontrar seus lugares no mundo após a guerra. adjetivo 1. que não possui alegria e vivacidade; melancólico, tristonho, taciturno. {Drarry | oitavo ano pós guerra}