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Lilith Royal:

Os casamentos reais, a corte, não passa de uma bela máscara. Sempre entendi como manipulações funcionavam, a rainha manipulava o rei, a corte era manipulada pelo rei, a igreja pela corte e por sua vez a igreja manipulava o povo. Em um jogo de xadrez se a rainha decaí, tudo se abala e o rei fica a mercê do xeque-mate e na vida real não era diferente.

  O rei não perdeu tempo depois de arrumar uma princesa qualquer, de um reino qualquer para mandar Liam pedir sua mão publicamente. Zahor era o maior reino e eu seria o maior trunfo de um príncipe, todos me reconheciam pelo meu olhar de loucura, igualmente a Klaus. Admito minha loucura, afinal fui ensinada assim. Meu irmão chegava quase a ser pior que eu, ele dava esperanças para a vítima, se fazia de bom moço, fazia amizade. Ele é um desgraçado, Klaus é, e eu sou. A fama da querida família Royal se estende por todos os reinos.

  Largando esse lado da família, nós gostamos de festa e se é para me casar com quem meu rei escolhesse, eu me divertiria ao meu modo, depois do comunicado de Klaus para os súditos e nobres, com quem sua filha uniria laços entre reinos, eu iria para o país do bastardo para me acostumar com a cultura e seus modos de viver e depois voltaria para ver o casamento do meu irmão, meu casamento seguiria logo depois. Eu estou caminhando para forca e disso eu sei, caminharei de cabeça erguida.

O Rei tinha o poder de decidir e eu o poder de como me portar, após tantos pensamentos sobre minha nova vida, enfim saí de frente a penteadeira e fui para os corredores com meu vestido vermelho com bordados de ouro. Fui para o salão do rei, onde me sentei do lado de Liam, meu irmão e logo depois dele estava Klaus, com sua coroa cravejada de rubi, o símbolo de Zahor. Meu irmão além de manipulador (o que está no sangue da família), era um total cafajeste, como todos os príncipes dos reinos que me desejavam pelo poder. No final tudo se resume a isso, o majestoso poder, eu tenho meu irmão na palma da mão por ser á caçula e ser sua queridinha, á protegida do próximo Rei.

Eles não deviam temer nem meu irmão ou pai, porquê o jogo é meu, eu sou a porra da leoa e não á gazela.

" Ter respeito é melhor que te temerem Lilith, mas se tiverem os dois ao olhar para você no trono, é o ideal."

" Se preciso, mate, se preciso, se venda, faça o possível para alcançar seu objetivo. "

Klaus sempre me ensinou, todos os dilemas de ser rainha, de ter o poder de uma nação nas mãos. Primeiro eu precisava ter o futuro rei nas minhas mãos, logo a corte e logo depois o mais importante, o povo. E enquanto me perdia em meio aos meus devaneios, as pessoas dançavam felizes, sincronizados com a música. Pessoas abobalhadamente apaixonadas, um risco ao qual eu não em daria o luxo de ter, nós nobres, somos um teatro e eu devo seguir as regras impostas, ser a melhor Rainha. Logo a festa se dissipou com as palavras do Rei, para escolher o mais novo integrante da família.

- Sinto acabar com a festa, mas comemoremos! O noivado de Lilith Royal com Caleb Luckmann. - O príncipe bastardo, um boçal, um país frio para uma princesa do fogo, eu estava na porra da forca.

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Acordei com o meu querido irmão mexendo nas cortinas que impediam o sol de chegar até minha cama e no meu rosto.

- Só cinco minutos por favor... - Pode parecer infantil, o que na verdade é, porém eu não quero passar dias viajando com toda a maresia e de pensar nisso meu estômago embrulha facilmente.

- O barco zarpará com você ou sem você princesa. - Liam era adorável para donzelas e principalmente para suas amantes, entretanto é uma verdadeira peste quando quer usando o seu sarcasmo habitual.

- Que zarpe, eu quero dormir o quanto eu puder e ninguém irá me tirar dos meus lençóis. - Falei abraçando um dos travesseiros que me cercam na imensa cama.

O regente de Zahor se silenciou por minutos, o que eu achei estranho e como se tivesse caído dos céus, Liam se jogou em cima de mim.

- Liam, pare de ser uma peste. - Bufei quando ele me jogou no chão.

Nós éramos infantis, príncipes problemáticos e mimados.

- Eu não preciso dizer que com toda a certeza ficará um roxo no bumbum real da princesa. - Mostrando sua fileira de dentes perfeitamente alinhados e com um belo tom de sarcasmo. O príncipe se levantou e saiu do meu quarto.

Apressei-me a me banhar e arrumar-me, o calor de Zahor já estava instalado no quarto quando sai da casa de banho. Amontoados de vestidos finos e com estampas tão coloridas quanto o jardim do rei e suas flores e a realidade me abalou, sair da minha casa e deixar o meu povo. Todos os pensamentos negativos de ir em busca de uma aventura da qual eu não voltaria e com meu ego grande provavelmente não duraria diante do povo e dos nobres do reino do bastardo do meu noivo, sai do meu quarto deixando os vestidos para trás junto com minhas lembranças conturbadas de um passado não tão distante mais longe de ser meu futuro. A dor e o desespero de conhecer algo diferente me consomem, deixar os leves vestidos com suas cores alucinantes me partiu, nunca mais sentiria a felicidade de ir aos bailes em Zahor.

Morte para uns, um fim e para mim a morte será me trancar em um castelo, de um reino frio. Sempre amei o ar puro quente de Zahor e os ventos que batem no cabelo como chicotadas em um cavalo selvagem. Meu irmão e regente sabia quem de fato eu sou, um cavalo selvagem que não pode ser domado e o bobinho não se aguentou e deixou escorrer uma, duas e três lágrimas em nossa despedida e o rei me abraçou como se não houvesse máscaras em nossa sangue, em nossa família. Passei os dias dormindo e parando em estalagens onde comi e bebi e hoje iriamos chegar ao castelo do príncipe tolo que ia em uma carruagem diferente a minha toda a viagem, adormeci e quando acordei e avistei o castelo de Turk, cinza, sem nenhuma cor, sem vida e parecendo um cemitério.

Todo aquele frio ao meu redor e pisando com um maldito salto alto em uma maldita neve, meu pé afundou e precisei voltar a carruagem, não posso e não devo me dar ao luxo de querer voltar, de dar o braço a torcer. Pedi a um dos guardas para me darem uma das minhas malas e troquei os saltos altos por botas de cavalgar o que definitivamente foi uma escolha quente e macia. Desci finalmente da carruagem e atraí olhares para mim e especificamente meus pés, o rei pareceu chocado como se minha botas quentes fosse uma afronta a sua família e o príncipe sorriu de lado, virou-se e adentrou o imenso castelo, logo entrei quase correndo e espirrando o frio acabaria comigo antes de qualquer coisa.



             Deixei para trás o costume,

             pessoas, lugares e o ar quente,

            em busca de um novo reino,

            o reino que eu queimaria por completo,

            por simples diversão.


                                                                                    Postado em: 15/01/2020.

                                 Dedicatória:

                                 Obrigado @felpsm por todo o apoio e amor que você teve quando mostrei dúvidas sobre este livro.

Princesa - Série Reencarnações NobresOnde histórias criam vida. Descubra agora