CINCO

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* Jason

O dia amanheceu nevando. Me levanto, caminho até a janela e vejo a neve cair sob o asfalto, nos carros e nas pessoas que se arriscam a sair nesse frio.

No dia de hoje, meu tio ainda mantém a tradição de fazer o boneco de neve. Sempre acabávamos numa guerra de bolinhas de neve, era muito divertido, mas agora estou aqui, apenas admirando o clima e curtindo minhas lembranças.

Vou ao banheiro, escovo os dentes. Mal termino e lá vem meu pai ou minha mãe bater na porta outra vez. - Estou indo. - Grito de onde estou. Enxugo o meu rosto e vou abrir antes que a derrubem.

- Oi pai. - Reviro os olhos, nem pude dar bom dia a Rachel.

- Venha Jason, vamos tomar café em meu quarto.

- Tudo bem, me dá só 5 minutos que estarei lá.

- Não demora hein! 5 minutos. - Ele espalma a mão mostrando que são apenas 5 minutos.

Volto para a minha cama e ligo para meu amor. Preciso lhe dar meu bom dia. Ontem não falei com ela pois estava cansado, mandei apenas uma mensagem, mas hoje não terei muito o que fazer, está nevando, não é possível que meus pais inventem de sair em plena neve.

Falo com Rachel, conversamos um pouco mais do que 5 minutos e depois nos despedimos. A cada ligação tenho a certeza do que quero e o que eu quero é ela.

Durante um tempo nos desentendemos, ficamos separados, mas era diferente, ela estava por perto, sempre a via mesmo que de longe. Agora não, estou em outra cidade, não posso vê-la, nem sentir seu perfume ou beijar sua boca, lhe fazer um carinho, tenho que me contentar em vê-la por uma tela fria de celular.

Me apresso em ir para o quarto dos meus pais antes que eles batam na minha porta novamente. Vou vestido de pijama mesmo, não pretendo sair para nenhum lugar, já que vamos comer no quarto, posso vestir o que eu quiser. Parado diante do quarto, bato na porta.

- Até que enfim, você veio. - Meu pai me recebe revirando os olhos.

- Estou aqui e com fome. - Respondo.

- Parece mais animado hoje, que bom. - Minha mãe sorri.

- Nem tanto, mas estou faminto, não comi bem ontem a noite.

Não pude deixar de observar algumas sacolas sobre a grande cama de casal e uma minúscula árvore de natal que cabe até no bolso.

- Pode se servir, a comida está na mesa. - Meu pai aponta para a pequena mesa, na pequena varanda da sua suíte.

Não é diferente da minha, tem o mesmo tamanho e formato, com os móveis exatamente iguais. A varanda possui janelas de vidro, assim podemos nos isolar do frio e ser envolvidos pelas ondas quentes do aquecedor.

Sento-me à mesa, meus pais me acompanham e assim tomamos o nosso café da manhã. Tenho que admitir, hoje acordei um pouco mais disposto, mas a saudade ainda me sufoca.

- Vocês pretendem sair hoje, ou só iremos ao jantar?

- Com o tempo desse jeito, não dá para sair. Gostaria de andar naqueles ônibus sem teto, apreciando a paisagem, matando a saudade dos tempos em que vivemos aqui no passado. Muita coisa mudou, mas com essa neve...fica difícil apreciar alguma coisa. - Minha mãe está desanimada.

- Você tem razão querida, mas não desanime teremos tempo para passear com mais calma.

Continuamos nossa refeição, conversando sem brigas. É Natal, precisamos viver um momento de harmonia. Vacilei muito esse ano, briguei com meus pais, errei com Rachel e agora tenho uma nova chance de fazer o certo, não posso desperdiçar.

Não Desisti De VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora