Não é a palavra que eu mais escuto todos os dias, é a única resposta para a minha única pergunta.
— Posso viajar?
— Não, Bia — minha mãe repete.
Meu pai mexe apenas os olhos passando os pelo jornal em silêncio.
— Papai...
— Ouviu sua mãe — ele me corta.
Ah, tenho vontade de bater o pé no chão irritada e bater a porta do quarto como já havia feito quando era adolescente, tô crescida para fazer isso mas vontade não falta. Respiro fundo e volto para o meu quarto sem bater a porta calma como um lago.
Me jogo na cama assustando meu gato pego meu celular e mando mensagem pra a única pessoa que aguenta meus surtos.
Aaaaaaaaahh–
— Bom dia pra vc
TbmEu quero me jogar–
da janela– Eles não vão negar
pra sempreEu não tenho –
paciência não– Vc vai desistir?
Lilian tu sabes com quem–
Tu tá falando?– Ui Ui
Vou fazer uma idiotice–
– Jura?
Ei me respeita–
– Ok, mas oq vc vai
fazer?Vou viajar sozinha–
– Ok, agr vc tá me
assustando😈–
— Tem um garoto lá na porta te esperando — o mordomo abre a porta do meu quarto — quem é ele?— pergunta com um sorrisinho no rosto.
Mordo o lábio para conter um sorriso de orelha a orelha.
CHEGOU!
Levanto da cama com um pulo e corro até a porta passo pelo mordomo como um vulto, quando finalmente fico de costas para ele corro descalço pelo corredor de chão frio, a sensação é boa mas não tão boa quanto descer as escadas pelo corrimão — ainda bem que estou de calça não de vestido como sempre —, chego até a porta e a abro quase arrancando ela da parede.
— Trouxe o que eu pedi?! — pergunto.
— Credo, calma eu trouxe — o garoto branco de cachinhos castanho claro me olha como se eu fosse doida.
Estendo a mão pra que ele me entregue oque pedi a uma semana. Ele me entrega a identidade falsa também conhecida como minha liberdade, já tenho tudo que eu preciso, falsificado porém de boa qualidade, só falta a coragem mesmo.
Mesmo querendo muito sair dessa jaula com uma piscina e um ar condicionado em cada cômodo, ainda tenho receio de ir, tenho receio de dar tudo errado e não conseguir oque lutei tanto para ter. Minha liberdade.
— Tchau — o menino diz se virando para ir embora.
Fecho a porta sem dizer "tchau", escondo a identidade falsa no bolso do macacão preto junto com o meu celular e volto a subir a escada — essa casa precisa de um elevador— digo sozinha.
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A um oceano de distância
RomanceBia é uma garota de 18 anos e de classe alta que está rodando o mundo sem a autorização dos pais, ela está a procura de diversão e liberdade mas não sabia que encontraria algo mais ou alguém. Alguém que a faria se sentir a pessoa mais sortuda do mu...