A viagem.

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Olá, sou Alicia Albuquerque, tenho 24 anos e estou completamente desesperada!
Me encontro neste momento tentando desesperadamente terminar de arrumar minhas malas sem surtar, de alegria, pesar ou qualquer outro sentimento que envolva despedidas.

Me formei em moda a 7 meses em uma universidade em BH, no Brasil. Estou a caminho de Londres para viver o meu grande sonho de adolescente que ama idealizar finais felizes...

_ Alicia minha filha, fica calma! Você está me deixando aflita, você não precisa dessas malas pra amanhã e sim para daqui 2 semanas.- minha mãe disse entrando no quarto com uma xícara de chá.

Eu estava completamente ansiosa pra dia 7 de abril chegar logo, o grande dia, da grande viagem.

_ Eu sei mãe, mas tá tudo voando tão rápido que tenho certeza que se deixar tudo pra última hora vou deixar muita coisa que preciso para trás.- conclui já voltando minha atenção pra uma coleção de livros de romance que tentava encaixar na mala.

_ Eu sei bem disso senhorita, mas não precisa ficar nessa euforia toda, já tá doida pra se ver livre de mim né mocinha? - olhei pra cima e me deparei com uma dona Margô muito sentimental e com os olhinhos cheios de lágrimas me observando.

_ Mãe, é claro que não! Isso é só ansiedade, você sabe muito bem como é, já que puxei isso de alguém aí sabe. - consegui arrancar uma gargalhada gostosa da minha luz.

Eu a chamava assim desde criança, quando olhei nos seus olhos luz, ao me observar, sempre via isso. Ao sorrir ela encantava o mundo, costumava dizer que nunca tinha encontrado o amor da minha vida, mas depois de um tempo percebi que o maior amor que poderia sentir estava bem ali do meu ladinho, desde o dia do meu nascimento.
Mal percebi e já estava com lágrimas nos olhos, deixei um livro em cima da cama e a abracei, como sentiria saudades da minha velhinha.

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_ ALII!!!- em plena as 10:00 da madrugada não sabia se ouvir a voz da Isa me deixava muito feliz ou muito brava.

Consegui dormir só quando estava amanhecendo, como sempre, por não conseguir pregar o olho. Idealizando várias possibilidades da minha vida, minha ansiedade realmente não estava caindo bem ultimamente.

_ Levanta sua preguiçosa, já é quase 12:00 e você aí roncando - ela exagerou ao invadir meu quarto e abrir minhas cortinas blackout para que eu visualizasse toda aquela luz nos meus queridos olhos sonolentos.

_ Morre Isabela, quero dormir! - avisei tacando uma pelúcia na sua cabeça, mas já me levantando.

_ Amiga, se anima pelo amor de Deus! Daqui 3 dias estaremos em um avião a caminho de LONDRES. - Sorri ao lembrar que essa louca iria comigo.

Uma prima que mora em Londres conseguiu um estágio pra nós duas em uma empresa de moda onde ela trabalha na administração, iríamos nos hospedar com ela e nos acomodar como puder. Meu plano é que assim que me adaptar e começar a ganhar um pouco mais de dinheiro, convenceria minha luz de ir morar comigo lá, mas vai ser difícil fazer ela largar minha avó e minhas tias.

Depois de muito reclamar, muito rir eu resolvo me "acordar" de verdade e tomar um rumo. Hoje eu e a Isa iremos resolver as últimas pendências e tentar nos despedir de algumas pessoas.
Chegamos em casa após uma tarde nas ruas de BH. Exaustas!
Isa iria dormir aqui em casa esses últimos dias, ela não tem família, tinha somente o pai que faleceu a 10 meses atrás, mas nossa menina já era da família, uma pequena, mas uma família.

No dia seguinte somos acordadas ( DE NOVO ) pela minha mãe, pois precisávamos ir ao mercado comprar coisas para o almoço, achei estranho pois tinha comida o suficiente, mas assim que ela mandou fomos.
Demoramos cerca de uma hora no supermercado e assim que o elevador parou no nosso andar, percebo um murmurinho cessar.
Isa abre a porta e algumas sacolas voam pela sala.

_ SURPRESAA!!! - todos estavam lá, minha avó, minhas tias e primos, a Gabe nossa outra melhor amiga do trio da loucura, o Marcos seu namorado e grande amigo namorado, todos nossos outros amigos íntimos, a Rafa, o Gui, a Laurinha, o Léo e o Rê. Meus olhos se encheram de lágrimas por lembrar que não veria eles por tanto tempo, mas me lembrei o quanto eles estavam orgulhosos de nós, e eu também!
Depois de muitos abraços, choros, comida e risadas o pessoal foi embora deixando um apartamento vazio, porém muito feliz.

No dia seguinte estávamos terminando de por as malas no carro do Marcos, ele a Gabe e minha mãe nos levariam ao aeroporto.

_ Vamos Marquinhos, você tá muito fraquinho! - A Isa o provoca - Claro! Você tá levando um corpo dentro dessa mala por acaso?- ele debate e todos riem.

Já dentro do carro o clima começa a pesar, minha mãe não consegue disfarçar e começa a chorar baixinho, a Gabe finge que não mas está quase, Isa já está de bracinhos dados com minha mãe que está sentada no meio no banco de trás, Marcos é o mais tranquilo mas sei que também está sentindo, nós nos conhecemos desde dos 5 anos, todos nós. Ele e a Gabe acabaram se apaixonando e estão namorando fazem 5 anos.

Olhei de lado para minha luz e meu coração se partiu, com a ponta do nariz vermelhinha, o olho molhado e mordendo o lábio inferior como sempre fazia quando segurava a raiva ou o choro, eu sentia que ela estava a ponto de desmoronar.

Logo eu Alicia, a mais durona não consegui nem chegar no aeroporto, só de ver o que estava deixando pra trás meu coração apertou, e a ansiedade falou mais alto. Comecei a chorar compulsivamente e a soluçar sem conseguir me controlar, o ar me faltou e quando vi já estávamos no acostamento e o Marcos jogando um líquido debaixo da minha língua.
Tenho ansiedade e crise de pânico desde os meus 14 anos, desde então tenho que andar com um remedinho na bolsa pois posso dar uma crise.
Quando tudo se acalmou minha mãe segurou tudo que estava prendendo e desabou, junto com todos, inclusive Marcos, acho que nunca tinha o visto chorar a não ser quando era criança.

_ Ah meu Deus Alicia, você ainda é minha bonequinha, tão frágil, precisa de mim!- ela exclamou com um desespero.

Parei, respirei e voltei a mim, já meio grogue pelo remédio.

_ Não! Não mãe eu não sou frágil, sim vou precisar da senhora pra minha vida inteira, mas olha pra mim, olha pra mulher que a senhora criou. Sou forte, independente, decidida e feliz! Sou muito feliz mãe. Sou grata a cada cuidado que a senhora teve por mim, por tudo que fez e em dobro, sou grata por ter os melhores amigos que o mundo poderia me dar e sou grata por essa oportunidade, meu sonho está prestes a se realizar, agora, mas não aqui.

Ela balançou a cabeça em concordância e me abraçou, e tudo acabou virando um abraço coletivo no acostamento de uma rodovia.

_ Estou muito orgulhosa de vocês, minhas menininhas, minhas grandes mulheres!- minha mãe disse, olhei dela pra Isa que sorriu chorando pra mim. Isso seria uma longa caminhada, mas ao lado dela seria uma caminha feliz.

No aeroporto tudo se repetiu, lágrimas, discursos e saudades antecipadas. Amava aquelas pessoas e isso estava longe de mudar, não era nem de perto o fim e sim o começo de uma história cheia de espectativas.













Oiiiii gente tudo bom?
Bom este é o meu primeiro livro que está me roubando uma noite de sono, em um rompante me veio a inspiração da história da Alicia e bom, aqui estamos kkk
Perdoem os erros, além de estar no celular sou marinheira de primeira viagem.
Espero que gostem e um beijão da tia Drika !
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Um chá, em Londres.Onde histórias criam vida. Descubra agora