Eu desbravo o oceano por você

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Quatro meses. Seokjin havia passado quatro meses suprimindo a vontade de voltar. Ele havia encontrado seu companheiro, mas não pôde ficar com ele. Seus mundos eram mais do que opostos, pareciam viver em dois universos paralelos. Seokjin um cartógrafo e explorador renomado e Jungkook um esquimó, que nos círculos sociais que frequentava seria facilmente classificado como um selvagem. Entretanto, sabia que largaria todas aquelas pessoas para ver Jungkook novamente e era exatamente isso que fazia agora.

O ar ainda era frio, mas o mar estava menos agitado. O verão tornava possível navegar em qualquer momento do dia, já que o sol se punha incrivelmente tarde. O barco em que se encontrava era o menor que conseguiu achar, afinal, ele viajaria sozinho, tinha que ser capaz de se virar. Em sua mente existiam apenas duas opções: Ele levaria Jungkook consigo para a Coreia ou ele viveria ali com Jungkook. Ficar longe não era uma opção.

Depois da viagem de volta, encontrou uma ômega de boa família. Cortejou-a por dois meses, mas seu lobo a rejeitou e desistiu daquilo. Foi só mais uma prova de que havia encontrado seu ômega predestinado e seu lobo nunca mais aceitaria outra pessoa.

O coração do alfa palpitou quando viu as formações de gelo que nunca esqueceria. Até as focas tomando sol na encosta branca tinham sua própria beleza. Seu lobo queria uivar para avisar que estava chegando. Desta vez, boa parte da tribo estava do lado de fora. Alguns alfas tomaram uma postura defensiva até que Seokjin saiu ao convés e acenou. Ele foi reconhecido e mais uma vez acolhido como um bom hóspede. O chefe lhe acolheu com carinho e com milhares de palavras que Seokjin continuava sem entender. Quando o chefe se deu conta de que o alfa continuava sem falar nada, ele o olhou inquisitivamente e Seokjin disse a única coisa que o homem talvez entendesse:

— Jungkook? — A expressão dele mudou e o líder começou a guiá-lo na direção oposta ao iglu que ficou da última vez.

O iglu era um pouco menor e mais afastado dos outros. O cheiro de Jungkook chegou até ele assim que chegou perto do abrigo, seu lobo se remexendo feliz por saber que estava próximo de seu ômega. Ele entrou no pequeno espaço — não era muito diferente do que havia dormido antes — e Jungkook estava deitado sob o cobertor de peles. O chefe o deixou sozinho. O nervosismo quase o impediu de se aproximar, mas seu lobo o obrigou a ir para perto.

Ele deslizou pelas peles ficando em frente ao ômega, que parecia estar em um sono agitado. Ele tocou a testa do outro e assustou-se pelo calor: ele parecia queimar de febre. Seu peito palpitou, preocupado. Jungkook abriu os olhos e bastou olhar o alfa para que seus olhos se enchessem de lágrimas. O choro que se seguiu era desolador. Jungkook agarrou as roupas de Seokjin desesperadamente. O alfa manobrou o ômega, puxando-o para seu peito, tentando a todo custo acalmá-lo. Ele entendia que o ômega devia estar com saudades ou sentindo os efeitos da distância de seus lobos.

— Shh... Shh... Eu estou aqui. — O ômega soluçou alto, apertando-se ainda mais ao alfa.

— É você? Você está mesmo aqui? — O ômega tocava o rosto do alfa freneticamente, tentando a todo custo se convencer de que ele era real. Quando se acalmou o suficiente, voltou a tocar o rosto do alfa, contornando cada parte com calma e devoção. Tocou as sobrancelhas, desceu pelas bochechas. O alfa fechou os olhos. Ele continuou a exploração lenta, tocando os lábios gordinhos. O alfa beijou a palma da mão do ômega, arrancando uma risada curta. — Eu preciso que você me diga que você está mesmo aqui, eu já te vi tantas vezes, eu não sei se você é real agora.

— Eu estou aqui, Jungkook, eu vim 'pra ficar. — Ele beijou as bochechas febris do ômega. — Eu senti a sua falta, eu senti tanto... — O alfa respondeu, a voz carregada de pesar. Só naquele momento tinha se dado conta do quanto realmente sentia falta do ômega.

Amor de esquimóOnde histórias criam vida. Descubra agora