Acordei com um cutucão no braço da Isa. Estávamos chegando. MEU DEUS ESTAVAMOS CHEGANDO!
Quando passei por aquela porta e perdi meus amigos e minha mãe de vista foi realmente dolorido, assim que entrei no avião e me sentei cai no choro até dormir escorada no braço da Isa, o que não demorou muito pelo remédio que tinha tomado, só acordei pra fazermos a conexão necessária e dormi novamente ao entrar no outro avião.
Agora estávamos aqui, chegando ao nosso destino, a nossa nova vida!
Minha prima Mariana iria nos esperar no aeroporto, e estava super ansiosa para revê-la. Éramos muito próximas antes dela vir estudar aqui, apesar que ela morava no Rio, sempre que ia pra ela não nós desgrudavamos. Ela é um amor e sentia muito sua falta, não via a hora da minha melhor amiga de vida conhecer minha outra melhor amiga de sangue.Descemos do avião e fizemos tudo que era necessário. Assim que atravessei o portão de desembarque vi uma cabeleira loira balançando em meio aquela multidão. Assim que a vi, com uma plaquinha escrito " dentuça" em português e ela sorrindo de orelha a orelha, todas aquelas lágrimas voltaram, porém agora era de felicidade.
Corri e a abracei, com força e não queria mais soltar._ Aí meu Deus, cadê aquele aparelho? E os olhos vesgos? Devolve minha prima agora! - ela sempre me zoava de dentuça, e quando era criança eu odiava e chorava horrores e ela nunca parou, mas no fim tudo se tornou uma grande brincadeira. Eu a chamava de macaquinha por suas orelhas avantajadas e assim todo nosso amor era demonstrado.
_ Aaah minha macaquinha, que saudades! - fui logo dizendo e a observando melhor. Ela estava linda, seus longos cabelos loiros e seus olhos castanhos ainda mais claros pelas lágrimas. A.MEU.DEUS!
_ Você tá chorando? VOCÊ. TA. CHORANDO !!! - Cai na gargalhada, minha priminha nunca chorava, tipo nunca MESMO! nem quando deslocou o braço a garota soltou uma lágrima.
_ Cala a boca Alicia, isso é só um cisco que caiu no meu olho.- continuei rindo.
_ Olá- Isa disse sem graça, fiquei mais ainda por ter esquecido da minha amiga.
Quando Mari olhou pra minha amiga ela se calou do sorriso que estava dando, mas a boca antes aberta continuou. Olhei pra Isa que estava tímida ( opa, Isabela Carvalho tímida?) Algo de errado não estava certo.
_ Priminha, essa é minha melhor amiga e sua mais nova inquilina Isabela Carvalho. - Mari sorriu meio constrangida e a deu um abraço sem jeito.
_ É um prazer Isabela, bom... Sejam... Bem vindas! .... A Londres.
_ Pode me chamar de Isa, é como todos me chamam. Muito obrigada, espero não atrapalhar, prometo me comportar. - Isa disse fazendo um "X" com os dedos a frente da boca e sorrindo no final.
_ Jamais atrapalharia... Atrapalhariam, quer dizer ... Atrapalhariam, vocês, é uma honra recebê-las.
Meu Deus como ela tá estranha, será que ela não gostou da Isa? Não, todo mundo gosta da Isa. Aaah deixa pra lá!
_ E então? Vamos?- Disse pegando as bagagens com ajuda da Mari e saíndo.
Quando senti aquela brisa gelada no meu rosto não pude sentir outra coisa. Tá acontecendo, tá tudo acontecendo mesmo.
Senti a mão da Isa na minha e vi que não era a única, estava deslumbrada e incrédula.Entramos no carro da Mari após guardar toda a bagagem e saímos. Cada canto daquele lugar, eu estava pirando. Era mais do que eu imaginava e idealizava na minha mente, era muito mais.
Fomos observando a vista enquanto Mari ia nos mostrando e dizendo algo sobre cada coisinha.
Depois de um tempo chegamos em frente a uma casinha, linda, e parecia muito aconchegante.
Mari trabalhava com administração e era com com o que fazia, ganhava muito bem e estava aqui a um bom tempo, não era de se admirar uma casa tão fofa, não era uma mansão, nem precisava ser, era perfeita.Entramos e me apaixonei mais ainda, era tudo a cara da Mari, os móveis vintage, as cores vivas e pastéis se misturando. Era a nossa cara!
Nós sempre parecemos nesse quesito, cores, músicas, estilo. Por isso muitos achavam que éramos irmãs, exceto pelo meu cabelo puxado mais pro ruivo e não loiro._ Meu Deus Mari, é linda!- disse realmente impressionada.
_ Espera pra ver o quarto de vocês!- eu e Isa dividirmos um quarto.
Assim que entrei naquela porta fiquei tão feliz. Tinha várias referências a Harry Potter, um vício e amor de infância que Mari e eu tínhamos.
_ AH MEU DEUS- Isa gritou
Mari a olhou com uma interrogação estampada na testa._ AH MEU DEUS- gritamos Isa e eu em uníssono agora.
_ Espera, você também gosta de HP?- Minha prima perguntou meio rindo e a observando.
_ Gostar? Gostar não, eu AMO HP.- Isa praticamente gritou e consegui ver um quê de admiração no olhar da minha prima.
_ Nos temos a obrigação de fazer uma maratona dos filmes juntas aqui- disse empolgada por ver que não era da minha imaginação Mari e Isa tem muito em comum. Todas temos.
Depois de decidirmos quem ficaria com qual cama e lado do closet desci para a cozinha onde ouvi uma Marina desastrada deixando algo cair. Isa estava tomando um banho.
_ O que a senhorita está aprontando aí em ?- disse a assustando e fazendo com que a colher em sua mão caia de novo me fazendo gargalhar alto.
_ Meu Deus garota, quase me mata!- ela diz rindo com uma cara assutada e a mão no peito.- Estou fazendo um café pra mim e pra Isa e um cházinho pra minha prima mais irritante do mundo.
Ela sabia, não sou muito simpatizada a café, em dias frios ou momentos específicos amo meu cházinho, seja de qual for.
_ Já disse que amo você hoje?- disse a abraçando e observando a Isa entrar na cozinha.
_ É tão bom ver a Ali tão feliz- Minha amiga disse se apoiando no balcão da cozinha com os olhos contentes.
_ Alicia, não me diga que ainda está se escondendo pelos cantos. Amizades novas? - olha pra mim e nego- Um ficante se quer?- nego novamente e vejo seu rosto de desapontamento aparecer.
_ Alicia Albuquerque já se passaram 3 anos, você tem que voltar a viver garota!- Ela se altera com lágrimas nos olhos, começo a me irritar. Odeio esse assunto.
_ Eu tô vivendo Marina, muito bem se quer saber, não preciso de ninguém pra deixar minha vida um mar de rosas e ninguém pra transformar minha vida em um clichêzinho, porquê isso NÃO EXISTE!
_ Amiga não é isso que ela quis dizer, desde tudo o que aconteceu você se fechou pra tudo e todos, gosta tanto de dizer que sua mãe é luz e é muito triste ver que a sua se apagou. - Isa diz chorando, ela nunca teve coragem de tocar muito nesse assunto e agora está aqui, me dizendo tudo isso. As duas, que eram pra me apoiar estão fazendo isso. E ainda tem coragem de chorar?
_ Que ótimo! Agora tem as duas pra se meterem na minha vida e dizer o que é melhor pra MIM! Eu vou trabalhar e viver minha vida como bem entender e NINGUÉM vai mudar nada !- disse com o ódio batendo em minhas veias abrindo a porta sem rumo, preciso não surtar, não posso surtar. Não agora.
Saí andando aleatoriamente pelas ruas frias e sem nem mesmo estar com o casaco apropriado pra isso, meus olhos embaçados de lágrimas por lembrar de tudo, por lembrar DELE.
Já não tenho controle sobre minhas lágrimas. Seus olhos, seu sorriso, sua cabeça sobre minhas pernas dormindo tranquilamente quando deveria está assistindo o filme que demoramos horas pra escolher. Sua cara de bravo quando fazia algo pra irrita- ló por querer e logo depois o sorriso por perceber o que estava acontecendo. Acabou. Davi, acabou!
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Um chá, em Londres.
RomansaAlicia Albuquerque Morais. 24 anos, cheia de luz e muitos sonhos, brasileira e formada em moda por uma universidade em Belo Horizonte. A jovem moça parte em busca da realização do seu tão esperado emprego, juntamente com sua melhor amiga, Isabela. S...