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bem-vindos e obrigada por dar atenção à Coffee Time!!!! votem e comentem para eu saber se estão gostando da história!

boa leitura!!!

Momo mal acreditava na situação em que se encontrava. Estava tão frustrada que nem sabia o que fazer, olhava para o bilhete de embarque e lia mentalmente o horário previsto para a saída do voo. Naquele momento já deveria ter embarcado, mas ainda encontrava-se sentada num dos bancos do aeroporto e não havia previsão de quando voltaria para casa.

Os fios negros da franja precisavam de um corte, já caíam sobre os olhos escuros, mas não a atrapalhavam de fato. Cansada e com dor de cabeça, só pensava em ligar para seus pais e voltar para a casa no interior do país. Mas então se lembrava da razão pela qual comprara uma passagem de última hora, da razão pela qual seu rosto esquentava e as lágrimas se acumulavam tão rápido quanto a lembrança invadia sua mente. Não queria voltar, de preferência nunca mais, e tinha quase certeza de que sua família também não queria que ela o fizesse.

A cena de sua tia entrando na cozinha e ouvindo sua conversa pelo telefone era nítida na memória de Hirai, a feição dela quando ouviu o nome de sua, agora, ex-namorada ser proferido por si.

— Não dá mais certo, Dongbaek... Não minta para mim, eu sei de tudo. — mexia no pano de prato sobre o balcão enquanto dizia, distraída com o momento. — É melhor terminarmos. É melhor para você e para mim, ficaremos melhor dessa forma.

Só percebeu a presença da mais velha quando ouviu o prato de doce cair no chão e quebrar-se em pedaços. Os olhos esbugalhados, tensa, parecia não respirar. E maior que o medo de que ela não estivesse mesmo respirando, em Momo, prevalecia o medo do que viria em seguida.

A forma com que toda a sua família lhe tratou foi um baque tão grande para si, mesmo que já esperasse. Mas a verdade era que, no fundo, ainda havia uma pontinha de esperança de que eles fossem lhe aceitar. Era tão utópico que chegava a ser engraçado agora.

Momo também temeu pela prima e pelo primo, que também não eram heterossexuais. Eles tinham 17 anos, nem passava pela cabeça dela ser tão cruel ao ponto de revelá-los também. Mas foi inevitável olhar para ambos com apreensão do que viveriam, do que seriam forçados a fazer até a independência.

Foram anos escondendo isso de todos, menos daqueles dois. E Momo estava bem, disfarçava bem quando lhe apresentavam um rapaz ou faziam comentários maldosos sobre sempre estar solteira. Chegou a levar um amigo e pedir para que ele mentisse consigo, apenas para que tivesse alguma paz. E toda ela pareceu ir embora como um balão de gás hélio sobe sem parar quando não há barreiras, até que esteja tão alto que apenas estoure.

Talvez nunca fosse se esquecer de como seus pais lhe olharam. Das palavras duras da mãe, lhe marcando tão forte que parecia deixar um hematoma em seu âmago.

Se a rejeição é difícil, a rejeição dos seus pais é ainda pior. Quando se tem amor e carinho sob a exigência de que você seja de determinada maneira, que na verdade você não é, a vida fica sufocante. Momo não sabia dizer o que era pior, até aquele dia. Até ouvir da família que sua pessoa era errada, que precisava de ajuda para ser consertada. O quão deturpado é isso?

Mandando mensagens para o grupo com as amigas, a visão turva o tempo todo pedia que ela secasse as lágrimas. Foi no meio disso que o aparelho deu sinais de que a bateria chegava ao fim. E poderia ser natural, mas naquele momento Momo não podia ficar sozinha, não mais do que já estava.

Desesperada, apanhou o carregador na bolsa e procurou por uma tomada próxima a si. Nas paredes, na base dos bancos, em alguma pilastra... Nada.

Que aeroporto estúpido não possuía tomadas?

Coffee Time [DahMo]Onde histórias criam vida. Descubra agora