Seu estado de transe prazeroso durou um tempo que eu não fiz questão de contar. Sei que a deixei exausta só com isso, pois toda aquela excitação passou, as mãos pararam de se mover em meus cabelos e os gemidos cessaram, ela adormecia. Parei de chupa-la e tirei o brinquedo com cuidado. No lençol havia uma mancha úmida fruto do seu prazer. Fui até a cozinha pegar papel toalha e coloquei sobre, para retirar a umidade, imaginava se a Simone teria nojo de si mesma, mas o mais provável era que sim, ou talvez vergonha, mulheres são complicadas. Saiu quase tudo, só ficou um pouco úmido. Depois de jogar o papel no lixo, apaguei a luz e deitei ao seu lado de vagar, logo dormi.Quando acordei, ela não estava mais. Comecei o meu dia como sempre, trabalhando. Tomava café horas depois, quando recebi uma visita. Era a amiga com quem eu falava no zap outro dia, a dona da ideia em pessoa. Fazia tempo que não nos víamos por isso o encontro no portão foi acalorado. Enquanto tomávamos café da manhã juntas, a Cida que era diarista veio fazer a faxina e também tomava café conosco. Mayara se divertia com a Cida e o seu jeito original de falar, muitas risadas descontraiam o ambiente. Foi neste clima que a Simone chegou, nada demais, só amigas conversando.
_ Está é a minha namorada. Simone! Veio tomar café com a gente, amor? _ convidei e fui servi-la.
A conversa continuava animada na mesa, nós duas pegávamos café e outras coisas na mesa de serviço.
_ O que está acontecendo?
_ Nada. Só uma velha amiga e a empregada. Por que?
_ Você disse que seria apenas eu.
_ Mas é apenas você.
Ficou um silêncio, ela me cobrava com o olhar por algo que eu não devia.
Continuei _ Aonde você foi?
_ Estava adiantando o meu trabalho.
Isso queria dizer que ela interrompeu so para tentar me pegar em flagra em uma traição que não tava rolando. Não sei porquê a gente cai nessa de que ser vítima de ciúmes é algo fofo e bom. Sei que dá uma sensação boa se sentir desejado a ponto da pessoa perder as estribeiras, mas pára. Isso não é bom. A pessoa está te dizendo com os seus ciúmes que você perdeu a sua unidade, individualidade, o direito de ser. Você virou um escravo dela.
_ Eu confio em você, Simone. Eu sei que voce gosta de mim, e que eu sou a sua escolha em meio a quase oito bilhões de pessoas no mundo. E você, confia em mim?
O seu olhar ficou no meu por um tempo _ Me desculpa?
Beijei os seus lábios e a sua testa em seguida durante um abraço terno. Tomamos café em seguida e ela gostou da Mayara. Trocaram contatos e cartões de visitas, afinal de contas uma mão lava a outra. A Mayara passou o dia todo e a Cida também, mas a Siomone tinha que trabalhar. Por isso teve que confiar em mim durante todo o dia.
Mais tarde, quando voltei a ficar sozinha, notei a loira varrendo o seu quintal.
_ Como você descobriu que gostava de mulher?
A pergunta veio a queima roupa naquela mesma noite, quando ficamos juntas de novo. Estávamos tomando banho de banheira.
_ Bem, eu sempre gostei de meninos que pareciam meninas quando era novinha.
_ E...?
_ Você quer mesmo que eu conte a història toda?
_ Já que tem uma história, eu quero sim.
_ Eu gostava de um rapaz com poucos pêlos, lindo de morrer. Saí com ele e descobri que ele só queria me comer, enquanto eu pensava que era a mais nova Cinderela.
_ E aí?
_ Comecei a sentir um ódio velado por homens.
_ E como superou isso?
_ Não superei, eles merecem mesmo isso. Nada contra eles como pessoas, mas não vão entrar na minha calcinha e bagunçar a minha vida com suas crises de testosterona.
_ Se você odeia homens, como foi que se casou?
_ Isso é outra história.
_ Conta?
_ Não me casei com um homem, me casei com Apolo, o deus grego da beleza.
_ É o que?
Sorri para descontrair _ Mais ou menos na mesma época da minha decepção com os machos, entrei num convento para as noivas de Apolo. Parecia com um internato, pois era uma escola.
_ Um convento religioso? Você foi uma freira?
_ Bem longe disso. Só tinha mulheres neste lugar, nenhum padre, homens não entravam nunca. Ensinavam de tudo neste lugar desde etiqueta, matérias convencionais, Aikido, até canto, teatro, dança. Amei cada segundo em que morei lá. Foi onde descobri minha sexualidade. As garotas maiores de dezoito tinham aula de magia tântrica. Como erámos virgens, e destinadas a isso para sempre, tudo o que podíamos fazer era sonhar e imaginar que faziamos sexo com o nosso homem ideal enquanto nos marturbávamos.
_ Você tá me zoando, né?
_ Pior que não.
_ Se gostava tanto de lá, por que saiu?
_ Fui expulsa por fazer sexo com outra interna. Ela pôde ficar, como recompensa por ter confessado.
_ Que puta!
_ Ela só estava confusa, erámos jovens.
_ Com quantos anos você foi expulsa?
_ Dezoito e tinha doze quando entrei.
_ Ficou casada por seis anos _ brincou _ Desculpa te deixar na mão ontem _ mudou de assunto.
Estava falando de ter dormido sem me dar prazer também.
_ Estou bem. Obrigada por se preocupar, mas não precisa se desculpar. Amei cada segundo, adoro te ver. E você, está bem?
_ Não, eu quero de novo.
_ É sério que eu sou tão boa assim? _ brinquei.
Afirmou acenado a cabeça tímida.
_ Eu tô brincando. Quero você a cada segundo que estamos juntas, e até quando não estamos. Você é deliciosa. Mas e você, como foi o seu casamento?
_ Rápido, durou três meses. Namorei dois anos para isso.
_ Ele deve ser muito babaca.
_ Ele é. Conheceu ele?
_ Claro. Mesmo perfil, nomes diferentes, mas todos iguais.
_ Odeia mesmo eles?
_ Não, na verdade, não. Apenas as atitudes deles que decepcionam _ falei sério.
_ Você inventou o lance das noivas de Apolo, não foi?
_ Ocultei algumas partes, mas o internato existe mesmo. Pode pesquisar se quiser.
O que eu não disse para a Simone é que fugi de casa naquela época e que consegui asilo neste lugar porque uma das monitoras chefe me apadrinhou, me inserindo no sistema com um nome falso. O nome dela era Glenda, não era brasileira, veio da Suécia. Graças a sua mentira, ganhei documentos com meu novo nome, alegando haver perdido tudo e aos meus pais também. Uso esses documentos até hoje, e o nome Nara. Sou emancipada desde os dezeseis ou dezoito, como está no documento. Por que estou fugindo? É uma longa história.
Meu olhar pousa sobre os seios expostos na parca espuma da água deslizo ambas as mãos e massageio como se ensaboando de vagar com os dedos formando círculos. O olhar da loira vem para mim e nos beijamos. É tudo tão simples assim, só nós duas. Eu tenho uma garota que me quer e estamos felizes. Mas no mundo que eu deixei para trás nada nunca foi ou será simples e eu não tenho escolha.
Sinto o seu beliscar nos bicos dos meus seios e ela está de frente para mim agora.
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Deliciosa
Romance_ Fui casada, mas já passou. Tinha uma sutil raiva no tom. Resolvi brincar com ela, um pouco. _ Por que casou? _ Achei que seria feliz. _ Com um homem! _ a surpresa no meu tom foi mais que original. _ É, ué. Eu sou mulher, então casei com um homem...