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esse capítulo deve ter alguns errinhos que irei corrigir mais tarde, okay? votem e comentem bastante, deixa a autora feliz :')

boa leitura!

Com certeza o sangue que passava naquele momento pelos vasos de Hirai estava gelado.

Durante aqueles segundos em que Dahyun deixou que o silêncio perdurasse entre elas, pensou que mais uma enxurrada de críticas e comentários preconceituosos fosse lhe atingir.

Quando criança tinha o costume de sempre esperar o melhor dos outros. De certa forma, aquilo não se apagou com o tempo, mas foi acompanhado pelo medo de que elas também fossem o pior possível. Manter o brilho de uma criança era difícil num mundo tão hostil. A ingenuidade e a inocência são valorizadas apenas quando perdidas, e Momo descobriu aquilo quando era apenas uma garota entrando na puberdade.

Quando suas colegas da escola ficavam juntas conversando sobre os rapazes do ensino médio e enaltecendo sua beleza, e a morena não conseguia enxergar nada de extraordinário. Por outro lado, se sentia um tanto quanto maravilhada sobre as garotas mais velhas. Admirava o estilo e o olhar, chegava a enrubescer quando uma delas lhe cumprimentava de maneira amigável e simpática. Ao expor isso às amigas, recebeu palavras duras em resposta. E ficou magoada, passou anos pensando em tudo o que havia de errado consigo.

Se escondeu até finalmente começar a entender que não havia nada de errado. Apesar disso, foi isolada das outras, e por mais que tenha lhe deixado uma marca de tristeza na época percebia que fora necessário para que ela finalmente conhecesse os anjos de sua vida.

Depois foi sobre sua profissão. Sempre amou desenhar e ilustrar, sua criatividade parecia não ter fim. Artes lhe atraíam em mais de uma dimensão: desenho e pintura, esculturas, dança e canto, teatro. Tudo isso já fora experimentado por si, mas a faculdade de design era seu sonho. Foi a primeira vez que de fato enfrentou a família, mantendo-se firme sobre o que queria fazer. Em tantas coisas ela cedia, desde o que vestir até para onde ir, mas não queria ter o futuro ditado por aqueles que nem sequer lhe conheciam mais.

Na faculdade passou por tantas outras situações que lhe fizeram chorar e sentir raiva, mas uma coisa não ia embora: seu brilho. A criatividade que nunca abandonava a japonesa se expressava de diversas maneiras em todos os momentos, e ajudava tanto no trabalho quanto na vida pessoal. Uma pedra no caminho poderia ser facilmente pintada de vermelho, para que outros não tropeçassem, e então lembrada como uma tela em branco através da qual Momo pôde dizer que passara por ali. Nada fugia de seus grandes olhos castanhos ou dos dedos curiosos, da audição faminta por novos sons. Por dentro, mesmo tendo amadurecido, ela conservava a juventude mais vívida.

Mas ali, naquele café vinte e quatro horas dentro do aeroporto, estava cansada e triste. E seu brilho esmaeceu um pouco, ela só conseguia sentir o medo agora. Esperar Sempre o Melhor dos Outros não andava ao lado da Apreensão naquele instante, e era talvez uma das piores sensações para si.

— Me desculpa dizer isso, de verdade. Mas, com todo o respeito… — uma pausa pareceu depositar mais peso ainda sobre a voz da atendente. — Sua família é uma merda.

E talvez fosse a melhor coisa que pudesse ouvir ali. Talvez aquela fosse a melhor das possibilidades que passavam pela mente confusa de Hirai, parecia que uma bigorna que antes pressionava o peito dela havia sido retirada, e finalmente podia respirar corretamente mais uma vez.

— Não quero ser rude, nem mal-educada, mas não sou muito tolerável com esse tipo de atitude. — confessou, os dedos inquietos se moviam sobre a mesa enquanto ela crispava os lábios. — Eles agiram de forma horrível, e sua amiga Chaeyoung estava errada: eu não consigo ser imparcial.

Coffee Time [DahMo]Onde histórias criam vida. Descubra agora