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As estrelas estavam brilhando, o céu estava lindo.
Os pássaros estavam cantando a medida que o sol aparecia no horizonte, as estrelas desapareciam e o céu ficava alaranjado. Meu nariz estava pressionado pelo travesseiro, meu estavam olhos fechados e minha mente reproduzia um som de sino repetidamente. Era traumatizante.
Pi! Pi! Pi!
O alarme bate as seis horas em ponto. E assim se fez. O inesperado som me fez levantar a cabeça assustado. Os olhos semi-cerrados olharam para o despertado, e meu palmar esquerdo deu um tapa no botão atrás do item que o fez desligar.
Meu quarto era simples, uma cama de solteiro, um criado-mudo ao lado da minha cama, que encima dele havia um despertador, um MP3 junto a um fone de ouvido e um lápis e caneta e ao lado oposto da parede, um guarda-roupa preto cheios de roupa da mesma cor.
Coff coff, uma tosse, dedos passam pelos olhos fechados e após isso eu me levanto, me dispo e vou até o guarda roupa, aonde escolho minhas roupas; Acabei por escolher uma camiseta preta com a estampa dos "Rolling Stones", uma calça da mesma cor, ligeiramente rasgada no joelho esquerdo com alguns rasgos do outro lado e finalmente, uma meia grande branca que chegava até a batata da perna, porém ele ficava dobrado e um All-Star de cano longo encardido. Vestido, eu peguei minha bolsa, que era azul-bebê e de ombro, junto de meu MP3, no qual já coloquei no ouvido. Apanhei meu skate que havia ganhado em 2007, que estava guardado em meu guarda-roupa, corri até o banheiro, e dei uma "mexida" no cabelo, logo após fui até a cozinha e bebi um copo de café e bati a porta.
- Até mais, Edu! - Gritava minha mãe ao bater da porta, ela sabe que eu prefiro ser chamado pelo meu nome - Edward - ao meu apelido, Edu.
As rodas do skate arrastando no asfalto, o som vazando de meus fones e minha roupa cedendo ao vento.
A mesma história se repetiria, e eu já estava cansado disso.
Ter que ouvir, ler e escrever as mesmas besteiras que eram constantemente e ininterruptamente talagareladas por alguma pessoa que estava em pé e com um pedaço de giz e um apagador na mão me deixavam desanimado. A chuva começa a cair aos poucos. As rodas do skate continuavam a deslizar no asfalto agora molhado e o shape do mesmo começara a ranger, fazendo um barulho quase que insuportável, me obrigou a descer do skate e carrega-lo em minhas mãos. O bater da chuva nos telhados de telhas faziam um som calmante, que me traziam um sentimento de paz e calmaria. Além de me fazer ficar pensativo. À medida que eu podia ver a neblina recente causada pela chuva se despedaçar e enxergar o prédio aonde eu receberia mais um ano de aulas, minha barriga começava a gelar. Era uma tortura, eu gostaria de nunca mais voltar a aquele lugar.
Começo a ouvir vozes ao meu redor, de todos os lados. Os assuntos incluíam a volta das aulas e a felicidade que eles estavam em finalmente ver os amigos novamente e blá-blá-blá. Eu não tinha amigos, e isso poderia ser um dos motivos de que eu não gostava da escola. Sempre me senti excluído nesse ambiente, sem amizades, sem par romântico, sem participar dos esportes. Eu era - e logo mais, seria, mas de uma outra turma - "o estranho" que sentava na última carteira, afogava-se nos livros e segurava o choro. O tipo do "emo" depressivo da década de 2000.
Enfim... A porta de entrada do colégio estava a minha frente. Eu estava com um enorme receio de entrar, portanto fiquei parado em sua frente.
Já se sentiu com azar alguma vez na vida?
Sim, fui empurrado para dentro. Quase que pisoteado.
Tá tudo bem, menti para mim mesmo.
Você consegue suportar mais um ano letivo sem surtar, menti novamente.
Andei até meu armário, no número 235, abri-o colocando a senha de que parecia um tipo de roleta - minha senha era 2-0-6-0 - e guardei meu skate nele, apanhei meus livros e um pequeno papel deslizara deles e caira no chão lentamente. Consegui notar a queda, mas não me orgulho de ter visto o que tem no papel, - era o horário escolar desse ano - era melhor rir pra não chorar.
QUE PÉSSIMO! SÃO AS PIORES AULAS QUE ALGUÉM PODERIA PEDIR!
Eu ia começar todo o dia de segunda com a aula do Sr. Abner, de física. O professor era um saco, o pior professor da matéria. Ninguém entendia nada que ele falava nem se estivesse estudado além da matéria.
Joguei o horário e os livros em minha bolsa de ombro, que começou a pesar, e parti em direção à sala vinte e três, aonde todas as aulas de física se passavam em outros horários. Fora de mim, preocupado com milhares de coisas, acabei por tropeçar em um rapaz que estava carregando os livros em minha frente.
Soltei um xingamento bem baixinho, para que apenas eu pudesse ouvir, e logo me agachei para ajuda-lo a recolher seus livros. Consegui pegar dois livros para entregar a ele, e restava um no chão, ao que minha mão foi de automático, e assim se encontrou com a mão do garoto... Tudo desapareceu da minha mente, tudo ao meu redor evaporou. Levantei o rosto, e ele estava olhando para mim. Seus olhos castanhos brilhavam ao encontrar com os meus, sua aparência era majestosa, ele possuía uma pele pálida isso combinava muito com o rosto dele. Seus cabelos eram extremamente grandes e castanhos. Ele era diferente de tudo que já vi. Ele era lindo, céus!
Senti meu rosto esquentar, TUDO ESTAVA QUENTE! AQUELE GAROTO ME DEIXOU QUENTE!
Ele retirou a mão da minha, eu me dei por vivo novamente e peguei o livro, entreguei a ele os três livros que eu havia pegado e tudo voltou ao normal... Puxa vida, o que tinha acabado de me acontecer?, perguntei a mim mesmo.
Nesse exato momento, o sinal toca. Eu já devia estar na aula. O Sr. Abner vai me matar.

Aquele garoto...Onde histórias criam vida. Descubra agora