50

1.5K 109 70
                                    

Roger chegou no quarto de Anna, ela nos enviou uma mensagem avisando que os dois estavam nos esperando para tomar um vinho. Encontro com Hero assim que abro a minha porta, que coincidência, não é?

Não havia falado com ele depois que saí do seu quarto, fiquei arrumando minhas coisas, pensando em tudo o que passei desde que cheguei em Atlanta pela segunda vez para gravar o filme. Foi realmente outra experiência que nunca saberei expor em palavras o quão perfeita foi para mim.

Nos encontramos na frente da porta de Anna:

"Oi."

"Oi."

Nos encaramos por um tempo e então Hero desviou o olhar e bateu na porta.

Roger estava muito feliz quando abriu:

"Ah se não são os meus queridos! Entrem! A casa é da Anna!"

Anna então nem se fala, estava com um sorriso de orelha a orelha, muito encantada com o resultado das gravações. Conversamos e demos risadas de tudo o que deu certo, do que não deu, de cada reação, de cada sensação, abrimos umas três garrafas de vinho, mas não me lembro se bebemos a terceira inteira, deitamos no chão e ali ficamos por algumas horas, nós quatro, continuando todos os assuntos que apareciam em nossos pensamentos.

Roger foi embora depois de meia hora se despedindo dos dois e disse para mim:

"Jô, eu juro que amanhã será seu último dia, aí eu te libero está bem?" Ri e concordei com ele.

"Até amanhã..." 

Já estava tarde e estávamos alegres demais para lembrarmos de voltar para os nossos quartos. Voltamos todos para o chão, deitamos ali, continuamos a conversar até cochilarmos... Anna deitou no sofá porque sentira sua coluna doer, mas Hero e eu dormimos ali mesmo, jogados no chão, desmaiados de tanto vinho e cansaço...

Fechávamos nossos olhos lentamente e vi que antes de dormir, Hero, que estava jogado do outro lado da sala, estendeu o braço em minha direção tentando me alcançar, estendi de volta e tocamos as pontas de nossos dedos, depois disso apagamos.

O clima ainda não estava como antes, sabíamos que se ficássemos juntos de novo teria a hora da despedida, e ela seria ainda mais difícil, nem ele nem eu queríamos isso, então, acho que sem querer nós dois pensamos na mesma coisa. Nos afastar, ou ao menos tentar...


No dia seguinte acordei com o relógio, era de manhã e meu voo saía em quatro horas, levantei antes dos dois acordarem, fui para o meu quarto, tomei banho, arrumei minhas coisas e voltei para me despedir. Ao entrar no quarto de Anna novamente, os dois já tinham se levantado, e quando pensei que estava pronta para ir embora, pararam para me receber em um abraço apertado. Anna me pedia para avisá-la quando chegasse em casa. 

"Está bem!"

Olhei para os dois, no fundo de seus olhos e agradeci por tudo. 

"Obrigada você Jô, por ser a nossa Tessa, e ser essa menina/mulher espetacular."

Anna se virou e eu dei um último abraço em Hero, que me apertou o máximo que pode:

"Me manda mensagens, que juro que te responderei de volta."

"Duvido... Mas vou..."

Nos olhamos fixamente de novo, pego sua mão, dou um sorriso, me viro a soltando, ele segue para o corredor. No quarto estava decidida, feliz, com um sentimento de dever cumprido, ansiosa para terminar minhas últimas cenas e depois viajar para rever a minha família, os meus amigos, não poderia estar melhor, até que:

"Jô."

Ele corre até mim, do final do corredor, vou até ele e o encaro, ele coloca suas mãos em meu rosto e me beija apaixonadamente, suas malas caem no chão e coloco meus braços em cima de seus ombros, o beijando de volta, ele me puxa pela cintura e me enrola em seus braços, massageio seu cabelo enquanto os beijos ficam mais intensos e deliciosos.

Nos beijamos por muito tempo, tê-lo ali comigo me trazia um sentimento de segurança e tranquilidade. Paramos de nos beijar e eu o abracei forte, senti seu cheiro, e ele sentiu o meu, então ouço:

"Te amo."

Bem baixinho, quase sem som, aquilo me faz explodir por dentro, dou um sorriso e respondo de volta, cochichando, como se fosse um segredo só nosso:

"Eu te amo."

Então voltamos a nos encarar, sem precisar falar mais nada, só no olhar, já me dizia tudo o que eu precisava, e sinto que para ele foi o mesmo. Ele pegou suas malas, se virou e seguiu seu caminho, fiz o mesmo, respirando fundo e com a sensação de que essa não seria nossa última despedida.


Nunca imaginei que despedir de Roger também seria tão difícil, ele é um grande diretor, realmente, e uma grande pessoa, tenho certeza que terá muito sucesso pela frente. Depois de finalizarmos minhas últimas cenas no dia seguinte, parte da produção e dos câmeras que ainda estavam no set bateram palmas para mim e para o projeto, Roger falava como foi bom ter me conhecido e eu dizia o mesmo a ele, ficamos abraçados por alguns bons minutos e então me despedi dos outros também, com uma mistura de sentimentos: tanto de felicidade quanto de tristeza.


Segui o meu caminho até o aeroporto, um caminho que agora era para casa, para a minha família, um caminho que não sabia ao certo o final em um futuro distante, nem para onde ele me levaria, mas sabia que me levaria para algum lugar e era exatamente isso que eu queria.

Por Detrás das Câmeras - HerophineOnde histórias criam vida. Descubra agora