Dinamarca

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Karen Andersen

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Karen Andersen

Hoje era o grande dia do Festival . Esta celebração começou a muito tempo atrás e mamãe sempre fazia questão de me contar um pouco do passado, sempre gostei de ouvir. Sua origem marcava o início da quaresma , que é o período de quarenta dias que antecedem as principais celebrações do cristianismo, ao mesmo tempo, também tem origem em costumes pagãos, ou seja, celebravam o Festelavn(1) em adoração aos seus deuses.

Na Idade Média eles comemoravam o fim do inverno e dos males que ele trazia, o gato preto simbolizava o inverno e o mal, por este motivo, nesta celebração, até princípios do século XIX era costume colocar um gato vivo dentro de uma pinhata, ou seja, dentro de um saco com furos e pendurado numa árvore, com galhos ficavam cutucando a pinhata até o gato rasgar o saco e sair de forma brusca com intuito de afugentar a escuridão e o mal. Sempre chorava nessa parte, mas mamãe me tranquilizava e dizia que os bichinhos sempre fugiam.

Atualmente, a tradição de bater na pinhata continua presente, mas já não se utiliza um gato: usam-se brinquedos e guloseimas para as crianças e essa é a melhor parte do festival.

Acordo cedo para aproveitar melhor o dia, apesar de estar frio, o sol anuncia que vai ficar agradável para me divertir com as crianças da redondeza. Todos os anos em nossa propriedade, papai reúne os empregados com suas famílias para dividirmos a comida e celebrar o 1º de abril como manda a tradição. Tudo estava pronto, as mesas com doces e guloseimas enchiam os nossos olhos, os brinquedos estavam espalhados pelo jardim, as pinhatas penduradas e as mulheres preparavam as comidas que seriam servidas durante todo o dia.

Corro para o meu quarto e coloco uma roupa confortável para me divertir com as crianças que chegam das aldeias próximas, estampava um sorriso em meu rosto e meus olhos brilhavam como estrela num céu sem nuvens. Era o melhor dia da minha vida. Esperava ansiosa pelo festival que reunia todos em um espírito de alegria, descontração e euforia. Meus pais faziam questão de participar de todas as brincadeiras e incentivavam os outros pais a terem um momento com seus filhos.

No final do dia as crianças exibiam as sacolas cheias de doces e guloseimas para seus pais que sorriam com suas histórias de um dia divertido. Depois do banho tomado e já vestida com meu pijama fui para cama e ainda com a animação daquele dia e mesmo já sendo uma jovem, meus pais faziam questão de virem me dar um beijo de boa noite. Esse seria um dia eu nunca mais esqueceria. Ficaria gravado na minha memória por toda a vida.

Adormeci em questão de minutos. O cansaço e o esgotamento das brincadeiras com as crianças cobraram seu preço e apaguei assim que meus pais vieram em meu quarto. Meu sono era tranquilo, sem sonhos ou pesadelos, mas naquela noite acordei com algo diferente. Vozes alteradas, barulho de vidro quebrando e a voz da minha mãe aos gritos. Ainda sonolenta, continuei deitada tentando entender o que estava acontecendo até escutar um estampido vindo da sala. Pulei da cama, abri minha porta com cuidado e caminhei pelo corredor para ver o que estava acontecendo. Fiquei encolhida no alto da escada e pude ver que haviam três homens junto a meu pai. Mamãe estava caída no chão perto da jarra com flores que estava quebrada e sangue escorria de seu peito.

Sonho Roubado - Disponível até  01/05Onde histórias criam vida. Descubra agora