Uma deusa

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Sexta a noite, um grupo animado e barulhento se aglomerou no meu portão. consegui ouvir a algazarra de dentro de casa usando fones e ouvindo Link in Park. Putz! O que a Simone vai pensar de mim? Corri para fora tentando calar aquele pessoal. Eram todas as minhas amigas.

_ O que tá rolando aqui?

Garrafas de bebidas nas mãos de todas elas e saindo mais dos porta malas dos carros estacionados em frente a minha casa e a casa da Simone.

_ Nós marcamos, Nara. Não se lembra da nossa festa?

_ Festa? Hoje?

_ Tá louca? Foi você que escolheu o dia. Sai da frente que a gente quer passar.

Foram entrando e se apossando de tudo e eu olhei para a Simone na porta da casa ao lado. Havia saído para ver o que estava acontecendo. A sua resposta foi um aceno negativo de cabeça e entrou para sua casa. Como reverter  isso? Agora o som estava no último em um pagode antigo Que se Chama Amor, do Só pra Contrariar. Eu anida lamentando a reprovação da Simone, entrei para tentar salvar o meu trabalho no computador.

A noite chegou acalourada, as caixas de som bombando, bebida e comida à vontade, muitos doces na mesa. Mulheres são feitas de açúcar. Pensei. Foi quando tive uma ideia maluca. Fiz um pratinho com tudo o que tinha de bom ali e peguei uma garrafa de vinho suave doce, fui tocar a campainha da Simone com meus presentes. Esperei achando que ela não me atenderia, mas se o fizesse seria para falar um monte por causa da barulheira. Dois minutos depois, a loira abriu o portão. 

_ Posso entrar? _ mostrei o que havia trazido.

_ Entra _ me fez ir na frente _ Senta _ indicou o sofá e pôs o que eu trouxe sobre o centro da sala.

Sentei e ela me imitou no sofá a frente _ ´É um pedido de desculpas _ falei das guloseimas.

_ Hum.

_ E vim te convidar.

_ Para que  exatamente?

_ Uma festa entre amigas _ foi estranho ter que indicar isso, não era óbvio?

_ E so isso, mesmo?

_ O que acha que tá rolando lá? _ ri divertida _ Um bacanal com seios de fora e corpos nus frenéticos se esfregando um nos outros?

Sua expressão não mudou e ela permaneceu esperando a resposta. Era isso mesmo o que ela pensou que estivesse rolando lá em casa.

_ É só uma festa entre amigas heterossexuais... algumas são bi, mas você entendeu, né? Vem? Por mim, estou super mal por estar estragando a sua noite de sono.

_ Tá bom _ levou o que eu trouxe para dentro, imagino que para a geladeira que imagino que está na cozinha e voltou, saindo comigo em seguida.

Chamou um pouco de atenção na chegada, mas foi bem recebida pelas meninas mais loucas. Dançou, ficou suada, bebeu, comeu e não sei como ela conseguiu essa proesa, mas ficou ainda mais bonita com o riso frouxo e a falta de pudor. Linda, leve e solta. Não pude evitar a minha cara de total devoção àquela deusa. Acho que ela notou, pois veio até mim, durante a dança e me envolveu com seus braços nos meus ombros. Ainda me perguntava se ela queria dançar comigo, quando a sua boca colou na minha, súbita e inesperada como só uma mulher saber ser. 

Desculpa ser assim, mas eu não perco tempo, apenas aproveito o momento. Retribui e, foi como se todo o mundo ao redor desparecesse durante aquele beijo. O nosso primeiro beijo.

Depois do beijo, foi me puxando pela casa até achar a minha cama e começou a me beijar de novo. Nos fez deitar fácil. Como ela podia ser tão forte? Seria a bebida? Ela era toda macia e sedentária e eu fazia academia e muai thai. Puxou a minha camisa, mas eu resisti. Estava por sobre mim.

_ Espera, Simone. Você não quer fazer isso. É a bebida falando mais alto.

Riu e voltou a me beijar levando minha mãos para os seus seios. Tava difícil resistir a sua lascívia. Girei nossos corpos ficando por cima. Um amasso gostoso não faz mal a ninguém e ela não vai me odiar pela manhã. Foi o amasso mais curto da minha vida. Ela adormeceu na minha cama durante o beijo.

Sábado de manhã, todos ajudaram a arrumar antes de ir. Tinha acabado de passar café e ia voltar para o meu trabalho no PC, quando ouvi sua voz suave quebrar o silêncio.

_ O que aconteceu?

Me aproximei e lhe entreguei o meu caneco de café _ Bebe. Você adormeceu. Foi só isso.

Bebeu um pouco _ Onde você dormiu?

_ Eu não dormi.

_ Nós...?

_ Não, Simone. Fica tranquila, não aconteceu nada.

Havia dúvida no seu olhar.

_ Do que você se lembra? _ continuei.

_ Lembro do gosto de tutt-frut da sua boca.

_ Você me roubou um beijo, mas adormeceu em seguida. Pode confiar, nada aconteceu.

Assentiu _ Confio em você, não confio em mim.

_ Sei _ sorri lembrando dela sobre mim _ Tem comida à beça aí. Toma café comigo? Odeio comer sozinha.

_ Preciso de um banho _ desculpou-se.

Seria muito sugestivo dizer para ela tomar banho aqui _ Fica para a próxima. Você curtiu?

,_ Foi a melhor balada da minha vida, e nem tinha homens.

Fiquei bolada com isso que disse. Será que só lhe interessava homens?

_ No dia em que você me der uma chance vai perceber que tudo fica mais divertido sem homens. 

_ Se eu te der uma chance _ concertou.

Neguei _ Quando você me der uma chance.

_ Quanta autoconfiança! _ desdenhou.

_ Prova para mim que estou errada? _ brinquei _ Ou faz o melhor para nós, fica aqui. Toma banho, e tomamos café da manhã junto. Só vai rolar o que você quiser. Eu prometo.

_ Quer que eu faça parte do seu harém?

_ Se topar, será só você. Se você gostar, se quiser ficar comigo, sou toda sua.

Ela balançou. Vi claramente quando ela pensou na possibilidade, bem diante de mim, olhando nos meus olhos. Meu coração acelerou e eu suspirei para aumentar o ar no sangue. O sorrir foi inevitável. Só que ela percebeu que eu vi e ficou sem jeito, desviou olhar.

_ Uau! _ demonstrei de vez que fiquei feliz.

Ia saindo apressada e corando.

_ Me desculpa. Eu só gostei de saber que você gosta de mim _ olhou para mim por cima do ombro, mas foi embora em seguida.

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