restart - 14º capítulo

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Depois de me vestir bastante devagar, sempre com a esperança de que Maddie mudasse de ideias e pedisse para ficar em casa, saímos as duas num passo acelerado para que o frio não se fizesse sentir nos nossos corpos quentes. 
Nada foi dito no caminho até casa do Ryan mas não me importei com o peso do silêncio entre nós. Há dias que precisamos disto. 

- Meninas. - Disse Ryan, depois de tocarmos no pequeno sino enferrujado junto à sua porta. - Entrem, vou buscar mantas e o computador. Sintam-se em casa, já sabem.

A casa de Ryan era a típica casa antiga. Quadros de antepassados enfeitavam o comprido corredor, dando caminho para a grande sala de jantar. Pesadas cortinas impediam qualquer raio de luz que tentasse passar as janelas antigas, o que fazia com que se sentisse um frio gélido dentro daquela casa. O cheiro da madeira velha fazia comichão no nariz e lembrava-me de quando era mais nova, de quando me escondia debaixo da comprida mesa para que a minha mãe não me levasse para casa e me impedisse de continuar a brincar com os meus amigos.

Com as observações que ia fazendo pela casa, dei por mim já sentada no grande sofá antigo.

- How I met your mother? - Perguntou Ryan sentando-se ao nosso lado, pousando o computador na pequena mesa de centro. - Só para fazermos tempo até sairmos.

Os meus pensamentos foram cortados por aquela sua ultima frase. "Até sairmos"?

- Onde vamos? - Perguntei a medo, não sabendo ainda se a resposta me iria agradar.

- Ao aniversário da mãe do Jason. São os seus 50 e acho que está a organizar uma festa com todos os amigos e conhecidos que estejam por aqui. - Respondeu-me Maddie com um sorriso. - Estou ansiosa por ver tanta gente na nossa pequena aldeia.

Franzi o nariz. Ver Jason neste momento não é, de todo, os meus planos favoritos.

- Não faças essa cara, Soph. Podemos ir só à parte do jantar. - Disse-me Ryan, percebendo o meu desconforto.

Assenti, sem nada dizer. A minha mania estúpida de me calar e aceitar tudo ainda me vai trazer muitos problemas...


O tempo passou mais rápido do que desejava e, quando o relógio bateu as 19h, olhámos uns para os outros, à espera de algum "está na hora de nos irmos arranjar". Ri interiormente pela nossa inércia conjunta.

- Vamos ou?... - Maddie foi cortada por Ryan.

- Vamos. Prometemos que íamos.

Num suspiro, levantámo-nos e preparámo-nos psicologicamente para o clima frio que iriamos ter de lidar até casa do Jason.


O vestido justo fazia jus às minhas curvas o que me deixou desconfortável à frente do espelho comprido do meu quarto. Os saltos já calçados faziam o meu andar descoordenado até à casa de banho onde Maddie se maquilhava ao som de Ariana Grande.

- Penso seriamente em vestir uma sweat e umas calças. - Digo, sentando-me na tampa da sanita para recuperar das dores nos pés. - Festas elegantes não são definitivamente para mim.

Maddie suspira enquanto acaba de retocar a sombra castanha dos seus olhos.

- Estás linda. És linda. - Disse Maddie, motivando-me para que continuasse assim vestida.

O meu coração frágil batia mais rápido à medida que me aproximava do largo da aldeia. A ideia de ver Jason matava-me interiormente. Vê-lo e não o ter, destrói-me.
Concentrei-me então no meu andar, no bater dos saltos na calçada. No frio. No meu cabelo incrivelmente preso, que me fazia doer a cabeça. Concentrei-me em tudo na esperança de não pensar mais no rapaz loiro que iria estar à minha frente daqui a pouco menos de 3 minutos.

- Vai correr bem. Estás linda. - Disse-me Ryan, agarrando-me no braço. - Só não caias de cima desses saltos, por favor.

Uma gargalhada conjunta soou no ar, enquanto ambos pensávamos o quão engraçado seria eu cair no meio de uma festa tão elegante como esta.

A porta estava aberta. Um grupo de homens fumava à entrada enquanto riam e falavam sobre as suas vidas, animadamente.
O meu coração estava prestes a saltar-me do peito e um nó na garganta impedia-me de respirar.

- Olá Sophia não Soph. - Ouvi e arrepiei-me.

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Alô alô. Já faz 4 anos que não escrevo aqui e peço desculpa por isso. A vida nem sempre corre como gostamos e temos de meter alguns sonhos para trás das costas à medida que crescemos.
De qualquer das formas, voltei a escrever. Já não para o fazer como futuro, mas como terapia. Agradeço a todos os que lerem, votem e sintam a paixão com que escrevo. Para mim não há nada mais importante do que isso.
Um resto de bom dia e sejam felizes

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