4 : Um Passeio À Rua Manhattan

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   São 16h e a última aula do dia na Gold Flower High School tem seu fim. Alunos saem da escola apressados pensando no que fazer pelo resto da tarde e da noite. Alguns ao chegar às suas casas não farão nada. Se os pais forem rígidos, terão que estudar ou fazer trabalhos domésticos, já que não é em toda família que se aceita adolescentes vagabundos. Jay está na primeira categoria, dependendo do ponto de vista. Alguns acham Jameson Harris um grande idiota que não faz nada, e quanto os outros... Esses também acham que ele não faz nada, mas compreende o porquê de ele não fazer nada. Sempre que alguém o pergunta por que não presta a atenção na aula, e se isso não irá lhe afetar no futuro, o garoto responde com calma que não. Ele sempre diz que não estuda na escola, porém estuda o que gosta em casa, e o que gosta é cinema. Dependendo do dia, assiste até três filmes por dia. Lê todos os livros sobre cinema que consegue encontrar, além de vez ou outra pegar o seu celular para filmar algum objeto da casa em vários ângulos. Há sempre alguém que diz a Jay que a formação escolar é muito importante para um cineasta, e ele por sua vez usa como exemplo o seu diretor favorito, Paul Thomas Anderson. E a partir daí é que se inicia uma discussão sobre a importância de estudar.

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   O sol está caminhando para descansar no Oeste, ao passo que Jay se dirige para fora da escola acompanhado de seus amigos. Todos os dias que colocam os pés nas escadas que levam para o caminho que vai para a calçada, o grupo de amigos acredita estar degustando o mesmo sentimento de liberdade dos prisioneiros que saem da cadeia depois de dez anos.

   Emma olha para cima e vê nuvens densas e cinzas se reunindo sobre a cidade. Ela espera que não caia um temporal como vem acontecendo esses dias.

   Aproveitando essa distração da sua amiga, Carly a analisa tentando encontrar traços de bem estar. Não ela não está bem, mas e Carly, como uma verdadeira boa amiga precisa tentar distraí-la de alguma maneira. Como fazer alguém esquecer que uma pessoa próxima foi sequestrada por um maníaco?

   − O que acham de irmos a algum lugar? – Pergunta Carly. – Eu estava pensando na nova pizzaria. Dizem que é fantástica!

   − Eu não posso. Prometi ao Mike que assim que largasse, iria a casa dele. – Responde Emma, tirando os olhos das nuvens.

   − Eu também não poderei ir. Preciso ir para casa fazer umas coisas que minha mãe pediu.

   Carly nem escuta a resposta de Jay, pois quando Emma recusou, ela já se prendeu em seus pensamentos, pensando em uma maneira de convencer a amiga. Não consegue pensar em nada.

   − Não sejam tão chatos. Vamos! Faz muito tempo que não fazemos nada juntos.

   − Isso não é verdade, fomos àquela festa há duas semanas. – Responde Emma, esquivando-se de um garoto distraído demais com o celular.

   − Mas não foi divertido. – Redargue Carly.

   − Só está falando isso porque levou uma surra da Abigail Davis. – Jay responde, sorrindo.

   − Eu não levei uma surra! – Exclama Carly com palavras pausadas e pesadas.

   Jay sabe como irritar uma garota.

   − Tenho certeza que sim. Ela subiu em cima de você e começou a te socar. – Continua Jay. Carly abaixa a cabeça e fecha os olhos. Suspira. Os cabelos castanhos lhe caem sobre o rosto.

   Eles param na calçada e formam um circulo mal composto, perto de um ônibus escolar, por onde garotos e garotas entram no desejo de chegar logo às suas casas.

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