Capítulo 16 Reviravolta

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Era mais um dia de aula como todos os outros, mas para mim mudou muitas coisas, me recordo de ir para a escola tremendo neste dia, pois a professora falaria de um assunto que mexia muito comigo, mesmo muito curiosa para saber o que viria eu estava com muito medo de que alguns garotos da sala pensassem que eu os havia dedurado para a professora.

Assisti a professora atravessar a porta da sala sorrindo, eu a olhava com os olhos arregalados quando ela deu uma piscadela para mim, eu sabia que aquele tema escolhido para aula foi pensado em mim e também sabia que poderia mudar a vida de alguns naquela sala e me marcou para sempre. A professora chegou cumprimentou a todos e escreveu bem grande no quadro a palavra "Bullying", ela pediu silencio e começou a falar sobre os vários tipos de preconceitos contando sobre a própria historia de aceitação, eu assistia à aula sorrindo por dentro, ela falou sobre padrões de beleza e do que era considerado ideal perante a sociedade e a mídia.

O Ricardo começou a contar que sofrera racismo, mas que nunca se importou e que se o zoassem, ele fazia o mesmo de volta, a professora riu e o advertiu dizendo que não era bem assim que funcionavam as coisas porque não se acaba com o preconceito fazendo mais preconceito, todos falavam, contavam relatos até que a professora olhou pra mim dizendo bem alto:

-E você mocinha não tem nada para dizer? Todos falaram um pouco, você não quer falar?

Neste momento a sala ficou em silencio profundo e todos olharam para mim, eu abaixei a cabeça com vergonha comecei a decidir em minha cabeça se falaria algo ou não o que eu falaria como falaria, era a minha grande chance, mas o medo me tomava. A professora me chamou novamente me despertando de meus devaneios eu respirei fundo e sorrindo sem graça comecei a falar.

Imagino que muitos de vocês tenham sofrido algum tipo de preconceito inclusive eu, o problema é que todo preconceito que ouvimos alguns de vocês já reproduziram em algum momento, ás vezes até sem perceber, mas mesmo assim se você perceber que aquela pessoa não se sente confortável com o que pra você parece engraçado, você deve parar. Eu por exemplo tenho o cabelo crespo, como alguns aqui, mas desde pequenos escutamos as pessoas dizerem que é ruim, que nosso cabelo é feio, mas vocês já pararam para pensar por quê? Se você pensar bem nem faz muito sentido.

Se alguns de nós temos uma dessas características consideradas feias e fora dos padrões, na escola vira motivo de chacota e depois bullying, o que cria adolescentes com baixa autoestima e até depressão, então antes de rir de qualquer pessoa pensem nessas coisas e se coloque no lugar dela.

É isso...

Ao termino da minha fala alguns olhavam pra mim perplexos outros concordavam em tom de brincadeira, alguns olhavam com empatia sorrindo de leve, o único que parecia tenso era o Guido que mal olhou para mim enquanto eu falava e permaneceu quieto até o final da aula de geografia. A professora me olhou com orgulho e ria da reação de alguns alunos, ela era muito simpática com os alunos, o seu horário era o ultimo então nos dispensou, eu fiz um pouco de hora para ter que sair por ultimo porque eu precisava falar com ela, quando a sala se esvaziou tímida eu fui até ela agradecer ela me encarou com o mesmo sorriso simpático da primeira vez que me viu e apenas respondeu:

-Esse assunto é mais que necessário.

Eu sorri em confirmação e sai da sala, eu havia ganhado o meu dia, cheguei à minha casa animada meus pais até estranharam um pouco.

-Viu um passarinho verde?

Perguntou o meu pai e então eu respondi:

-Talvez.

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