A primeira palavra de Harry em um supermercado

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A COISA MAIS DIFÍCIL DO MUNDO TROUXA era o supermercado. Sirius sabia que, nesse quesito, os trouxas eram mais modernos, pois os bruxos ainda faziam suas compras em burgos ou ruas estreitas com lojas minúsculas como o Beco Diagonal. No entanto, ele preferiria estar em uma feira naquele momento do que diante de uma porta dupla que só abre quando seu nariz está a centímetros de se arrebentar no vidro. Ou, usando um feitiço de levitação simples para carregar as sacolas ao invés de fazer malabarismo entre um carrinho e o pequeno Harry, o qual parecia ter fobia do chão (pelo menos, quando tinha a opção de ficar no colo do padrinho). E, claro, Sirius preferiria estar sozinho.

Porque Remo ria igual a um desgraçado ao seu lado.

— Eu consigo fazer isso — Disse Sirius, rabugento. — Não é difícil.

Remo deu de ombros.

— Você sabe que tem uma cadeira no carrinho, não sabe?

Se Sirius não estivesse com Harry em seu colo, ele teria soltado um palavrão. Contudo, ele se contentou em acenar para uma senhora que passou ao seu lado, curiosa com o casal... peculiar. Sirius descobriu a tal cadeira do carrinho de supermercado. Harry não ficou nada satisfeito, mas para a sorte de Sirius, o menininho não fez nada além de um bico e passou a se entreter com as pessoas que entravam e saindo.

— Po! Po! — Disse Harry pela milésima vez naquele dia. Nem Sirius, nem Remo tinham ideia do que ele queria; talvez fosse sua maneira de dizer algo parecido com pai, mas se Harry queria James, não tinha muito que eles pudessem fazer.

(E era bem triste imaginar que James não estava ali para ouvir a primeira palavra do filho).

Empurrando o carrinho com toda a superioridade e dignidade que lhe restavam (que não era muita, mas ele não deixaria Remo saber disso), Sirius finalmente adentrou o supermercado. Do seu lado direito, havia lojas de viagem, cafés e banheiros. Do outro, os caixas lotados. Remo caminhava ao lado do carrinho com um papel em mãos enquanto lia o que precisavam comprar naquele começo de mês.

— Certo, então nós precisamos de desinfetante, esse negócio que você escreveu com sua letra legível pra caralho, ovos, uma caixa de leite e...

Sirius observou que antes de chegarem na área das prateleiras, as pessoas paravam diante de uma banca e entregavam suas bolsas, sacolas e mochilas para um funcionário, que por sua vez, guardava os objetos em armários de madeira. Sirius não tinha ideia do que estava acontecendo. Então, era esse o pagamento do supermercado? Você precisava trocar seus objetos por comida? Os ingleses não podiam mais ter suas mochilas e comida ao mesmo tempo, agora eles precisavam optar por ter uma bolsa estilosa ou comida? Sirius pensou em sua inseparável jaqueta preta dentro de sua bolsa e começou a dar meia-volta com o carrinho, o que Harry achou muito divertido, pois ele ergueu os braços e gargalhou.

— Po!

— Sirius, o que raios você está fazendo?

— Eles querem roubar nossas coisas!

— Eles... quem?

Ali! — Apontou Sirius, exaltado. Remo arqueou as sobrancelhas. Um homem passou por eles com um olhar desconfiado. — estão confiscando as bolsas das pessoas.

— Po!

— Eles não estão roubando nossas coisas, Sirius, eles estão guardando bolsas para garantir que ninguém saia com algo escondido sem pagar.

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