Amor de esquimó

Uma noite quente em um lugar frio

O vento cortante gelava completamente o barco, algumas vezes as ondas pareciam a ponto de virar a embarcação e, naquele momento, com as nuvens negras fechando o céu do ártico, o alfa sentiu a estupidez que fazia. Tentar cruzar aquela área durante o inverno era insensato e seu imediato fazia questão de lhe dizer isso a cada dois minutos.

— Nós temos de atracar em algum lugar. As ondas estão grandes demais, vão acabar virando o barco — Jimin, seu primeiro imediato, dizia. O beta tinha as bochechas coradas pelo frio e salpicos de neve no cabelo loiro. — Eu nem sei porque vim, eu tenho um ômega em casa, já devia ter passado dessa fase.

— Relaxa, você vai voltar 'pro Joon — o mais velho disse, tentando passar calma para o outro, mesmo que estivesse tão temeroso quanto os outros.

— É claro que eu vou! Se eu morrer nesse inferno gelado, eu juro que vou te assombrar por toda a eternidade. — O baixinho parecia muito nervoso, e não era para menos, a ideia de deixar um companheiro era dolorosa demais.

Aquela seria sua última expedição, o próprio lobo já lhe implorava que se ajeitasse e arrumasse um ômega. Ter Jimin ali era um grande favor, havia implorado para que Namjoon o deixasse vir, não deixaria que nada acontecesse ao amigo.

Pegou a luneta e se virou para a janela, tentando achar qualquer pedaço de terra ou gelo, que era a única coisa que encontraram até agora, até avistar uma massa de gelo grande que não estava se deslocando.

— Finalmente, podemos aportar ali — disse, entregando a luneta para o outro.

— É o que temos. — Seokjin já estava acostumado ao mal humor do outro, o Jimin fofo e gentil só voltaria quando voltasse para o marido.

— Vou avisar lá em baixo. — O mais baixo se encaminhou para a escada que levava ao nível inferior da embarcação. Seokjin já manobrava o barco em direção à geleira.

Chegando perto dela podia ver algumas focas deitadas na encosta de gelo. Alguns morros de gelo. As focas não seriam problemas e indicava que provavelmente não haviam lobos naquele lugar. Jimin voltou, olhava com curiosidade os animais. Conduziu o barco a dar a volta, iriam aportar distante dos animais. Aos poucos, os morros de gelo viraram construções e formavam um semicírculo. A surpresa dos dois foi completa quando alguns filhotes saíram correndo de dentro. O maior voltou para dentro e logo saiu novamente, acompanhado de outro homem. O vidro da cabine não permitia sentir o cheiro do homem, mas aquele provavelmente era o alfa da tribo, se é que era uma tribo.

Atracaram devagar, fazendo tudo o mais lento possível, não queriam correr o risco de serem vistos como invasores ou como uma ameaça.   

Chamou todos que estavam no convés inferior para que saíssem juntos. Não tinha qualquer ideia de qual seria o idioma do homem, mas era melhor arriscar se apresentando, só ficaria ali até o fim da nevasca que se aproximava. Mais alguns homens e algumas mulheres saíram, os filhotes haviam voltado para as cabanas de gelo. Desceram devagar, com movimentos lentos. O cheiro do chefe estava forte quando se aproximou, o homem marcava território sutilmente, era esperado, afinal, cinco desconhecidos haviam chegado.

Quando o homem falou Seokjin ficou abismado, não entendeu uma única palavra. Por sorte, Taehyung, um dos timoneiros, sabia falar aquela língua e tomou a frente. Ficou uns bons minutos em silêncio enquanto era avaliado pelo que concluí serem todos os alfas do lugar. Todos se vestiam com peles grossas de animais. Das palavras que Taehyung dizia naquele idioma grosseiro, apenas entendeu seu nome. No final, o alfa mais velho sorriu para todos, os alfas da tribo relaxaram, alguns voltaram para as cabanas. O alfa apertou a mão de Seokjin, falando consigo como se entendesse qualquer uma daquelas palavras.