5: Operação Policial

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        Há quatro meses o pesadelo teve o seu início. Foi no decorrer deste tempo que moradores foram raptados. Até agora o número oficial é de dezesseis. Sete crianças, seis mulheres e três homens. E também no decorrer deste tempo, todos tomaram ciência de que a cada duas semanas, um sacrifício involuntário deve ser realizado. Alguns moradores de grande criatividade e de mente desprovida de qualquer ceticismo, criaram uma teoria de que um deus de tempos antigos está agindo. O nome do deus ao qual se referem? Muitos de muitas eras e de muitas crenças distintas foram mencionados, mas, nenhuma coerência foi estabelecida. Os policiais descartam qualquer palavra que parta do mundo da realidade em direção ao da fantasia e dos monstros.

        Seguindo ordens de superiores, equipes das forças policiais estarão hoje à noite, em pontos estratégicos esperando o Sequestrador. O plano arquitetado em uma pequena sala da delegacia local devolveu um pouco das esperanças a todos os agentes. Creem que irão conseguir acabar com isso.

         Os policiais estão suando frio e seus corações palpitam com força. Não passam de pequenos humanos. Seus instintos os mandam correr para debaixo de suas camas onde ficarão até tudo acabar. Nem as armas pesadas que vão carregar durante a missão os deixam confiantes. Então o melhor a se fazer é sentar em uma cadeira e esperar a noite chegar, fingindo que estão muito bem. Pode ser difícil esconder o medo, e para eles que nunca precisaram fazer isso, tudo se complica ainda mais.

        Esse sentimento de terror lhes veio de repente, como um alvo que é atingido por um projétil de atirador de elite há metros de distância. Não conseguem entender. Alguns resolvem beber um pouco, para espantar essas coisas.

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        − Vamos pegar o filho da puta, hoje! − Exclama o policial Mitchell.

        − Sim. – Concorda seu irmão, também policial, Sean.

        Estão em uma lanchonete, sentados no lugar ao pé da janela, cujas medidas avantajadas possibilitam a visão perfeita do lado exterior. Ao chegarem, olharam ao redor e poucas pessoas ali comiam, e estranharam, pois era horário em que os estabelecimentos ficam cheios. Olharam-se, e com esta ação confirmaram para si mesmos que ninguém tem mais a intenção de sair de suas residências, não importando o fato de o sol estar sobre a cidade ou não.

        Ambos devoram um hambúrguer que consideram de sabor inconfundível. O melhor da cidade. O lanche está acompanhando por fritas e um copo grande de refrigerante. Eles sabem que suas vidas nunca serão ganhadoras do prêmio de mais saudável do ano. "Foda-se!" Costumam dizer quando algum intrometido decide se preocupar.

        − Eu sei que esses dias estão sendo difíceis, mas...

        − Eu estou bem.

        − Não parece.

        − Eu estou bem.

        Sean e Mitchell fazem parte de uma linhagem de policiais que começou no início do século dezenove. Tataravós, bisavós, pais, todos serviram à justiça como homens da lei uniformizados. Contudo, não foi um homem que levou o legado para os irmãos, mas sim uma mulher. A mãe, cujo nome era Agatha Parker. Ela resolveu manter o sobrenome depois de se casar, e o seu marido nem protestara. Os ensinamentos dela para com seus filhos os transformaram em policiais honestos e dedicados, assim vindo a serem os melhores da cidade.

        Nos últimos dias Sean e Mitchell Parker passaram a dedicar o total de seus tempos e concentrações na tentativa de prender o Sequestrador. E a razão disto não está apenas ligada ao fato de serem bons policiais e almejar a realização de suas missões. Há um motivo mais triste e desesperador: o filho de Sean foi levado. Ainda têm noção de que o garoto não foi a única vítima e que várias outras famílias estão tão desamparadas quanto eles, no entanto, foi impossível não dar mais atenção ao resgate de Simon Parker. É provável que seriam considerados maus profissionais se alguém soubesse que acabaram levando o caso para o lado pessoal. É por esse motivo que não demonstram qualquer sentimento. Eles correm o risco até de serem afastados do caso. No início os seus superiores tentaram, mas ambos protestaram apresentando argumentos muito bons, e conseguiram a permanêcia na missão.

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