Despedida

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— Às vezes, eu sinto falta.

— De quê?

— De nós.

— ... Às vezes?

— ... Às vezes não éramos de tudo bons... Você sabe...

— Nunca fomos.

— ... Eu te amei... De verdade! Em algum momento.

— Hum... Eu também te amei.

— ...

— ...

— Me desculpe por não ter sido a melhor coisa... pra você.

— Hunf...

— O quê? ... Fale.

— Não é nada. Eu... Eu só estava pensando em uma coisa.

— Que coisa?

— ... Em como minhas deduções estavam certas.

— Sobre nós?

— Sobre você.

— ... ... Sobre mim. Ah... E sobre mim exatamente o que seria?

— ...

— ...

— É sério que ainda faz isso?

— Isso o quê?

— Ouve o que quer e finge não ouvir o que não quer?

— Hunf... Eu sabia o que você escolheria, a decisão que tomaria. E sabia que íamos acabar tendo essa conversa, uma hora ou outra.

— ... Eu fui tão horrível assim?

— Ah...

— ...

— Eu me arrependo.

— De quê?

— Das minhas escolhas. Talvez não estivéssemos assim se não fosse por elas.

— Nós sempre nos arrependeremos de nossas escolhas, não importa o quão certo achamos que sejam.

— Talvez esteja certo...

— Ei.

— O quê?

— Não acho que éramos pra ser.

— Está dizendo isso só para não me fazer sentir mal. Você não pensa assim.

— Assim como?

— Que o universo dá o que precisamos quando precisamos e blá blá blá.

— Talvez tenha razão. Você é assim.

— Exatamente!

— Mas não parece assim, não mais.

— ... Eu não sei o que houve comigo. Aconteceu tanta coisa durante esse tempo.

— É...

— Você realmente acha?

— Acho o quê?

— Que não duraríamos? Mesmo que nada daquilo acontecesse? Mesmo que eu não tomasse aquelas decisões?

— Ah... Eu não sei. Não tem como sabermos, não é? Mas... Eu acredito que tudo isso foi melhor.

— Você está de novo nessa onda de destino.

— É, acho que estou mesmo. Mas, eu realmente acredito que isso foi bom. Tirando toda a parte ruim, é claro. Fora isso... Serviu para algo.

— Eu te machuquei pra valer, não é?

— Eu também te machuquei.

— É... Acho que sim.

— ...

— ...

— Eu não acho que haja culpados.

— No que houve?

— É... Entre nós. ... Não podemos nos culpar, não temos culpa. Só... aconteceu.

— Aconteceu de não acontecer.

— É... Acho que é.

— ... Hum.

— ...

— Seus amigos não gostam de mim.

— Eles têm motivos para não gostar.

— E você?

— ...

— ...

— ...

— Você está melhor agora, não é?

— Na verdade, não. Mas estou melhor do que pior. Não sei quando ficarei bem de novo. Talvez nunca. ... Talvez não haja isso de "estar bem"... Não de verdade.

— Você acha que é isso?

— O quê? A vida?

— É... Acho que sim.

— Bom... Não sei se vivi o suficiente ainda para saber.

— ...

— O quê? Por que está me olhando assim?

— Você não gosta mais de mim.

— ... ... Não.

Casos e AcasosWhere stories live. Discover now