Um relato de John Holden (conto)

Um relato de John Holden

Por: Guilherme Ferras

Meu nome é John Holden Phillips. Eu era o esquisitão como me intitulavam meus colegas. Tinha 17 anos, era alto com cabelos negros e um tanto desengonçado, sempre fui um garoto introvertido e de poucos amigos.

Como se já não bastasse sofrer bullying na escola, quando eu estava em casa apanhava de minha mãe por motivos toscos, ela abusava do uso do álcool e as vezes até das drogas, estava sempre alterada. Nunca conheci meu pai, ela disse que ele foi embora quando eu nasci.

Não acreditei nesta história que minha mãe contava. Então resolvi saber mais sobre a vida dele, sempre tive vontade de conhece-lo, saber quem verdadeiramente era meu pai.
Comecei a fazer pesquisas na internet com o nome dele, quando surpreendentemente encontro uma foto de um homem com um tanto parecido comigo, na capa de um jornal que dizia o seguinte: "Homem é internado após tentativa de homicídio a mulher e filho pequeno de 1 mês, mulher diz que seu marido tem surtos psicóticos".

Fiquei abismado por saber que meu próprio pai tentou matar a mim e minha mãe, por isto minha mãe mente para mim, para não ir atrás dele, porque ele é um completo psicopata.

Não me contive, fui à procura de meu pai, e até mesmo de respostas. Visitei ele no hospital psiquiátrico onde ele estava internado, aquele lugar transmitia o horror que aquelas pessoas passavam. Me dirigi até uma mulher e perguntei sobre ele. Ela me levou até o quarto onde ele se encontrava, parecia uma cena de terror, o quarto possuía marcas de sangue pelas paredes, o lugar estava escuro e muito sujo. Lentamente ele foi saindo da sombra e aproximando-se do vidro.

Ele estava agressivo, batia com força no vidro temperado. Com medo deixei aquela espelunca. Eu estava tão fragilizado com o que vi, que logo que cheguei em casa deitei-me.

À noite ouvi a porta dos fundos da casa abrir-se lentamente, entrei em choque na hora, fiquei imóvel em minha cama. Ouvi um grito de minha mãe, não tive coragem de sair do quarto.

Depois de algumas horas resolvi sair, um silêncio aterrorizante dentro daquela casa. Dei mais alguns passos em direção à sala, quando me deparei com a terrível cena de minha mãe com uma faca no pescoço, o chão cheio de sangue.

Entrei em desespero e comecei a gritar. Senti uma mão tapar minha boca, olho para trás e vejo aquele olhar macabro dele, sorrindo com um machado na mão, ele me joga no chão e me deixa de joelhos.

- Você vai pagar pelo que sua mãe fez comigo.

- Como você fugiu daquele lugar?

Ele se manteve em silêncio e levantou o machado em direção à minha cabeça. Fez o mesmo movimento de um lenhador.

Acordei-me ofegante e muito suado, corri até à sala, estava tudo normal. Achei que estava ficando louco, mas era só um pesadelo horrível. Eu não tinha feito nada do que tinha sonhado, não conheci meu pai e ele não matou minha mãe e eu, foi a droga de um sonho de terror.

No dia seguinte, eu estava vivenciando o verdadeiro pesadelo, o bullying, o abuso de minha mãe dependente química e a droga do mundo onde vivo, ou em outras palavras, sobrevivo.