São Paulo, data incerta (mais ou menos o final de 2018).
_Rápido nós temos pouco tempo!
Uma figura de um homem e uma mulher passam rapidamente. Para nossa pequena observadora, tudo não passa de uma brincadeira. Tão inocente. Como todas as crianças devem ser. Os adultos agarram a criança que deveria ter 8 anos pelo braço e correm. Saem de um pequeno prédio, correm por uma rua esburacada e estreita. A lua reina soberana. Entram em um outro prédio, sem elevador, se direcionam às escadas, sobem quatro andares e arrombam o primeiro apartamento que veem. Os adultos são seu pai e mãe, a pequena consegue reconhecê-los mas não pode ver seus rostos.
_Vamos jogar um jogo querida? Hein? Enquanto seu pai fica aqui, nós vamos naquele quarto, ok?
_O que tá acontecendo, mamãe?
_É... eu... nós..._ emitiu um suspiro, e olhou diretamente para os olhos da menina, esta olhava fixamente para o chão sentindo a tensão da conversa._ Eu preciso que você ouça isto. E-eu te amo muito, seu pai também. Você é a coisa mais preciosa que existe para nós_ lágrimas caíram no chão seguidas por um abraço forte.
A mãe levantou rapidamente, enxugou as lágrimas e se dirigiu ao quarto com a menina. Entrando no quarto a mulher tranca a porta, com a chave que já estava na fechadura, e diz: “Não faça nem um ruído, querida. Tudo vai ficar bem”. A mulher se abaixa na frente da garota, se concentrando. A menina, que não entendeu o que estava acontecendo, começou a observar o cabelo de sua mãe. A pequenina começa a refletir, por que o cabelo dela é preto e o meu é branco? Eu não sou velha, não deveria ser o contrário? Sem tempo de elaborar uma resposta satisfatória, sua mãe começa a liberar uma luz roxa, concentrada principalmente nas mãos; a luz não era tão forte, mas no quarto escuro ficava exagerada. barulhos de tiros próximos rompem o silêncio e a surpresa da criança, 1, 2, 3, 4 tiros, gritos de dor e sofrimento, muito sofrimento. Sua mãe cria uma esfera roxa, brilhante do tamanho de uma bola de gude a sua frente, esta se abre em um grande círculo suspenso no ar, com bordas brilhantes e roxas, no seu interior estava uma passagem para uma rua. Era um portal. sente as mãos lisas e pequenas de sua mãe ao seu redor e seus pés saindo do chão, vê o portal se aproximando, a porta é arrombada, as duas estão passando pelo portal quando mais tiros são disparados, o portal se fecha e elas caem.
A garota levanta, olha em volta, uma rua deserta, a única pessoa vista em quilômetros é um morador de rua dormindo em outro quarteirão. Vira em direção a sua mãe, cai de joelhos ao presenciar tal cadáver, o portal se fechou quando sua mãe passava, o que via a sua frente era o tronco de uma mulher separado do resto de seu corpo, o rosto estava no chão, encoberto pelos cabelos e muito, muito, sangue. Sentiu um calor em seu corpo, pôs-se a chorar, deu um soco no chão e um grito abafado. Uma ponta de dor surgiu em seu pescoço, um dardo lhe acertou neste ponto e de repente caiu...
Acordou eufórica. Foi um sonho. Cabeça tonta. Girando. Confusa. A mesma menina, mas agora no corpo de uma mulher, estava deitada em uma cama branca simples, apenas um colchão com lençol e um travesseiro. Na verdade, todo o quarto era branco, as três paredes e a privada em um canto; a outra parede era de vidro com buracos circulares, única passagem de vento do quarto sem janelas, atrás do vidro um corredor grande que, de dentro do quarto, só se podia ver uma parte. Nenhuma porta visível. Apenas uma pequena caixa, no vidro, por onde deve passar a comida e medicamentos.
Essa jovem de, no máximo, 18 anos, caucasiana, com cabelos completamente brancos, olhos castanhos e um macacão também branco, sentou-se na cama, não sabia ao certo o que fazer. Começou a observar os dedos, suas unhas tinham manchas brancas nada uniformes. Alguns eram maiores, outros menores, um estava mais em cima, já o restante estava distribuído entre o meio e a base. Um pouco confusa, tentou achar outra coisa que ocupasse sua mente. Foi quando dois enfermeiros passaram conversando, a passos bem lentos.
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Cidade de máscaras
General FictionHabilidades notáveis, sobrehumanas, são uma realidade que precisa ser escondida. Após a morte do irmão, Theodoro e Hellena começaram uma nova vida em São Paulo, lugar onde todos podem ser invisíveis. Entretanto, várias complicações colocam em xeque...