Precisei usar o GPS para não me perder. Só lá tinha estado uma vez e fora durante o dia. Logo reconheci a rua estreita e mal iluminada. Um beco sem saída. Sem passeios nem calçadas.
O casario todo velho e feio, desordenado, com pintura descascando. As casas todas cercadas de gradeamentos, como se fossem presídios. Alguns dos muros depredados com pichações feias.
Manobrei com dificuldade meu carro e estacionei do outro lado da rua, em frente à casa azul clara. O carro em posição para sair rápido daquele beco, caso fosse necessário. Estava sozinho. Ainda ponderara trazer alguns seguranças comigo mas acabei preferindo me aventurar sozinho. A presença dos seguranças só suscitaria maior desconfiança e hostilidade.
Aproximei-me do único portão da casa. Um portão de garagem. Fechado a cadeado. Não estava nenhum carro no quintal empedrado. Não estariam em casa? Porra! Teria feito a viagem em vão? Também não havia campainha. Bati palmas para chamar a atenção de quem estivesse dentro de casa. Primeiro nada aconteceu mas insisti, determinado.
- O que quer daqui? – reconheci a mãe de Nanda que surgiu por fim numa janela gradeada.
Percebi medo na sua voz.
- Quero falar com sua filha.
- Não há nada pra falar! - respondeu de cara fechada, para logo se afastar da janela.
- Dona, espera! – gritei – Dona!
Ela retomou na janela.
- Preciso falar com sua filha e com você. Por favor, me deixa entrar. – insisti, tentando ser o mais delicado possível.
- Se não for embora, chamo a polícia! – ameaçou.
- Só quero conversar. Tenho uma proposta pra fazer.
A mulher desapareceu da janela e eu colei-me no gradeamento. Percebi vizinhos com o nariz encostado na janela, na casa do lado.
Merda! Não ia sair dali enquanto não falasse com elas ou enquanto a polícia não chegasse para me expulsar.
Acendi um cigarro e esperei nervoso. Estava pedindo por sarilhos, tinha consciência disso. Se não fosse a polícia, seriam vizinhos ou bandidos. Estar ali sozinho era o mesmo que arrumar sarna para me coçar.
A polícia não apareceu. Bandidos também não. Os vizinhos da casa do lado e da casa em frente de vez em quando assomavam nas janelas, mais curiosos do que vigilantes. Finalmente um carro apareceu na rua, guinando com velocidade, parando mesmo em cima de mim, quase me atropelando. Não me desviei. Não podia demonstrar medo. Os irmãos e o pai de Nanda saíram de dentro do carro. O pai com ar abatido de preocupação. Os irmãos com cara de poucos amigos, me rodeando logo, ameaçadores.
- O que pretende? – o pai se adiantou aos rapazes.
- Falar com todo o mundo aí. – expliquei calmo e grave – Estou sozinho como podem ver. Só quero conversar.
O rapaz mais encorpado e de cabelo máquina zero veio direito a mim, pronto para partir pra porrada. Era bem mais baixo do que eu, então não me preocupei muito. Eu só ia me dar mal caso rolasse um lance de três contra um. Aí já era!
- Tá se arriscando seu filho da puta. – rosnou ameaçador – Ainda sai daqui direto pro hospital ou pro necrotério!
Assenti.
- Assumo o risco. – proferi frio – Agora podemos entrar?
- Cuidado Zé, pode estar armado! – ouvi a mãe gritar nervosa da janela.
Sem ninguém me pedir, ergui os braços para os lados para me revistarem à vontade. O rapaz assim o fez, em silêncio, parecendo mais calmo quando não encontrou nada.
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Já sei meu preço (Volume II) DEGUSTAÇÃO
ChickLitRomance disponível na Amazon / Kindle Unlimited. Livro esteve completo até dia 15 de Dezembro, ficando agora apenas alguns capítulos para degustação. Este livro não tem a overdose de sexo do "Já sei meu preço - Volume I" mas em contrapartida é um v...