(DEGUSTAÇÃO) Cap. 1 - Educacão de elite

878 20 8
                                    

À venda na livraria Cultura: http://www.livrariacultura.com.br/p/o-ultimo-homem-do-mundo-27016438


À venda no Submarino: http://www.submarino.com.br/produto/122282157/livro-o-ultimo-homem-do-mundo?opn=AFLNOVOSUB&utm_source=lomadee&epar=lomadee&loja=03


Add no skoob e veja mais de 100 resenhas de quem leu: http://www.skoob.com.br/livro/361104-o-ultimo-homem-do-mundo


——————————————————————————————————————————————————————————-

Eu estava tão irritada, que mal podia me controlar. Sentia-me febril com a fúria que queimava dentro de mim. Queria gritar, chorar e fugir para bem longe dali. Mordia os lábios e movia as pernas compulsivamente.  Tentava me fazer de surda com fones de ouvido e um Rock no volume máximo, mas eu via seus lábios mexendo, e ela parecia não notar o esforço que eu fazia para torná-la invisível.

            Ela havia decidido cada detalhe da minha vida, e eu não conseguia suportar mais isso. Se ela ao menos se importasse comigo. Mas não. Ela não dava a mínima para o que eu pensava ou se era feliz. Tudo girava ao redor dela, de sua carreira e de sua fama. Fazia muito tempo que era assim. E eu era apenas um acessório, ora conveniente, ora não, e, quem sabe, eu não fosse mais do que um estorvo em sua vida.

            Minha mãe era muito jovem quando nasci, mas eu não conseguia perdoá-la por não ter sido a mãe que eu precisava. E eu havia precisado dela tantas vezes, mas ela nunca tinha tempo para mim. E a dor foi tão grande, que me tornou mais forte. Forte demais. E rebelde. E, talvez, agressiva demais.  

            Da menina boa e solitária eu comecei a mudar. Tornei-me explosiva e temperamental, sendo expulsa de três colégios nos últimos três anos. Minha mãe era milionária, e eu não entendia o porquê de seguir um rumo cujo fim era onde ela já estava.      

"Quando você morrer, o dinheiro fica comigo, não é!? Por que você não me deixa em paz?!", gritei em nossa última discussão. Ela quase chorou e as expressões de choque e sofrimento me fizeram perceber quão ruim era o que eu havia dito. É claro que eu não queria que ela morresse, mas eu estaria mentindo se negasse que, quase toda a minha vida, eu tinha me sentido uma órfã.

O celular dela tocou. Como sempre.  Ela parou de olhar para mim, e eu pude deixar deslizar uma pequena lágrima despercebidamente. Mais um colégio, dessa vez, pior que os outros. Eu permaneceria lá durante toda a semana. A solução perfeita para ela se livrar, de uma vez por todas, de mim.

A Limusine parou. Nós havíamos chegado. Finquei minhas unhas pretas no banco de couro, tentada a não sair do carro. Ela percebeu o que eu maquinava e tratou de desligar o celular, voltando-se a mim. Falou algumas palavras e, percebendo os fones em meus ouvidos, retirou-os, aborrecida.

− Eu não quero ouvir nada do que você tem a dizer – avisei.

− Amanda, por que você tem que tornar tudo tão difícil? – perguntou. Suas feições de vítima não me amoleceram. – Olha o que você fez com o seu cabelo. Olha essas roupas e essa maquiagem. Onde está a minha filhinha?

− Será que você não entende?! – exasperei-me. – Se você quer ficar sozinha, é só me deixar ir embora! Eu não quero ficar nesse colégio!

− Não é nada disso! – ela perdia a paciência. Eu tinha esse efeito nas pessoas. − Eu quero que você tenha uma boa educação e que se torne uma mulher de respeito.

O último homem do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora