Nove

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Esse capítulo é um pouco curto, sorry.

***

Como prometido, todos que eram Skaikru deixaram assim que o sol nasceu. Eu não sabia o motivo de Clarke ter ido já que ela era a líder deles e Lexa havia dado um cargo para ela aqui, mas aparentemente eu poderia lidar com as coisas enquanto eles não voltavam.

Com Titus preso no calabouço por causa da nova política - sangue não deve ter sangue - e outro Fleimkepa ainda a caminho, Lexa se encarregou de ensinar todos os Natblidas e treiná-los. Na verdade, a maior parte do tempo ela treinava comigo e deixava que os outros treinassem entre si. Eu estava claramente em desvantagem com muita coisa. Eu não sabia muito sobre a cultura e - pelo que eu tinha notado - muito menos sobre técnicas de luta ou como me portar na floresta. A Comandante teria muito trabalho para me ensinar sobre essas coisas, isso ela mesma deve ter notado. Tudo o que Octavia havia me ensinado não chegava nem perto do que era exigido de mim como Natblida.

"Heda." A chamei, decidindo testar meu Trigedasleng. "Por quê você ainda existe comigo?"

"Insiste." Ela corrigiu, me dando um pequeno olhar orgulhoso por estar me esforçando na nova língua. "Porque todos merecem uma chance."

"Eles tem treinado por anos, eu não sei lutar para salvar minha vida." Murmurei cabisbaixa, a situação realmente me deixava desconfortável.

Quando cheguei em Polis por causa do meu sangue, a única razão pela qual não fui morta, já cheguei de paraquedas. Não esperava ter que ficar aqui, ou pior ainda, praticamente ter direito a outro trono. Eu percebi que liderar não era a minha praia e nunca foi porque só de pensar nas coisas que teria que fazer, meu estômago se revira.

"Ainda assim já consegue formar frases congruentes em nossa língua." Lexa apontou e eu franzi a testa, olhando para os outros jovens descansando. "Sua técnica de luta não é perfeita para um aprendiz, mas já é o suficiente para se defender. Diga-me, S/n, o que te torna diferente o suficiente para não merecer uma chance como todos os outros?"

A resposta veio sem pensar duas vezes. "Eu não seria capaz de matá-los." Meus olhos pararam especialmente em Aden, que bebia água com vontade. "Não importa para mim que eles queiram me matar, eu daria minha vida se isso significasse que ninguém precisaria mais entrar em uma conclave."

Depois disso ela não falou mais nada, apenas se levantou e seguiu na direção do meio do local de treinamento, retomando a aula. Minha mão foi automaticamente foi para o meu lado, o tiro de raspão que eu havia levado me impedia de lutar junto com eles e minha mão ainda não estava cem por cento, mas eu guardaria cada movimento.

***

Dias após nossa conversa, Lexa foi visitar Titus e me levou junto. O motivo é um mistério até para mim. Acho que ela queria que eu conhecesse mais sobre Polis, os prisioneiros inclusos.

"Heda." Ele a cumprimentou assim que a viu, haviam olheiras fundas em seus olhos. Provavelmente de arrependimento por quase tê-la matado. "Suponho que seu novo Fleimkepa não chegou?"

"Isso já não o condiz, professor." O homem balançou a cabeça levemente, de forma quase imperceptível. "Diga a S/n os três pilares de um Comandante."

"Mas-" Ele tentou dialogar, porém o olhar sério e duro de Lexa o fizeram parar, respirar profundamente e se virar em minha direção. "Sabedoria, compaixão e força."

"Agora, diga a ela o que dizia ao final de toda aula."

Pareceu precisar de uma força fora do comum para que as palavras saíssem de sua boca. Eu podia dizer que ele se sentia culpado, mas também podia dizer que não gostava de mim. Skaikru havia se tornado o meu povo e se eu ganhasse alguma conclave, não seria a Comandante vinda de um clã grounder, mas sim de um clã do céu.

"Treine com mais afinco e se lembre que você é digna do seu Nightblood."

Olhei para Lexa, tentando entender o que ela estava querendo dizer com aquilo, porque Titus não era importante para mim e não importava o que ele dissesse, suas palavras não faziam diferença alguma. Ela entretanto ignorou o meu olhar questionador, continuando seu discurso em seguida.

"São três pilares que ele me ensinou e, aparentemente, esqueceu de ensinar a si mesmo." Ela disse voltando a olhar para dentro da cela. "Porém três pilares que você tem." Seus olhos finalmente encontraram os meus. "S/n, um líder não é quem mata seu povo e sim aquele que faria de tudo por ele." Um olhar rápido e - ouso dizer, agradecido - foi direcionado a mim. "Assim como fez comigo."

Ouvi ela dar um adeus breve a Titus antes de se virar e eu a segui como um animalzinho sem dizer nada para o Fleimkepa frustrado, porém não perdendo a oportunidade de olhar a minha volta. No calabouço - obviamente - era muito escuro, entretanto as velas tornavam possível ver melhor. E foi exatamente por conta das velas que iluminavam o local que no meio do caminho minhas pernas travaram, minha garganta secou e minha mandíbula caiu. Eu não podia acreditar no que meus olhos estavam vendo e a mulher dentro da cela se levantou para me olhar percebendo o meu parar súbito.

Ela estava diferente e eu sabia que os anos não haviam sido nada gentis, ainda assim ela parecia me reconhecer por algum milagre. Seus cabelos eram longos, bagunçados e sujos assim como suas roupas e sua pele. Havia uma corrente em sua perna que a impedia de ir longe, porém seu corpo magricela se aproximou das grades e as segurou. Os olhos tão arregalados quanto os meus pareciam procurar respostas que nem ela, nem eu conseguíamos descobrir. A pergunta principal - e eu penso isso pela maneira que ela me olha - é: como ela está viva?

"S/n?" A voz da Comandante me chamou, mas eu não consegui responder ao seu chamado.

"M-mãe?"

***

O que vocês acham do ritmo que a fic está indo? Eu deveria ir mais devagar ou deixo do jeito que tá? Até o próximooo

Mountain Girl (Lexa/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora