Ascende Superius

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A porta do salão se abriu. O vencedor andava cambaleando. Os olhos de todos o seguiram até chegar em frente ao trono, mas ninguém dizia uma palavra sequer.

Seus olhos estavam desamparados, e suas mãos trêmulas largaram as duas espadas que fizeram um barulho metálico ao encostar no chão. Seu rosto estava coberto de sangue e suas mãos em carne viva.

— Tilan kom Trishanakru é o vencedor. — Titus esboçou um sorriso que brincou em seus lábios.

Todos pareciam contentes, ele encarava pessoa por pessoa, todos possuíam a mesma expressão: esperança. Até as crianças presentes ali, ele não sabia se poderia cumprir seu papel como Comandante. Queria fugir e se esconder, chorar até não poder mais em posição fetal.

— Levem ele até o quarto de Heda, iremos lhe preparar para a Cerimônia de Ascenção. Você fez bem, Tilan. — essa última frase, Titus sussurrou.

Ele não respondeu, apenas seguiu junto aos guardas para seu novo aposento, sua nova vida.

***

Titus adentrou o quarto com receio. Ele foi informado que Tilan não havia comido nem falado com ninguém, o Guardião lhe falou que isso poderia acontecer depois das coisas que ele enfrentou.

— Heda?

— Eu não sou Heda. Ainda não.

— Você deve se preparar para a Ascenção, se limpar, prepararemos seus curativos e então...

— Ela morreu. Nós íamos ir embora.

— O quê?

— Nhyle atingiu-a. Ele a acertou com uma lança no seu coração, estava tão frágil em meus braços. Ela disse que me amava, ela…ela…ela disse que não queria ir…

Seus olhos estavam perdidos em pura devastação. As mãos voltaram a tremer e mais lágrimas caíram de seus olhos como um rio em pura fúria.

— Você sabia que isso iria acontecer.

— Nós íamos embora…

— Vocês foram avisados que não deveriam criar laços com outros natblidas.

— Como deveríamos? — Tilan ergueu a voz e se levantou da cama. — Isso é doentio.

— O amor é o sentimento mais perigoso que existe, enfraquece as pessoas.

— E o que você sabe sobre amor?

— Sei mais do que você jamais saberá.

O rosto dele ficou incrivelmente sombrio. Tilan se perguntou se ele já sofrera por amor alguma vez em sua vida.

— Eu derrubei ele. Parecia o certo a se fazer, a lança ainda estava em sua mão quando eu cortei seu braço esquerdo, acho que ele não esperava perder uma batalha contra mim.

Titus assentia em silêncio, o vento frio da noite adentrava o quarto congelando as mãos dele.

— Bati nele com toda minha força, os dentes dele foram os primeiros a cair, depois que tudo ficou vermelho eu não conseguia ver muita coisa. O barulho era horrível, ainda esá na minha cabeça. Acho que o resto você sabe.

— Fez o que tinha que ser feito.

— Ele não tinha que matar Dianara.

— Ele devia.

— Não… — lágrimas desciam contra sua vontade.

— Só há um jeito desse sentimento acabar. Deixe tudo para trás.

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