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Daniel passou o dia inteiro ao meu lado.
Josh não voltou depois do acontecido e minha mãe não falou mais nada.
Estava arrumando as cobertas para Daniel dormir comigo.

— Não vai falar com sua mãe? — Escutei o mesmo.

— E por que eu falaria com ela? — Senti o peso do que eu falei, e logo pensei em arrumar isso, mas algo me dizia que não deveria, pois a errada sempre foi ela.

— Para não ficar esse clima chato entre vocês duas. Sei lá... ela é sua mãe.

— E eu, sua filha. Acha mesmo que ela pensou em mim?

— Acha que ela não está arrependida por isso? — Olhei para Daniel. Suspirei fundo.
Talvez ela já tenha ido dormir para esfriar a cabeça e talvez nem esteja preocupada...
Ou talvez esteja criando coragem para vir falar comigo. Há possibilidades de a mesma estar receosa de falar comigo.

— Me espere aqui. — Falei recebendo um olhar satisfeito dele.

Desci as escadas, vendo a mesma sentada na mesa com uma xícara de café. Provavelmente estava fria, sem nem ter sido tomado um gole.

Sentei em sua frente.
— Oi... — A mesma arrumou sua postura na cadeira.

— Oi. — Respondeu.
Suspirei fundo, observando a mesma com os olhos fixos na xícara.

— Daniel está aí?

— Sim, está.

— Não o deixe sozinho lá, ou chame ele para vir aqui.

— Na verdade, eu quero falar com você... só eu e você... — A mesma aquiesceu sorrindo fraco.
Alguns segundos de silêncio se estabeleceram, eu não tinha idéia de como começar uma conversa.

— Você sabe que eu não gosto de café, não é? — Falou e eu assenti. — Mas seu pai gostava e é tão bom sentir o cheiro, porque me lembra das manhãs que ele sentava na mesa comigo enquanto eu tomava chá. As manhãs eram preenchidas de assuntos aleatórios de nós dois e com o cheiro do café que ele fazia para si. — Seus olhos enchiam de lágrimas. — Eu não queria que o tempo passasse nunca, só para ouvir ele falar e olhar no fundo de meus olhos e prestar toda sua atenção do mundo quando eu falava algo. — Ela limpou as lágrimas, me fazendo sentir o embargo na garganta. — Quando você nasceu, ele ficou tão feliz que falava pra todos que tinha uma linda princesinha para proteger. Ele sempre tratou você como se fosse a melhor coisa em sua vida. Como se fosse mais valiosa do qualquer coisa no mundo inteiro. — Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto e eu limpar com a manga da blusa. — Eu sei que você sente saudade dele, Sam. Sei que é muito difícil aceitar Josh agora, ainda mais depois do que aconteceu. Mas eu prometo que tudo vai melhorar e que ele não vai mais tocar em você, nunca mais. — Sorri fraco, não acreditando nessas últimas palavras.

Mas sei que está doendo nela tudo o que ocorreu e que ela se importa comigo ainda.

Me levantei de meu lugar e a abracei.
Logo o abraço foi retribuído e senti como se aquela dor tivesse melhorado e todos os pedacinhos de dentro de mim haviam se encaixado no devido lugar.
Era bom estar com ela ali do meu lado.

Subi as escadas de volta ao meu quarto depois de falar com a mais velha, e logo vi Daniel deitado na cama dormindo.
Desliguei a luz e deitei com cuidado ao seu lado para não o acordar. Assim que deitei, o mesmo pousou seu braço em minha cintura e logo o calor de seu corpo me confortou.

— Deu tudo certo? — Escutei sua voz levemente rouca. Sorri.

— Sim, está tudo bem agora.

Sempre Ao Seu Lado • Daniel Seavey Onde histórias criam vida. Descubra agora