Maldito Show

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Kate

O show estava no auge. As luzes piscavam intensamente, o som da guitarra ecoava pelos alto-falantes, e a multidão estava completamente tomada pela energia de Logan. Ele se movia com confiança, sabendo exatamente como cativar a plateia. Cada acorde parecia feito sob medida para elas, suas fãs. Eu estava no fundo do palco, minha atenção voltada para cada movimento, cada canto, cada sombra que se aproximava.

Eu sentia a tensão no ar. A mulher estava por ali. Eu podia senti-la, sabia que a qualquer momento ela poderia aparecer. Tudo o que eu precisava fazer era garantir que Logan chegasse ileso ao final do show. Mas quanto mais ele se aproximava do final da performance, mais meu nervosismo aumentava.

Foi então que, no último verso da música, algo peculiar aconteceu.

Ele fez uma pausa. As luzes do palco se suavizaram um pouco, e o silêncio se instaurou por um segundo, como se todos estivessem esperando por algo. O olhar de Logan se fixou em mim, e, sem dizer uma palavra, ele começou a cantar a próxima música. A letra não era como as outras. Não era sobre a fama, nem sobre os fãs. Era sobre nós. Sobre nós dois. Ele sabia o que estava fazendo.

Cada palavra que ele cantava parecia me atravessar, como uma flecha certeira no coração. Ele estava cantando uma das músicas que havia feito para mim, aquela que nunca havia sido lançada, uma canção que só eu e ele conhecíamos. A letra, recheada de arrependimento, saudade e desejo, fazia o peso do passado voltar a me incomodar.

Ele olhou direto nos meus olhos, sem nenhuma vergonha, com aquela confiança de quem sabia o efeito que causava. As palavras caíam da boca dele como se ele estivesse me pedindo para voltar, sem pedir explicitamente.

Enquanto isso, eu não podia baixar a guarda. Eu tinha uma missão e não podia me deixar levar pelaqueles sentimentos que, por mais que eu tentasse esconder, ainda estavam lá.

Então, quase no fim da música, a ameaça se materializou.

Uma silhueta apareceu na lateral do palco, caminhando furtivamente em direção à área onde Logan estava. Eu senti o frio na espinha e a adrenalina subir instantaneamente. Sabia o que aquilo significava. Eu já estava a caminho, me movendo rápido, mas Logan, como se tivesse sentido a mudança na energia, deu um passo em direção à mulher.

Era a maluca.

Ela estava de olhos fixos em Logan, com a mão levantada, escondendo algo que parecia uma faca. O meu coração disparou, e a sensação de perigo foi instantânea. Logan estava a apenas dois metros de distância dela. Ele estava vulnerável. E eu não ia deixar aquilo acontecer.

Corri até ele, me jogando entre a mulher e Logan, usando meu corpo como escudo. Ela hesitou por um instante, surpresa com minha reação, mas logo tentou avançar. Com um movimento rápido, eu a desarmei, segurando seu braço com firmeza. A luta foi curta, mas intensa, até que os seguranças conseguiram controlá-la e a arrastaram para fora.

Quando tudo finalmente se acalmou, Logan me olhou com um sorriso torto, e a plateia foi tomada por aplausos, sem entender direito o que acontecera.

Mas o que mais me chocou foi o que ele fez em seguida.

Ele pegou o microfone, com a expressão suave, quase melancólica.

— Esta noite é dedicada a alguém muito especial para mim. Alguém que sempre esteve aqui, mesmo quando eu não merecia... — ele disse, a voz rouca, cheia de emoção. A multidão gritou, mas eu sabia que a mensagem não era para todos. Era para mim. — Eu não sei se você ainda me escuta, mas eu queria que soubesse que... sem você, eu não seria nada disso.

Ele deu um sorriso quase imperceptível e continuou cantando uma das músicas mais íntimas, a que ele escrevera para mim no passado, quando a gente ainda compartilhava sonhos e promessas. O olhar dele permaneceu em mim, e eu não consegui desviar o olhar. O que eu queria dizer, o que eu queria fazer, ficou preso na garganta.

Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora