vivaldi!winter

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["Não consigo escrever poesia: não sou poeta

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["Não consigo escrever poesia: não sou poeta. Não consigo dispor as palavras com tal arte que elas reflitam as sombras e a luz, não sou pintor. mas consigo fazer tudo isso com a música."]

Mozart.

Apesar do frio cortante daquela madrugada, o rapaz se fazia teimoso em permanecer a frente do piano. dedos cansados e doloridos pelas insanas horas sem descanso, se cobrando a todo momento até a minuciosa perfeição que nunca haveria de alcançar pelo senso auto crítico do jovem. Notas harmoniosas e aceleradas ecoavam na sala gélida, o rapaz poderia até mesmo sentir o gosto doce, amargo, azedo ou salgado de cada som feito ali, também dedilhava com tanta elegância e domínio que chegava a ser desumano, um dom vindo do meio divino.

Para a percepção do pianista tudo aquilo não passava de incompetência, pois como de costume atrasava o tempo justo no ápice, e o que para seus apreciadores era quase imperceptível, para o músico se tornava algo inaceitável. Deixou com que os dedos caíssem sobre as teclas, o som bagunçado e alto era irritante aos tímpanos, igualmente representava seu sentimento a partir de si mesmo, se achava irritante por errar tanto. suspirou em frustração, tudo parecia tão fácil em tese.

"Talvez me falte prática."

Mas já não haviam meios de melhorar algo tão próximo da perfeição. O problema não estava em suas notas, tão pouco em seu compasso "atrasado" na cabeça teimosa.
O problema estava em sua mente. Nenhuma crítica era mais rígida que as obscenas vozes gritando em seu vasto refúgio mental, sua percepção conturbada sobre si mesmo se fazia tão dura e cruel.

"Tudo emana som, tudo emana ritmo. Um compasso mal executado desfaz a ordem natural do som."

Gesticulava suas frustrações silenciosamente, não conseguia pensar direito meio a tantos gritos internos, estava exausto.
Por fim, mais uma noite de sono teria ido ao ralo, sabia que seus esforços para pregar os olhos não iriam resultar em nada.

sentiu-se esgotar.

As pernas grunhiam; como um ferido em meio ao campo frio de batalha, tendo como última visão um céu cinzento e sem vida. Seus braços rangiam e pesavam, como alguém prestes a ser executado, cansado e de joelhos para seu destino.
Logo percorreu a pele alva até alcançar-lhe os dedos, já não eram algo que pudesse sentir fazere parte do corpo tão frágil. Como um objeto de porcelanato, facilmente se quebraria.

Tudo doía, tudo emanava som.

Os sentidos estavam desaparecendo, pouco a pouco deixando a boneca de porcelana imóvel e impotente, era de praxe acontecimentos desse tipo.

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⏰ Última atualização: Nov 23, 2020 ⏰

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